Vendo com as mãos

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

por Raphael Ruvenal

Dizem que a cada ano novo esperanças são renovadas e a fé mais uma vez renasce. Mas aqui no Brasil a chegada de 2011 foi como a de anos bissextos, que só acontecem a cada quatro anos. Em Brasília, uma nova Presidenta assumiu as rédeas de um país que cresce e encanta o mundo com sua economia robusta.

Como muitos brasileiros, não me neguei a chance de ver a “História” com meus próprios olhos. Porém, mais do que ver “História” os gestos de agradecimento ao nordestino, ex-metalúrgico e brasileiro era evidente nas expressões de fé do povo, como meu amigo Everton Sampaio, um morador de Austin de 25 anos. Portador de deficiência visual, este militante do movimento estudantil não se conformou a ouvir pela TV as solenidades da posse presidencial. "Eu quero apertar a mão do cara, sentir com as mãos esse momento único, já que não posso ver com os olhos."


A emoção era evidente nas faixas, folhetos e nos chinelos vendidos pelos ambulantes com alusões ao último dia de Lula na presidência. "Sou morador daqui e vejo sempre muitas coisas acontecerem, mas não como isso", disse o cearense Gilberto, que há 25 anos mora em Brasília e achou a ocasião propícia para ganhar um trocado. "Multidões na posse só as de 2003, 2007 e esta agora."

Nem mesmo a chuva, que obrigou a presidenta Dilma a desfilar com o Rolls Royce fechado até o Congresso Nacional, tirou a animação da festa. "Isso aí são chuvas de graça", disse Dona Maria Conceição, 45 anos, do Sindicato dos Petroleiros.

Enquanto Dilma discursava no Congresso Nacional, o povo corria para a frente da rampa de modo a ver de perto o momento em que Lula passaria a faixa presidencial para sua sucessora. Os seguranças tentavam conter a multidão, mas isso não abalou a disposição de dona Valentina, uma senhora de 63 anos. "Na posse do Lula foi diferente mas fazer o quê?", resignava-se ela, que deixara de passar o ano novo com a família para testemunhar o histórico momento em que a primeira mulher assumiu o comando da nação brasileira. "Passei o ano dentro de um ônibus, daqui não saio", afirmava.

A curitibana Ana Marques, de 25 anos, arrancou muitas risadas da multidão quando começou a elogiar a beleza do ex-presidente. "Lula é um gatinho", gritou ela quando Lula, emocionado, se jogou nos braço do povo.

0 Comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI