Por trás da Parada Gay

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

por Hosana Souza e Jefferson Loyola

Neste último domingo, 29, milhares de pessoas fizeram uma grande festa na Via Light durante a 8º Parada do Orgulho LGBT. Por trás do evento, está o combativo grupo 28 de Junho, um dos maiores grupos de militância contra a homofobia de Nova Iguaçu.

O grupo, que está completando 16 anos de luta pela cidadania LGBT, foi batizado dessa forma para homenagear o dia mundial da dignidade homossexual. “Somos uma organização não governamental apartidária. Não temos fins lucrativos e buscamos a união e a valorização da comunidade LGBT”, explica Geovani Barbosa de Lima, presidente do Grupo 28 de Junho. “Atuamos na promoção dos direitos humanos e na prevenção ao DST/AIDS”, completa.

 
A entidade, que foi declarada como Utilidade Pública Municipal em 1995, trabalha efetivamente pelas mudanças de visão no cenário brasileiro. Em 1997, participou do debate organizado pela FIRJAN que discutia com a Organização Internacional do Trabalho a resolução 111, que trata da não discriminação no mercado de trabalho. “Foram grandes os avanços com nosso trabalho. Por exemplo, em 1999, em parceria com outros grupos de defesa homossexual e com o Drº Luis Eduardo Soares, criamos o 1º DDH (Disque Defesa Homossexual) do Brasil, aqui no Rio de Janeiro”, conta o atual presidente do grupo.

Em 2000 e 2002, o grupo 28 de Junho ajudou a Polícia Federal a prender membros neonazistas da torcida do Flamengo, denominados como “Associação Nazista da Baixada”, que desejavam disseminar as praticas de horror vividas na II Guerra Mundial, como a perseguição aos homossexuais.

Ganham o apoio da mídia e participam, também, do Linha Direta – programa da TV Globo – onde denunciam o grupo de extermínio “Acorda Coração!”, especializado em matar homossexuais e pais-de-santo. “O líder do grupo Marcos da Silva foi preso graças às denúncias enviadas pelo Grupo 28 de Junho para o DDH da Secretaria de
Segurança Pública”, orgulha-se Geovane Barbosa.

O grupo organiza a primeira parada gay iguaçuana, que já em sua primeira edição conta com um público de quase cinco mil pessoas, em 2004. O Grupo 28 de Junho volta a assumir a organização do evento em 2007, na 4º Parada LGBT, cujo tema foi “Contra o racismo, o machismo e a homofobia”. Em parceria com a AGANI - Associação de Gays e Amigos de Nova Iguaçu -, a Prefeitura Municipal e a Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu, atinge o público de 60 mil pessoas e ganha reportagem especial na revista G Magazine.

“Sempre apoiamos a luta dos outros movimentos sociais por entender que a
luta contra a homofobia passa por outras questões sociais: o machismo, o racismo e muitas outras vulnerabilidades sociais”, conta o ativista Geovane. “Idealizamos o projeto Saúde no cárcere, que em parceria com a secretaria Municipal de Saúde leva saúde para dentro da cadeia local com consultas médicas, distribuição de medicamentos, verificação de pressão arterial, verificação de glicemia, prevenção as DSTS/AIDS e com a distribuição de preservativos para um público-alvo de 370 presidiários”, completa.

Desde 2009 o grupo trabalha, com outros sete municípios, com o objetivo de montar o Centro de Referência LGBT em Nova Iguaçu, para tratar dos casos das
vítimas de homofobia, tão comuns nesta região. “Há a discriminação em todos os aspectos e até um elevado número de óbitos por homofobia. A inauguração do centro está prevista para outubro deste ano”, torce o presidente.

O grupo também desenvolve reuniões semanais com a comunidade LGBT sempre com um tema de interesse da comunidade. Às sextas-feiras, às 19 horas, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, Rua Getúlio Vargas, nº 51.

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