O mesmo ensino

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

por Juliana Portella e Michele Ribeiro


O ingresso na universidade é o grande sonho de muitos jovens. No universo classe C nem sempre foi tão fácil ser aprovado e manter-se no ensino superior. Faculdade pública era algo inalcançável. Coisa para rico. A maior preocupação dos secundaristas era arrumar um emprego para custear a mensalidade de uma faculdade privada e suas despesas. Em dez anos muita coisa mudou. A inclusão social chegou com o ingresso à universidade. A oferta de vagas aumentou, nasceu o PROUNI, o ENEM e a grande novidade do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, o FIES, que permite que o estudante curse a universidade privada e só pague a mensalidade quando estiver formado.


“O que era um sonho virou realidade. Nos dias de hoje, com todas essas facilidades, difícil mesmo é encontrar estudante que pague mensalidade”, afirma Natália Vieira da Silva, moradora do bairro de Cabuçu, que fez seu ensino médio todo na rede pública de ensino e conseguiu bolsa integral para Universidade Castelo Branco, onde escolheu estudar Educação Física. “Percebo que realmente os tempos estão mudando, da minha turma da escola muitos amigos também foram aprovados. Estudarão de graça. Isso é a garantia de que teremos toda uma profissão. E mais que isso, a profissão que escolhemos“, afirma Natália.

Para muitos não basta somente ser universitário. O sonho é alcançar uma vaga na universidade pública. Poema Eurístenes, 19 anos, moradora no bairro de Caioaba, tinha o sonho de estudar em uma universidade pública e este ano o realizou. Foi aprovada para Ciências Sociais na UFRJ. Poema Eurístenes, que é a primeira pessoa da sua casa a entrar para faculdade, realizará seu sonho de ser socióloga. “O estágio com pesquisa me aproximou da sociologia, do estudo das relações sociais, por isso escolhi esse curso”, diz Poema Eurístenes.

Aprovação para uma universidade pública requer dedicação. Para isto, muitos dedicam todo seu ensino médio à preparação para a maratona do vestibular. Cursos preparatórios e grupos de estudos em casa fazem parte da exaustiva rotina dessa geração que quer alcançar esse grande sonho.



Assim como Poema, Gabriela Assis, de 17 anos, não freqüentou curso pré-vestibular. Passou para um dos cursos mais concorridos da Universidade do Estado do Rio de janeiro – UERJ. “Fiquei muito feliz porque dediquei todo esse tempo aos estudos e agora estou vendo o resultado", diz a futura advogada Gabriela, que só estudou em casa.

Para aqueles que não têm a força de vontade necessária para estudar sozinho, a única opção é procurar um pré-vestibular. É só andar pelas ruas do centro de Nova Iguaçu e ver os anúncios. São muitos cursos. A grande novidade de toda essa oferta para preparação do vestibulando é o Colégio e Curso Miguel Couto. Conhecido pelo seu programa de qualidade desde os anos 60 em bairros como Recreio e Barra da Tijuca, no Rio, o grupo inaugurou sua unidade em Nova Iguaçu no início do ano passado.

“Os próprios alunos, ao se inscreverem no curso preparatório, questionavam a qualidade da unidade Nova Iguaçu. Eles perguntavam se o ensino era o mesmo que das outras unidades. Aos olhos de muita gente, o ensino aqui seria inferior”, conta o professor de biologia Alex Martins, que é um dos diretores da rede de ensino do Miguel Couto. "Estamos vivendo um processo que afirma o conhecimento local. De todas as unidades da rede do cursos, a equipe de estudantes aqui de Nova Iguaçu é a melhor”, conclui o professor.

Tantas aprovações no vestibular evidenciam que os tempos são outros. A faculdade que era na época de nossos pais algo quase inalcançável faz parte da realidade dessa nova juventude classe C.

0 Comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI