Textos encenados em oito minutos

sábado, 22 de janeiro de 2011

por Yasmin Thayná



"O projeto Apalpe - A Palavra da Periferia é um convite à formação de um novo campo na cultura e uma nova forma de lidar com a criação artística. Implica experimentações estéticas a partir do uso da palavra combinando linguagens como literatura, vídeo, artes plásticas fotografia. O projeto é um desdobramento do livro Guia afetivo da periferia, de Marcus Vinícius Faustini." Cristiane Bráz e Ecio Salles, pesquisadores do apalpe.

O segundo dia da programação do apalpe, foi de debate, exibição de vídeos e esquetes que foram feitas a partir dos 6 melhores textos escolhidos na etapa final das oficinas da Escola Livre da Palavra.
Contos da manhã," de Luciana Meireles, foi interpretado por Alex Nanin, da banda Visão Periferica, Alex Teixeira e Talitta Chagas onde eles utilizam o corpo para descrever quase que cinematograficamente a crônica que se passa em São Cristóvão: bairro que viveu a autora. Thalitta Chagas, a única de preto, cosegue ser tão expressiva quanto o texto, assim como os Alex que são os protagonistas, ao mesmo tempo, objetos e situações do texto.

"Black Rio Total", de Elisangela Pinto, virou cena pelo Catarinense Tetsuo Takita e Marilene Gonçalves. Começa no casarão estilo século 19 na Lapa, passa pelo Bairro de Fátima, buchada de bode no boteco do cara que é baiano e chamam de pará, barraca da Dona Ana que não têm nada de baiana, a banca do turco Najibi e termina "numa cama de lençois engruvinhados, suados e melados."

"Férias em Paquetá," de Vicente Duque Estrada, é um texto de um menino de classe média que morava em Copacabana que não ia a praia e passava suas férias em Paquetá. Toda beleza do texto mora na simplicidade em reconhecer um lugar mais afastado do que seu bairro que muitos gostariam de morar: paquetá. Interpretado por Marina Rosa da Baixada Fluminense e Marcelo Patrocínio que conseguem fazer com o corpo, a face, a palavra e gestos que tanto significaram e ainda significam na vida de Vicente, a famosa ilha do Rio de Janeiro cujo lindo caminho registra a paisagem, da janela da barca, típica carioca. 

"Brasil, por que a princesa Isabel não libertou todos os escravos  bons de bola?" do artista que têm cara de artista e de jeito parecido com o de Gilberto Gil, Wilian Santiago, se aproveita de uma malandragem mais comum do brasileiro falando da seleção brasileira na copa do mundo. "Como a Glória do leite que desmancha sem bater." E os atores embarcam nessa viagem fazendo do texto ainda mais bonito:..Marcus Liberato e Cristina Hare em cena.
"Boca de caçapa" é um texto da jovem Thalitta Chagas que é atriz, escritora e dançarina que arrasou nas intervenções artísticas do projeto mostrando que a periferia pode sim ser sem a dúvida do não ser, essa é a questão! O texto interpretado por Willian Santiago e Maria da Gloria Diniz, fala do início de uma relação de amizade entre ela e seu irmão que não foi impedida de sair da porta de casa, pela sua pouca idade, para os bares em que ele jogava sinuca com os amigos. "Olhava pessoas passando na rua, seguindo seus caminhos e sendo interrompidas por uma árvore. Elas alternavam, algumas passavam pela frente, outras por trás daquele pé de abacate. Às vezes me parecia grande, às vezes pequena. Dependendo do tamanho das pessoas que por ela passavam."
A última, vencedora pelo júri popular e técnico, cujo texto é da Socióloga Rafaelle Castro, conta a sua difícil vida em São Gonçalo. A crônica é voltada para um humor e sutilmente interpretada pela dupla, Luciana Bastos e Leandro Santana, que conseguiu penetrar o tênis novo que Rafaelle ganha e põe nos seus pés para que todos da Quinta da Boa Vista possam ver. Rafaelle mostra a absurda diferença entre a época que ia fazer piquenique e os "dias de hoje, sinto a ponte de dois em dois em dois quilômetros com meu ray-ban em dia de trânsito lento." 

TODAS AS FOTOGRAFIAS FORAM RETIRADAS DO BLOG: http://apalpe.wordpress.com/

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