Meu primeiro filme

sábado, 22 de janeiro de 2011

por Josy Antunes

Cristiane Brás, diretora da ELC - Imagem extraída de http://apalpe.wordpress.com/
O 2º dia de programações do Apalpe - A Palavra da Periferia - teve cara de evento da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu. Entre os pontos em comum estão: 1 - Pessoas assíduas por novas experimentações. 2- Tantas pessoas assíduas por novas experimentações que ultrapassam o limite físico do local disponível para o evento. 3- Tantas pessoas tão assíduas por novas experimentações, que não sabe-se mais indicar com precisão quem é público observador e quem é público realizador, ou ainda, se há um limite entre um e outro. Além de tudo isso, a ELC estava representada ontem, 21 de janeiro, na Cia dos Atores, na Lapa. É que os alunos das turmas de roteiro e animação tinham a missão não só de representar a cidade, mas de defender suas criações diante de uma banca formada pelo cineasta Luis Carlos Nascimento e pelos críticos de cinema Carlos Alberto Mattos e Ivana Bentes.

Juliane Mello - Imagem extraída de http://apalpe.wordpress.com/
Ao todo, 8 curtas seriam projetados, cada um com duração média de 2 minutos. Marcus Vinícius Faustini, autor do livro "Guia Afetivo da Periferia" - usado como dispositivo na criação dos filmes -, apresentou a sessão, convocando animadores e roteiristas a defender conceitos diante da banca e do público. "Eu mapa", a primeira animação exibida, foi representada por Juliane Mello, 17 anos, que pela primeira vez assinava seu nome como roteirista de um filme. "Entrei na Escola Livre de Cinema sem noção do que fazer", principia ela, que saiu vitoriosa do processo de seleção que envolveu centenas de candidatos. "E a gente não tinha noção do que animação podia envolver: Fotografia, massinha, desenho, recorte e colagem", explica a estudante, atribuindo à dúvida a sua escolha pelo curso de roteiro. A animação de sua história, produzida por Allan Reis, incluia fragmentos e signos icônicos de uma popular "linguagem virtual". Com o fim do curso na ELC, que culminava na apresentação dos filmes no Apalpe, Juliane pretende absorver outras linguagens que contribuam na sua expressão, a partir do pontapé inicial da escola dos muros vermelhos. "Quero fazer teatro esse ano. Quero muito continuar na Escola Livre de Cinema e quero fazer Jornalismo Cultural", declara a jovem roteirista, que conclúi em 2011 o Ensino Médio.

No meio do público apertado que se abanava com as cédulas de voto do jurí popular, era possível ouvir bem baixinho, durante a defesa de Yasmin Thayná, roteirista do vídeo-arte "Guia da Periferia Afetiva", a poeta iguaçuana Ivone Landin dizendo e suspirando: "Tinha que ser minha aluna...". A professora de Yasmin, assim como cada pessoa presente, tinha um importante poder em mãos: O de conceder R$250 a uma dupla vencedora. "O prêmio é um incentivo. Pra que vocês possam comprar uma fita, ou, quem sabe, uma tinta nova pra pintar o corpo", brincou o cineasta Marcus Vinícius Faustini, idealizador do Apalpe, juntamente com a pesquisadora e escritora Heloísa Buarque de Hollanda.

O curta "Meu primeiro beijo", roteirizado por Marina Moraes e animado por Andreia Marcelino, produziu um dos momentos mais bem-humorados da sessão. A animação faz uso de um boneco Ken como "ator base". "Eu me inspirei num vídeo de 20 segundos da minha filha", relata Andreia, 31 anos, sobre o vídeo em que Ken e Barbie se encontram e se beijam, produzido por sua filha de 11 anos. A referência ao universo infantil ocorreu após testes com desenhos e fotografias. "Fiz experiências com os três", explica ela, que mostrou cada uma das tentativas ao professor de animação, o fotógrafo Clayton Leite, que optou pela terceira. Além do boneco, Andreia Marcelino juntou elementos do cinema mudo: Granulações nas imagens e cartelas. "E fiz 15 a 20 cenários em desenho", lembra Andreia, que ministra aulas de histórias em quadrinhos numa escola estadual em Belford Roxo. A partir da experiência com animação, Andréia conta que, sempre que possível, leva câmeras digitais e insere audiovisual na aprendizagem de seus alunos.

Entre as apresentações, a timidez de "primeira viagem" fazia com que roteiristas e animadores intercalassem na defesa de seus projetos. Cada filme possuía um membro mais corajoso que se aventurava a se posicionar diante do grande público. "Eu estava nervosa, preferi não falar", confessa Fabíola Loureiro, 19 anos, moradora de Nova Iguaçu, que foi representada por Cezar Carvalho, animador do filme "Pôr do Sol". "Eram 25 de roteiro e 25 de animação, mas algumas pessoas foram desistindo. Todo mundo merece estar aqui", pontuou a estudante de Teologia, tendo sua fala reforçada pela animadora Andreia Marcelino: "Desanima ver o trabalho que dá pra fazer 10 segundos de animação".

Fabíola, que optou pelo curso de roteiro, citou as três etapas vencidas para deixar de ser candidata e se tornar aluna: "Primeiro é a inscrição, depois um roteiro do candidato é avaliado, e por último a entrevista. E eu não achei que ia passar". A roteirista optou pelo uso de um ator e elementos típicos de um pôr do sol na periferia. "Eu tinha muito preconceito com animação, mas depois eu ví o trabalho que dá", admite a moradora de Nova Iguaçu, que afirma com convicção: "Eu penso em investir cada vez mais na área do cinema".

O vídeo que melhor representar o "Guia Afetivo da Periferia" será divulgado na internet como um teaser do livro. O resultado da votação do jurí popular e a escolha da banca avaliadora serão revelados hoje, na primeira edição do programa Apalpe, que será transmitido hoje(22/01), às 19 horas, através do seguinte link: http://www.ustream.tv/channel/apalpe—a-palavra-da-periferia
Alunos da ELC - Imagem extraída de http://apalpe.wordpress.com/
"Meu Primeiro Beijo" – Roteiro de Marina Moraes e animação de Andrea Marcelino.



2 Comentários:

Anônimo disse...

Ficou muito fofo, rsrsrsrs

Andreia marcelino disse...

Obriga pelo carinho bjs

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