Um palmo além do limite

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

por Hosana Souza


Blusa branca, saia pregueada azul e meia ¾. Com certeza, você associou esta imagem a uma das 3.120 normalistas que transitam em Nova Iguaçu, indo ou voltando do Colégio Estadual Arruda Negreiros, do Colégio Estadual Milton Campos e do Instituto de Educação Rangel Pestana. “O uniforme é um símbolo da pureza, daquela moça meiga que está estudando para se tornar uma respeitável professora do ensino fundamental”, afirma a ex-normalista Joseane Antunes Cataldo, 19 anos, que resolveu visitar seu passado recente ao entrar no programa “Da palavra à imagem”, uma parceria entre a Escola Livre de Cinema e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Joseane Cataldo, que os leitores deste blog conhecem como Josy Antunes, está projetando uma exposição fotográfica que remonta os anos de história das normalistas. Ela, que está participando do programa da UFRJ com mais nove colegas da Escola Livre de Cinema, escolheu o tema por causa das recomendações que ouviu ao longo de quatro anos, para que tivesse muito cuidado com o uniforme. Foi ao longo da pesquisa que essa jovem voraz, que praticamente não dorme para conciliar os horários da faculdade com cursos de cinema e as reportagens que publica aqui, descobriu que as gerações que a antecederam usavam também uma boina azul e uma jaqueta do mesmo tom.

O projeto de Josy Antunes, que já está concluído, mostrará todas as faces e fases das normalistas de nossa cidade, começando desde a época em que o público que optava pelo curso era majoritariamente masculino. “O mais difícil foi conseguir encontrar as fotos antigas, porque a escola não possui um banco de imagens. Então tive que buscar algumas pessoas que tinham fotos pessoais guardadas. Durante as minhas visitas ao IERP, também fotografei as atuais alunas e fiz algumas reproduções das fotos antigas”, diz ela, que está aguardando a leitura da banca avaliadora para fazer as alterações de praxe em trabalhos dessa natureza.

Todo poder aos livros

por Larissa Leotério


Liberte seus livros para que eles possam libertar corações e mentes”. Esta é a ideia do projeto ‘Livro Livre’, desenvolvido pela Secretaria de Cultura e Turismo e coordenado pelo escritor e pesquisador Écio Salles.

O projeto partiu de um desafio proposto por Marcus Vinícius Faustini, o titular da SEMCTUR: fazer com que a biblioteca Cial Brito fosse mais que um lugar com livros para consulta e um eventual empréstimo. “Apesar de essa função ser fundamental, não atinge a cidade toda”, lembra Écio Salles, o braço direito do secretário.

A pretensão do ‘Livro Livre’ é acabar com o deslocamento até uma biblioteca e a burocracia inerente ao uso dos livros catalogados, ambos igualmente inibidores da leitura em uma cidade grande e pobre como Nova Iguaçu. “Nossa ideia é fazer com o que o livro circule pela cidade”, afirma Écio Salles, que lembra que o único compromisso de quem recebe o livro é, depois de lê-lo, deixá-lo em algum lugar onde outras pessoas possam aproveitá-lo também.

Écio Salles é um homem muito criterioso no uso das palavras, dando-se o trabalho de falar “estadounidense” no lugar de “americano” ou “norte-americano”, pois esses dois últimos termos englobariam tanto os mexicanos quanto os colombianos. Por isso, evita a expressão “doar livros”, ainda que em última instância seja isso o que acontece. “Insistimos na ideia de libertação do livro porque o livro é um objeto livre, que possibilita que as pessoas tenham acesso à cultura em quaisquer lugares e circunstâncias, sem burocracia.”

Celebração do cinema

por Robert Tavares


Para tirar sua noite de quarta-feira da monotonia, o Cineclube Mate com angu, que é filiado à ASCINE e ao CNC, realiza hoje sua Sessão Catapulta - Deixa o filme existir, cineasta! Que é uma noite dedicada a lançamentos, a sessão começa às 20h30, entre os exibidos estarão:

• Visita à Universidade de Wildstone, de Ralph Smith.

• Monocelular, de Felipe Cataldo.

• Selva Urbana, de Emilio Domingos e Gregório Mariz.

• Funk-se 2.0, de Slow e Márcio Grafiti.

• Gaiola, do Cineclube Tupinambá.

• O que vai ser? de Getúlio Ribeiro.

• Bicho Lamparão, de Rodrigo Folhes e Rafael Mazza.

• Me Nina Vida - Adereços de uma Manhã de Carnaval, de Sabrina Bitencourt.

• Salomé, de Igor Cabral.

• Queimado, de Igor Barradas.

Para o grupo que organiza o cineclube, essa é uma noite especial, pois, além da honra de estarem sendo o primeiro meio de exibição dos filmes citados a cima, os realizadores dos curtas são amigos, o que dá um prazer a mais.

Nos seus sete anos de estrada, o Mate Com Angu já conta com mais de 25 produções no currículo e para celebrar os novos filmes, o grupo promete uma das suas super festas após a sessão para celebrar a noite.

Local: Lira de Ouro.
Rua Sebastião de Oliveira, 72. Centro, Duque de Caxias.

Mais informações em
http://www.matecomangu.com.br/ , pelo Twitter www.twitter.com/matecomangu ou pelos telefones 9288-3300 e 7601-6700.

Conflito de gerações

por Michele Ribeiro


De um lado, os filhos querem ganhar seu espaço, viver novas experiências, agir conforme sua cabeça, conquistar a tão sonhada “liberdade”. Já os pais querem protegê-los, com medo que eles se envolvam drogas, sejam alvo da violência urbana, tenham uma gravidez indesejada. Não é de hoje que esse conflito foi instalado.


A maioria dos jovens reclama por sempre receber um “não” de seus pais como resposta, ainda que esses últimos sempre aleguem que estão agindo para o bem dos próprios filhos. “Minha filha Natane não me entende agora”, admite o professor Roberto Rocha, 45 anos. “Diz que sou chato e que gosto de deixá-la com raiva, mas quando ela for mãe vai me entender.”

Sua filha Natane é uma estudante de 16 anos, que muitas vezes acha que os pais não tiveram juventude, mesmo quando eles dizem que o mundo de hoje é muito diferente daquele em que viveram. “Me sinto presa por meus pais”, queixa-se a menina, para quem os pais são excessivamente conservadores e rigorosos. “Até parece que nunca sentiram vontade de sair, dançar e curtir com os amigos”.

Folia da memória

por Camilla Medeiros

Hoje às 18h, no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, será inaugurada a exposição “Folia de Reis”, sob a curadoria de Ivan Machado e Andressa Leite.

A exposição é resultado de mais de um ano de pesquisa e acompanhamento de várias saídas de Folias de Reis pela cidade, e adjacências. Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado aos rituais católicos, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira. Na Baixada Fluminense, essa expressão se tornou popular e sobrevive como tradição.

A pesquisadora Andressa Leite percebeu nesses cortejo a grande presença de crianças e adolescentes. “É importante que eles participem, pois assim a Folia de Reis tem mais chances de ter continuidade. Porém, mais do que isso, percebi também que as dificuldades financeiras para esse 'desfile' podem ser um dos motivos pelo qual a Folia de Reis está ficando cada vez mais rara.”

 
 
 
 
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