Uma nova depressão

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

por Dandara Guerra

A depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, em todas as fases da vida. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra de depressão e que cerca de 10% a 25% das pessoas possam apresentar um episódio depressivo em algum momento de sua vida.

Entre aqueles que já sofreram um episódio depressivo, há maior probabilidade de terem mais outros episódios depressivos ao longo de suas vidas, embora esta probabilidade varie muito de pessoa para pessoa.


Observou-se nas duas últimas décadas um aumento expressivo do número de casos de depressão na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que deparam diariamente.

A depressão pode destruir a essência da personalidade do adolescente, causando tristeza, desespero e incompreensão. Mas o que leva um jovem a sentir esses sintomas e como indentificá-lo? Estudiosos apontam uma série de conflitos existenciais típicos desta fase, que vão da ausência dos pais à dificuldade de aceitação da aparência física. A baixa da autoestima pode evoluir para a perda de energia ou interesse, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais e sentimento de pesar ou fracasso.

Com 17 anos, Janaina apresenta vários desses sintomas desde que um homem de bicicleta tentou estuprá-la. “Aquele depravado me mostrou a genitália e desde então passei a ter repugnância pelo sexo masculino", conta ela, vítima de inúmeras situações de preconceito por causa da opção sexual que fez ainda na infância. "As outras crianças me censuravam", lembra ela, cujo processo depressivo só fez se agravar depois de uma decepção amorosa. “A minha vida inteira me ferrei, quando pensei que realmente seria feliz com a pessoa amada vem alguém e estraga tudo”. Seu rendimento escolar caiu e para amortecer um desejo suicida passou a abusar da bebida.

Transtornos de comportamento ainda mais graves abalaram a vida de Érico, um garoto sensível que viu sua melhor amiga morrer em seus ombros, vítima de uma bala perdida no Riachuelo, no Rio de Janeiro, em 2000. Na época com apenas seis anos, ele iniciou um período de reclusão que ainda hoje resume sua vida ao quarto, onde passa horas no computador, ouvindo músicas melancólicas, relembrando o assassinato dela. “O homem é a única espécie que destrói a si próprio”, lamenta.

O jovem acha que havia uma semente de depressão antes mesmo daquele episódio da violência carioca. “Nunca tive muitos amigos, admito que sempre fiquei bastante sozinho", conta esse nerd, viciado em jogos on-line. Uma prova inequívoca do quadro depressivo foi a recente tentativa de suicídio com uma dose de cianeto, a mesma droga usada por Eva Braun, esposa de Aldof Hitler, para se matar antes de ser pega pelos soldados aliados. "Minha sorte é que o cianeto estava com o prazo de validade vencido e só tive náuseas e vômitos."

1 Comentários:

Juliana Portella disse...

ótimo texto Dandara, Seja Bem vinda!
=*.*=

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