Saudade do que ainda não foi

quinta-feira, 28 de abril de 2011

por Dandara Guerra


Foi em uma  quinta-feira, no dia  9 de  dezembro de 1992,  mais precisamente à meia-noite que a professora Aline dos Reis sentiu as primeiras contrações do parto. A placenta se desfazia em uma espécie de parto seco, sem que saísse água, apenas uma quantidade mínima de sangue.  Ela saiu correndo para a maternidade São José, em São João de Meriti com o pressentimento de que perderia seu bebê. Esse pressentimento durou os três dias que passou na sala de pré-parto, ouvindo as orações de uma irmã da Assembleia de Deus.

Nem Jesus salva

por Misael Campos

Uma educadora da classe de crianças entra na sala, cumprimenta a todos, e depois de algumas musiquinhas alegres inicia o estudo dominical: – Crianças, se alguém busca uma cura, é só ir à igreja “A”, se alguém busca uma libertação é só ir na igreja “B”, se mais alguém procura a salvação, é só vir à nossa igreja "C".

A professora cita o nome da igreja a que pertence com um largo sorriso no rosto e pede para que as crianças repitam em voz alta e com aquela sensação de "missão cumprida”. As crianças, brutalmente manipuladas, não perdem a chance de dizer aos coleguinhas das outras igrejas que “só na igreja deles é que Jesus salva”.

Mazé

por Rodrigo Caetano


Como tudo na vida não é um mar de rosas, ter uma banda de Rock também não é. E isso os caras da banda Mazé sabem bem. Mesmo com apenas três anos de estrada, a banda já passou por momentos maravilhosos e momentos terríveis.

Talvez o lado mais difícil de se ter uma banda seja a falta de tempo. Isso acontece com a Mazé de forma violenta, e faz cinco meses que a banda não ensaia mais por conta disso. Com cinco integrantes fica difícil de fazer o tempo livre de cada um colidir com os ensaios, pois todos na banda trabalham, estudam ou estão prestes a se casar.

Mas a falta de ensaios não parece ter feito tanto mal a essa banda, que terá suas próximas apresentações na Mostra de Artes da Favela, que acontecerá na favela da Maré no próximo sábado e no Centro Cultural Donana. E que já tocou no SESC São João e até mesmo no Clube dos Democráticos, na Lapa.

E as dificuldades de uma banda na Baixada Fluminense não param na falta de tempo para ensaiar, mas também na falta espaços de qualidade que deem oportunidade para os músicos mais sérios se apresentarem. Existem casos de bandas que são da Baixada que são bastante conhecidas na Zona Sul e até mesmo em outros estados, mas que aqui são meros desconhecidos.

Muitas das vezes esse é o panorama dos artistas da Baixada Fluminense, que mesmo com um trabalho extraordinário são pouco valorizados.

 
 
 
 
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