Isso, isso, isso é cultura!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

por Josy Antunes


28 de setembro de 2009: uma manhã chuvosa de segunda-feira, quando pode-se obviamente esperar que o quentinho das camas seja deixado com dificuldade. A música circense se espalhava pela Getúlio Vargas, acabando com a movimentação preguiçosa das ruas centrais de Nova Iguaçu. Na passarela da estação ferroviária, os trabalhadores perguntavam-se o destino daquela legião de crianças uniformizadas, que coloriam de azul a rampa de descida. Os mais informados já sabiam: era o Encontrarte, atraindo a população iguaçuana para o Espaço Cultural Sylvio Monteiro.

No pátio externo do local, sentadas juntinhas no chão, as crianças não desviavam os olhos dos palhaços da Fanfarras Produções Artísticas. Os adultos, com suas pernas compridas, misturavam-se aos pequenos. Em frente à tenda vermelha e roxa que lhes servia de cenário, os três “fanfarreiros” apresentavam suas habilidades, com as mais inusitadas acrobacias e jogadas humorísticas, que deveriam “caber” em 15 minutos de apresentação.

Munida apenas de sua vontade de reviver a clássica série de Roberto Bolaños, a fotógrafa Bruna Jacubovski deu descanso ao seu equipamento e a si própria, para unir-se ao público, infantil em sua maioria. “Liguei para meu sócio e falei que não ia dar pra ir cedo, porque ia ver uma peça de teatro”, conta em meio a “muitissíssimas” risadas – aproprio-me aqui da linguagem da turma que, em instantes, dominaria o palco – ainda achando absurda a ideia de, aos 19 anos, ter cometido tal ação. “Quero rir muito! Vim sozinha, ninguém quis vir comigo”, conta a moça, que tem o You Tube como aliado, quando se faz presente a saudade do famoso menino do barril.


O espetáculo “A turma do Chaves” vem sendo apresentado, há cerca de 3 anos, pela Miraguri Produções Artísticas. A partir do nome, nota-se a principal preocupação do grupo. “Guri”, expressão gaúcha que designa “criança”, é o melhor termo para tal objetivo, na opinião do ator Fábio de Luca, que acrescentou o “Mira”, no sentido de “foco”.

Engavetado
Para o Encontrarte, a Miraguri inscreveu, além do infantil, duas comédias adultas. Foram então enviados três materiais, que continham os vídeos com as apresentações na íntegra – como fora solicitado pela produção do evento. Foi Fábio que recebeu o telefonema que informava a aceitação do grupo. Seus companheiros de palco, ao receberem a notícia, logo perguntaram qual dos dois espetáculos para o público adulto havia sido selecionado. Para surpresa geral, a comissão julgadora havia se encantado com “Chaves”.

O espetáculo, que estava “engavetado” há alguns meses, ressurgiu especialmente para o Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense, que está em sua oitava edição. “Quando fiquei sabendo que eles passaram, eu falei: ‘gente, por favor, eu quero fazer a Pópis, quero fazer a Dona Florinda, quero voltar pro palco no Encontrarte, que é um evento que eu nunca participei’”, relembra a atriz e cineasta Loeni Mazzei, que interpreta as duas personagens. Com exceção de Mariah Huguenin e Fábio de Luca – respectivamente Chiquinha e Kiko – o grupo, como um todo, nunca participara do Encontrarte, de cima do palco.

Uma não peça

por Nany Rabello


Com um riso. É assim que Marília Martins, diretora do grupo Os Cênicos, fundado em 2000, entra no palco para iniciar “Meu nome é M”, seu primeiro monólogo. Pouca luz e muita risada, a comédia mostra uma atriz se preparando para entrar em cena, enquanto se lembra de sua história.

O texto, escrito por Luciana Guerra Malta, foi baseado em entrevistas que a própria Marilia deu. “Há mais de 6 horas de entrevistas gravadas com a Luciana, história da minha vida e dos meus personagens, que ela transformou em ficção. O que se vê no palco é mera coincidência”, conta Marília. O diretor do monólogo, Ribamar Ribeiro, foi aluno de direção central de Marília, que além de atriz ainda é professora de direção e dramaturgia.


Uma personagem cativante, M chega contando sobre sua primeira peça, sua segunda, sua terceira e vai falando de sua vida, seus personagens, seus sonhos... De repente, não se sabe mais onde é o limite do palco, a plateia se torna parte do espetáculo, e o espetáculo parte da platéia. A metáfora do não-ator interpretando uma não-peça.

A reação do público não poderia ser melhor. Riem, cantam, conversam e até xingam junto com a protagonista do grande espetáculo, fazendo um show à parte. O envolvimento é tanto que o público ajudou M até mesmo a reclamar do ex-marido. “Essa peça é feita pra Nova Iguaçu. O público daqui vem pro teatro pra se divertir, pra brincar sem se conter, eu já vim sabendo que ia ser bacana!”, conta Marília.

Quem sabe faz ao vivo

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Companhia de teatro mostra o que é que a arte do improviso tem de bom


Nesta terça-feira, dia 28, a noite do Encontrarte 2009 foi da Cia. de Teatro do Nada do Rio de Janeiro, com o espetáculo Improzap. Reunido há seis anos, o grupo trabalha com o estilo “impro”, um conjunto de técnicas desenvolvido pelo inglês Keith Johnstone, um professor de arte dramática cujos ensinamentos e livros se concentraram na improvisação teatral, projetando grande influência sobre a arte do improviso.

O espetáculo, descontraído, carregado de brincadeiras e muito bom humor, é muito mais trabalhoso do que se pode imaginar. É o que demonstra as falas de um dos integrantes da companhia, Vinicius Messias. “Nós começamos a pesquisar as técnicas do improviso há cerca de seis anos, que é mais ou menos a idade do grupo. Os espetáculos parecem só loucura, mas na verdade é necessário muito trabalho e pesquisa na criação”, afirma.

O Improzap é um espetáculo novo, que estreou este ano. Ele se caracteriza pela forma-longa de improvisação, ou seja, cerca de 20 minutos para cada história. Os improvisadores criam histórias cômicas inspiradas em vertentes dramatúrgicas nos estilos de Shakespeare, Brecht, Nelson Rodrigues, Tarantino, Ibsen, entre outros autores. Cada apresentação é única e as histórias jamais se repetem. Antes do espetáculo, os espectadores também escrevem títulos para as histórias, que serão sorteados e encenados na hora.

Vinícius afirma que é necessário uma pesquisa prévia árdua sobre os estilos que serão apresentados. “Por mais que não sejamos inteiramente fiéis às obras dos autores que escolhemos, temos que nos aproximar bastante para que o público reconheça a proximidade. É nisso que está a graça”, diz. Além dos atores-jogadores, também compõem o espetáculo o apresentador e os improvisadores do som e da luz que dão um toque especial ao trabalho.


Na noite de ontem, a plateia foi premiada com histórias baseadas em Nelson Rodrigues, Quentin Tarantino e Shakespeare. A estudante Suellen Isidoro foi conferir a sessão da noite e saiu do espetáculo fã da Companhia. “Eu adoro improvisação", diz a estudante. "Já tive contato com alguns trabalhos pela internet como o Zenas Emprovisadas e os Improváveis, mas nunca tinha visto assim, ao vivo. Foi uma experiência muito agradável. Eu morri de rir”.

O improvisador Vinícius alertou ainda para a importância dos espectadores nesse tipo de espetáculo. “Precisamos da interação constante com o público, porque eles é que vão conduzindo a peça em certa medida. Tudo é escolhido por eles. E a propósito, gostaria de dizer que Nova Iguaçu foi uma plateia bastante talentosa hoje!”, contou rindo.

A Cia. De Teatro do Nada faz diversas apresentações em todo o estado. Para saber mais informações do grupo, acesse: http://www.teatrodonada.com.br/

Missão Imposssível: Parar de rir

Cia Teatral Comédia Brasil apresenta esquete no SESC e diverte o público.

Quem foi ontem ao SESC de Nova Iguaçu assistir ao espetáculo Cabeça De Vento, de Bia Bedran, se surpreendeu com três militares no salão de entrada, fazendo uma varredura no local atrás de um meliante chamado Gordo. Seus nomes eram general Guerra, major Topeira e soldado Valente, que estavam cumprindo ordens: executar a Missão Impossível.

Trata-se da Cia Teatral Comédia Brasil, que foi um dos grupos de esquetes escolhidos para realizar intervenções performáticas antes dos espetáculos. Sob a direção de Evandro Rocha, que é também o soldado Valente, e com mais dois atores, Francielle Santos, 24 anos, que interpretou o general Guerra e Felipe Souza, 24 anos, o major Topeira, a Missão Impossível contou rapidamente a história de um grupo de oficiais designados para a tarefa de salvar a população de um mal que a está atacando.

“O tempo todo nós falamos 'vamos matar o Gordo, porque ele é perigoso' e fazemos o maior suspense”, conta Evandro, que abusou do bom-humor para fazer com que sua plateia se interessasse pela história que já teve seu nome e elenco mudado inúmeras vezes. “A peça já contou com muitos atores, mas eu não abro mão do meu papel de soldado Valente. O Rambo brasileiro”, brinca.


Por fim, depois de muita trapalhada, eles conseguem realizar sua árdua missão de prender o Gordo, que, para surpresa geral, é um rato. "Eu achei a peça muito interessante e engraçada. Eles são muito bons", conta Barbara Torres, de 17 anos, que aprovou a apresentação.

A Cia Teatral Comédia Brasil está com essa peça há 14 anos, arrancando boas risadas do publico por onde passa. Os ensaios são realizados na casa do autor, que também é professor de teatro. “Como somos quatro - a atriz Rosa Santos também faz parte do elenco, mas não pôde participar da apresentação no SESC -, o ensaio é na minha casa, mas se chegar mais alguém querendo 'entrar na dança', nós contamos com o Espaço Sylvio Monteiro para ensaiar”, conta Evandro.

Apesar do sucesso da peça, a Cia quer alçar voos mais altos. Eles estão produzindo dois longa-metragens: A Invasão e Deu Águia Na Cabeça, cujas histórias também prometem muita diversão aos espectadores.

Magia da infância

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Com direito a espetáculo extra, Bia Bedran encanta público de todas as idades na oitava edição do Encontrarte

Há quase duas semanas, comecei a fazer uma pesquisa sobre a vida e a obra de Bia Bedran. Meus amigos não falavam de outra coisa, mas mesmo com toda expectativa gerada em torno da apresentação que ela faria no Encontrarte, que acontece entre os dias 23/09 a 03/10, ainda há aqueles que nunca ouviram falar da professora-artista.

Bia ficou conhecida do público infantil quando participou do programa “Canta Conto”, da TV Educativa, na década de 90. Passando também pelo rádio e teatro, conquistou as crianças ao misturar música e contação de histórias. E neste espetáculo, chamado “Cabeça de vento”, Bia conseguiu se superar.

Não foi à toa que as crianças superlotaram o teatro do Sesc neste domingo ensolarado 27, obrigando-a a fazer mais de uma apresentação. O espetáculo foi batizado com o nome do livro que a autora lançou em 2003 pela Editora Nova Fronteira, um dos seus maiores sucessos editoriais, tendo sido adotado por diversas escolas desde então. Cada apresentação durou quarenta minutos, com casa cheia nas duas sessões. "Ver que tantas pessoas enfrentaram o sol que está lá fora só para ver o que eu tenho a passar é totalmente recompensador", disse Bia.


Muitas câmeras fotográficas, filmadoras e até mesmo celulares. O público presente estava munido para registrar aquele momento, que para muitos era "fabuloso", como disse com empolgação Ana Romero, que é professora no Instituto de Educação Rangel Pestana, e estava na plateia curtindo tanto quanto os jovens.

Acompanhada de três instrumentistas e um longo vestido vermelho estampado, Bia pulou, dançou, cantou, encantou e virou criança. Bastaram dois minutos para todos os presentes se verem tomados pelo ritmo aconchegante de suas músicas, que vêm cheias intenções, todas com mensagens de incentivo às crianças e aos adultos. A escritora, cantora e atriz é bem versátil, como deixou claro do primeiro improviso até o final do show.

SHOW, essa é a palavra que define a apresentação de Bia Bedran, que também tem uma performance fantástica com os fantoches. É a eles que a artista atribui boa parte do seu sucesso. "As crianças ficam fascinadas com a possibilidade de um boneco falante”, diz, satisfeita. “Essas experiências mexem com a vivência delas".

Sempre há algo diferente em seu espetáculo teatral e musical. "Eu estou sempre renovando o meu repertório, essa é a minha forma de trabalhar. Sempre ensinando e aprendendo, e a cada vez que eu conto uma história vejo que ela muda, em sua fala e em sua forma", diz uma encantadora e derretida Bia Bedran.

E pelo visto a contadora de histórias agrada a todos. Nos seus shows, já é característico haver uma diversificação no público, e dessa vez não foi diferente. A primeira fila, tomada por crianças entre 4 e 9 anos acompanhadas de seus pais, é, para Bia, superimportante, porque nessa idade o apoio dos pais é fundamental para a formação cultural, como aconteceu com ela. “Eu, desde criança, venho com essa vontade de cantar e compor. Meus pais tiveram o papel de não deixar isso morrer dentro de mim. Sempre me levavam aos programas de calouro. Lembro que a minha grande inspiração era a Nara Leão. Eu adorava imitá-la. Eu criança e ela uma jovem mulher".

Quando perguntada quem era Bia Bedran, afiada, ela respondeu. “Bia Bedran é uma mulher com alma de criança, que gosta de música, arte, vida, uma mulher-mãe, que como laboratório interno contava as histórias para as próprias filhas. Sou a menina do anel, como diz a canção". Ainda segundo Bia, ela é uma "arte-educadora". "Essa é a forma mais leve de ensinar, e todo mundo tem algo a passar. Eu quero sensibilizar e transformar!"
É também com essa paixão pelo que faz que ela consegue criar o ambiente encantador, remetendo-nos a um universo paralelo, cheio de magia, amor e vida. "Cabeça de vento" é recheado de momentos em que a plateia interage com a apresentação. Não somente através do canto, mas também do ritmo e brincadeiras de movimentação corporal.

Bia Bedran finalizou seu show com a música "Boneca de lata", que não estava incluída em seu repertório e só foi cantada porque Monique Rosa, que é professora primária do colégio Abaco, levou uma boneca de lata, confeccionada por ela, para Bia autografar. Segundo Monique, ela usa esse recurso para ensinar as partes do corpo humano para as crianças. “Fica muito mais fácil para elas assimilarem”, diz a professora. “Além de divertido, é claro.”

Como essa mulher é inspiradora! Cada gesto, cada sorriso, os movimentos corporais. Bia Bedran passa verdade naquilo que faz, é um sopro de vida e de alegria, é aquilo que precisamos para enfrentar um dia longo e estressante de trabalho. “O meu trabalho se presta a um prolongamento da magia da infância, devolvendo à criança a ingenuidade e, ao mesmo tempo, o seu lado moleque".

Tudo junto e misturado

domingo, 27 de setembro de 2009

Artista da Baixada participa do Encontrarte e revela trajetória

Música, teatro e poesia. Tudo junto e misturado ao mesmo tempo”. Essa frase, dita por Beto Gaspari, músico, cantor e compositor, 46 anos, morador de Duque de Caxias, caracteriza como o EncontrArte 2009 vem atuando desde sua primeira edição, promovendo uma mistura de artes cênicas e música de qualidade para entreter, divertir e apresentar novos e antigos talentos da Baixada Fluminense.

Para o compositor, toda expressão cultural é “uma janela para um novo mundo, onde é possível para quem faz e quem a consome descortinar um mundo maravilhoso de infinitas possibilidades”. O artista, agora já reconhecido pelo trabalho, se apresentou na manhã de quinta-feira no EncontrArte, fazendo a abertura da peça ‘Antes que o Galo Cante”, da Cia. de Teatro Os Ciclomáticos.

A paixão pela música o acompanha desde a infância, mais especificamente quando tinha seis anos de idade. O pai, Roberto da Rocha Ribeiro, era seresteiro e promovia modas de viola e sanfona nos bailes na fazenda. “Costumava ficar ao lado do rádio do meu pai ouvindo e cantando”, diz Beto, agora com 23 anos de carreira.

Sentindo-se lisonjeado pelo segundo convite para o festival, Gaspari relembra sua primeira participação no evento. “No ano passado me apresentei juntamente com a Companhia de Arte Popular, ‘A incrível peleja de Simão e a Morte’, um espetáculo de cordel com músicas de minha autoria”, salienta.

Beto acumula, com sua trajetória musical, dois CDs: “Quem são os novos da MPB?”, de 2003, pelo selo Puro Som, e “Das águas’, do mesmo ano, mas com produção independente. Segundo Gaspari, não fosse a ajuda de alguns amigos, não teria lançado o seu trabalho mais recente. “Para angariar fundos, alguns conhecidos iniciaram um movimento cultural denominado ‘Das águas’. Venderam cerca de 350 CDs antecipados, o que me permitiu dar o pontapé inicial na produção. Por fim, o movimento deu nome ao CD”, destaca Beto.

Durante sua apresentação, Gaspari emocionou uma plateia formada por estudantes do ensino médio das escolas da região cantarolando, com sua inseparável viola, sucessos de artistas como Tom Jobim, Toquinho e Vinicius de Moraes, músicos inspiradores do seu trabalho. No divertido repertório, vale dar uma atenção especial a músicas como “O pato”, de Vinicius de Moraes e “Aquarela”, de Toquinho. O público mostrou-se bastante receptivo. “Acho-o um artista singular”, conta Flávia Fernandes, 17, aluna do Instituto de Educação Rangel Pestana. “Já havia assistido o show no Top Shopping, em uma quinta-feira. Ele é simplesmente divino”.

O músico se despediu da apresentação aclamado por todos que esperavam o inicio da peça. E em meio a assobios e salva de palmas Gaspari confessa. “Estou emocionado e tocado por essas pessoas. Espero retornar e que o festival cresça a cada ano.”

Bicharada Consciente

Espetáculo trata das relações humanas como preconceito e amizade. 

O tempo frio e chuvoso da manhã de sexta-feira não impediu que pequenos e grandões lotassem a sala de teatro do Sesc de Nova Iguaçu para assistir ao espetáculo infantil “Antes que o galo cante”, da companhia de teatro “Os Ciclomáticos”.

O grupo, que está na estrada há mais de 13 anos, tem nesse espetáculo sua primeira experiência com o público infantil. É o que nos conta Ribamar Ribeiro, que, além de autor da peça também atua nela como o rato Gabiru: “Faremos uma comemoração especial com um circuito de seis espetáculos, incluindo este que é nossa primeira atuação infantil, em Paty do Alferes ainda este ano.”

“Antes que o galo cante se passa” numa floresta, onde a hostilidade que marca as relações entre os quadrúpedes e as aves serve de pano de fundo para o romance entre um sabiá e uma gata. Com um cenário a um só tempo bonito e simples, um figurino bem colorido e a iluminação apropriada, o grupo conseguiu prender a atenção da garotada durante todo o espetáculo. Com olhos atentos e ouvidos abertos premiados com as lindas canções entoadas, todos se rendiam aos encantos dos personagens.

Em seu lado cômico, a peça mostra as trapalhadas de uma arara muito louca, um calango de andar engraçado e uma galinha da Angola com legítimo sotaque português, além das brigas entre duas irmãs feiticeiras: borboleta (a boazinha) e mariposa (a interesseira).

De cunho bastante educativo, o espetáculo suscita reflexões sobre variados assuntos como preconceito, ambição, desigualdade, ressaltando os valores da amizade, companheirismo e união. Traz à tona ainda a questão da relação entre pais e filhos adotivos, que na peça se traduz no afeto do Rato Gabiru pela filha adotiva, a Gata Malhada.

Tais aspectos deixaram atentos os sentidos dos inúmeros alunos e alunas do curso normal que estavam presentes: “Como futuros educadores é fundamental que estejamos em contato com atividades como esta, ajuda muito na nossa formação e desempenho.” – afirma a estudante Aline Souza, aluna do 3º ano do curso normal.

O público, que aplaudiu de pé, deixou o teatro com um sorriso de satisfação no rosto. A pequena Larissa, de 6 anos, achou tudo lindo e vai voltar nas próximas peças. “A roupa da borboleta era muito linda e a gata também era muito fofinha.”, diz ela, entusiasmada.

Para saber mais sobre o grupo, acesse http://www.osciclomaticos.blogspot.com/

Sob sol ou chuva

Sem deixar que o clima atrapalhe, jovens lotam teatro para assistir peça baseada em Nelson Rodrigues 

Ás 19 horas de sexta-feira, 24 de setembro, a movimentação no interior do SESC já era intensa. O local, que em muitos eventos já fora descriminado pelo difícil acesso, estava novamente quebrando uma regra no segundo dia do Encontrarte – o Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense.
Citado pelo ator Marcelo Borghi na abertura do evento, o conceito já formado, de que em Nova Iguaçu não há publico, está sendo pisoteado pela multidão que tem lotado o teatro, enfrentando o frio. “Acho que o público já se acostumou com o Encontrarte, então eles vem com chuva ou sol”, avalia Tiago Costa, um dos cinco idealizadores do evento.

Na frente das duas portas de entrada para o espaço do teatro as filas já estavam formadas. Com os ingressos amarelos em mãos – que são distribuídos na entrada, antes do espetáculo – um trio de amigos já havia garantido os primeiros lugares da fila. Rodrigo da Silva, André Luís Almeida e Vanessa Ramos chegaram às 7 horas e 15 minutos e não viam a hora das portas serem abertas. “Eu imagino que a peça tenha um pouco da realidade de hoje, com direito a falsidade e intriga”, diz Rodrigo, que estuda administração teatral na EAT – Escola de Artes Técnicas, em Nova Iguaçu. O rapaz, logo que soube da programação do evento, convidou os amigos. Rodrigo e André compareceram à abertura, na noite de quarta-feira, deixando Vanessa “revoltada” ao contarem sobre as maravilhas vistas sobre o palco. “Ela está assim porque não pôde vir”, diverte-se contando. André, por sua vez, demonstrava grande expectativa para “Homem nenhum”, que em breve seria iniciado: “Como na programação uma peça parece ser melhor do que a outra, a gente sempre espera mais do que vimos no dia anterior”, conta ele, lembrando de “Inveja dos anjos”, apresentado pelo “Armazém Companhia de Teatro”.

Na porta do lado direito, Silvania Lessa, que também ocupava um dos primeiros lugares da fila, não pôde deixar de comentar: “Só pela peça ser baseada na obra de Nelson Rodrigues já deve ser maravilhosa”. O organizador Tiago Costa ainda complementa. “O espetáculo de hoje é bem denso. É um grande exemplo do que é fazer teatro”. Para alegria dos realizadores, que se mantém em constante agitação por conta das montagens diárias, e surpresa do público, “Homem nenhum” não faria uso de cenário, baseando-se no talento de interpretação e na fé cênica de seus atores. “Eles fazem uso de figurinos muito simples e um adereço de cena que revela a história inteira”, adianta Tiago.

A “Luminous Cia. de Teatro” integra o grupo das 15 companhias selecionadas, dentre 60 inscritas. Todos os espetáculos foram assistidos e debatidos por uma comissão de três grandes nomes do teatro e cultura, através de vídeos enviados. “Teve também o espetáculo convidado”, conta Tiago sobre “Inveja dos Anjos”.


Meia hora antes do horário previsto para abertura das portas, um doce canto passou a preencher o hall de entrada: eram as meninas da “Cia. do Sol”, trazendo a performance “Mamãe Iemanjá”. Com uma narradora e uma intérprete da rainha das águas salgadas, a dupla fez uma apresentação lúdica, repleta de musicalidade. “Elas são atrizes que já moraram na baixada, estão agora no Rio de Janeiro”, revela Éverton Mesquita, um dos idealizadores do Encontrarte, cuja marca registrada é o constante sorriso estampado no rosto. Ele explica que a apresentação trata-se de uma fração de um espetáculo produzido pela companhia. “Não são só elas duas, o elenco é maior. Mas como as performances não podiam ter mais de 2 pessoas, elas pegaram uma parte para apresentar pra gente”, explica.

Apesar do período curto, cerca de 15 minutos de apresentação, a cena mostrou, com clareza, um início, um meio e um fim. “Elas revelam como é Iemanjá, a beleza dela, o sofrimento, como o marido a tratava”, pontua Éverton, continuando: “Não adianta você apresentar uma performance que deixe o público confuso”.

As atrizes demarcaram o espaço com areia, pétalas, e pedrinhas azuis, trazendo um recorte que remetesse a praia para o interior do SESC. “ Fica claro que essa performance passa-se na beira do mar”, avalia o produtor.

Assim como as peças, as cenas que as precedem também passaram por avaliação. Houve um grande cuidado quanto à classificação das mesmas, para que pudesse ser feita a divisão de quais seriam apresentadas pela manhã ou pela noite. A diferença é que as performances foram todas apresentadas ao vivo e não em vídeo. “Foram apresentadas mais de 50 performances. Foi no Sylvio Monteiro, precisamos ficar lá das 18h às 2 da manhã”, revele Éverton. Na ocasião, estavam presentes os cinco produtores do Encontrarte. O próprio Éverton Mesquita, Fábio Mateus, Mário Marcelo, Tiago Costa, Claudina Oliveira  e Ribamar Ribeiro, que orientará a oficina “O teatro e seu valor artístico na estrutura da pesquisa de linguagem”, nos dias 29 e 30 de setembro e 01 de outubro. “Todas essas performances que o público está vendo e vão ver, nós já escolhemos antes lá”, conclui o homem do sorriso.

Com o término de “Mamãe Iemanjá” as portas foram abertas. Em instantes os assentos do teatro já estavam todos ocupados. Fez-se o sinal que a peça estava para começar. Na primeira fileira, Laísa Cardoso soube que o texto de “Homem nenhum” foi baseado na obra de Nelson Rodrigues. A jovem, que há poucos meses apresentou, em sua formatura de teatro avançado, uma peça do mesmo gênero, se emocionou com a informação. “Muita emoção, muito anjo pornográfico”, exclama Laísa, utilizando o termo “rodriguiano”. “É a primeira vez que venho ao Encontrarte. Espero que seja um bom espetáculo. Desejo muita “merda” para quem estiver participando”, declara, empolgada.

O espetáculo inicia com todo o elenco em cena: Ivan de Oliveira, Lucimar Sena, Rose Cardoso, Simone Leal, Tatiana Oliveiraz e Valério Bandeira, numa demonstração de tamanho sincronismo. Cotinha, a narradora, ganha em seguida a atenção total do público, quando lança as palavras: “Em nossa família, todas as mulheres que amaram foram desgraçadas. Por isso, nunca amei homem nenhum... homem nenhum”. Inicia-se então toda a saga da narrativa, repleta de traições e polêmicas. O público reagia com fervor às cenas típicas do universo de Nelson Rodrigues, que recebeu um tratamento especial de Ivan de Oliveira. Também atuando na peça, o autor arrancou muitas risadas e assombros dos espectadores.

A minuciosa iluminação ficou por conta de Pablo Rodrigues, complementada pela trilha sonora de Fabio Terranova. “Homem nenhum”, dirigido por Josué Soares possui ainda profissionais de figurino, maquiagem e cenografia, dentre outros. “É fabuloso, é uma equipe maravilhosa”, diz Ivan de Oliveira, apaixonadamente. Foi dele a proposta de vivenciar a obra do polemico autor nos palcos, que logo foi abraçada pelo grupo.
Aplaudidos de pé, o grupo exibia sorrisos de satisfação e uma sensação de dever cumprido.

“A apresentação foi ótima. O público foi maravilhoso participando”, afirma Ivan, que aproveitou o momento para felicitar: “Eu quero parabenizar Nova Iguaçu por essa iniciativa de convidar os grupos de outras regiões para estarem se apresentando aqui”, diz em nome da Luminous, vinda de São Gonçalo. Ainda no palco, o elenco recebeu uma placa de homenagem da produção do Encontrarte.

Observadora da memória popular

sábado, 26 de setembro de 2009

"História de passarinhos" ensina crianças da cidade a preservarem a natureza"

A história de hoje teve inicio em 2000, quando Fátima Rodrigues, professora e atriz, resolveu compor e apresentar para crianças as lendas de nosso país. Nasceu então o CD “Cores, cantos e contos do Brasil”. Foi nesse momento que Wilson Belém, um grande amigo de Fátima, também professor e diretor de teatro, entusiasmado com o resultado do CD, resolveu entrar na brincadeira e ajudar a companheira a escrever um roteiro com o tema: música, conto e natureza. Surgiu, em 2004, o espetáculo “Histórias de Passarinhos”. Mas ainda faltava alguma coisa: uma terceira voz. E para formar esse trio foi convocada Marcela Galvão. A partir deste momento, não pararam mais. Inspirados, embarcaram pelo mundo dos contos e formaram a companhia de teatro independente Conto e Encanto.

Quando surgiu o texto, onde o tema central era preservar a memória popular e a natureza, Wilson começou a pesquisar lendas e Fátima virou oficialmente uma observadora de pássaros. “Poder trabalhar com crianças, resgatar nossa história e ensinar que é preciso valorizar a cultura, tudo isso é prazeroso demais. Não vivemos de arte, mas isso é o que faz valer a pena”, disse Wilson.

Sobre o trabalho já realizado pela companhia, Fátima comenta satisfeita: “Nós começamos apresentando esse espetáculo na prefeitura do Rio de Janeiro. Depois participamos do ”Teatro é Vida”, levando nossas histórias para hospitais. Com isso, fomos chamados para o Circuito SESC após realizamos uma temporada, na qual fizemos dezoito apresentações para as crianças das escolas do entorno da Linha Amarela, a convite da LAMSA, administradora da via”.

A chuva da manhã de quinta-feira não atrapalhou em nada. O teatro do Sesc estava lotado de crianças, jovens e adultos que embarcaram na melodia e na história do encantador Menino com alma de pássaro, que, com ajuda de Dona Velha, ensina ao Moço da cidade grande a importância de respeitar a natureza. “Eu gostei muito”, diz com os olhinhos brilhantes, Thais Lima, de 8 anos.

Participando pela primeira vez do Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense, o grupo que se apresenta pelo Rio de Janeiro há quatro anos, não proporcionou apenas sorrisos e entretenimento para quem acompanhou o espetáculo. “Eu gostei muito porque ensina verdadeiramente as crianças sobre nossa história e sobre a importância da natureza”, comentou a normalista Thabata Ferreira, 18. Joyce Vicente, 17, também normalista, completou: “Um evento assim dá a oportunidade de que todos tenham acesso à cultura. E o espetáculo nos oferece um conhecimento que é adquirido e que será repassado em casa, na escola e na vida”.

A morte com um olhar divertido

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

No segundo dia do Encontrarte a Companhia de Arte Popular encanta as crianças com o espetáculo “A incrível peleja de Simão e a morte”


O palco estava montado, nada alem do hall de entrada para o teatro do Sesc. O público estava disperso a espera da abertura das portas, quando de repente teve inicio a segunda intervenção do ENCONTRARTE 2009: “A incrível peleja de Simão e a morte”. O que esperar de uma cena com esse nome? “Talvez todos estejam de preto”, disse Thalita Cardoso, de 16 anos. Mas a arte também entretém, educa e principalmente surpreende. A peça teve um Jesus na perna de pau, um caboclo bom de papo e uma morte com flores na cabeça. Desta forma, a Cia de Arte Popular conquistou todos aqueles olhos, antes distantes, e que a partir daquele momento, se voltavam para o desenrolar do espetáculo.

“A incrível peleja de Simão e a morte”, é um espetáculo inspirado no cordel de mesmo nome. A peça se baseia na historia do caboclo Simão que não quer morrer. Chegado o dia de sua morte, com 30 anos de idade, ele tem a oportunidade de conversar com Jesus e pedi-lo mais 30 anos de vida, alegando ser um homem bom. Jesus concede, mas quando a morte vem o buscar ele tenta novamente trapacear, mas ela o engana.

Um espetáculo premiado, que brinca com o desejo universal dos seres humanos de evitar a morte, foi escolhido no ano passado como o melhor espetáculo de cultura popular pela Universidade Veiga de Almeida. Este ano, ganhou a medalha de prata em uma disputa de peças em Rio das Ostras. Há dois anos a historia de Simão vem sendo comentada no Rio de Janeiro, e já foi contada em diversos municípios da Baixada Fluminense, da Região Serrana e da Região dos Lagos, rodando teatros e escolas.

Todos os integrantes da Cia de Arte Popular são professores e animadores culturais em escolas do estado do Rio de Janeiro. Eles se conheceram durante uma ação cultural em uma praça de Duque de Caxias, que tinha atividades para trabalhar o teatro com as crianças do município. Desde então o grupo não parou. Com onze anos de historia, a companhia tem apenas cinco integrantes, que escrevem, atuam, fazem os figurinos e ajudam na preparação da trilha sonora.

O integrante e fundador da companhia Cesário Candhí, comentou sobre a segunda participação da companhia do Festival de Artes Cênicas da Baixada Fluminense: “Foi mais do que interessante, se tornou engraçado. Estávamos com medo porque no horário tinha muitas crianças pequenas. Nós usamos uma linguagem coloquial adulta e falamos da morte. Mas quando a Nancy se apresentou, dizendo ‘Eu sou a morte’, ao invés delas ficarem com medo, elas caíram a rir”.

O grupo estará no dia 9 de outubro, às 15h, com a peça infantil “Lixo no lugar errado, to fora!” e às 19h com “A incrível peleja de Simão e a morte”, em apresentação única no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Vale a pena conferir!

Memórias do esquecimento

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

“A inveja dos anjos” abre a maratona de espetáculos da 8º edição do EncontrArte

A inveja dos anjos” deu início à maratona de espetáculos teatrais da oitava edição do Encontrarte na noite desta quarta-feira, no palco do Sesc de Nova Iguaçu. Com trilhos que levam a caminhos inesperados e trazem pessoas de lugares distantes para esta pequena cidade na beira de uma ferrovia, que é à base de toda esta dramaturgia que encantou a todos que aplaudiram de pé no fim do espetáculo.

A história se passa a partir das memórias de Tomás, dono de um sebo e escritor frustrado, que não gosta de seus próprios textos. Decidido a queimar os papeis no quais escrevera suas lembranças com uma velha máquina de escrever, Tomás se reúne com as amigas Cecília e Luisa para , juntos, apagarem todas as histórias que armazenam no coração. O surgimento inesperado de uma filha , Natália, causa uma grande reviravolta em sua vida e ele desiste de suas intenções. A filha procurou Tomás porque não suporta mais conviver com a dependência química da mãe.

Luisa tem problemas de relacionamentos com a mãe, cuja doença a obrigou a sacrificar toda sua juventude. Já Cecília sofre por causa de um amor que partiu há 15 anos sem ao menos se despedir, com a desculpa de que ia comprar cerveja. Depois de várias aventuras, Roco volta a procurar o grande amor de sua vida. Embora tenha voltado para sua terra natal em nome dessa paixão de juventude, ele não tem a certeza se realmente a ama.

O Armazém Cia. de Teatro seduz os espectadores aos poucos. Um leve toque cômico faz com que o passado se materialize em cena, mostrando o vaivém dos personagens em conflito com suas memórias. O fio condutor de todas essas histórias é o carteiro Eleazar, que lê as correspondências e interfere no rumo da vida das outras pessoas enquanto se pergunta se entrega ou não as cartas que iriam mudar a vida das pessoas.

Homem nenhum

Luminous Cia. de Teatro mostra que desejo de amar pode tornar-se uma maldição


O Encontrarte recebe hoje no teatro do Sesc, às 20 horas, a Luminous Cia de Teatro. Há 11 anos, a companhia - ainda conhecida por muitos como “Grupo Teatral Só Isso... e + nada” - tem marcado seu espaço nas artes dramáticas. “Homem Nenhum” é a primeira produção do grupo com o novo nome. O espetáculo é uma adaptação de Ivan de Oliveira de “A vida como ela é”, de Nelson Rodrigues, grande inspirador do grupo.

“Homem Nenhum” estreou em 2008 Festival de Teatro da FETAERJ – a Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio de Janeiro. A estreia não podia ter sido mais auspiciosa: o grupo recebeu nada menos que 14 indicações para as 15 categorias que estavam disputando o Prêmio Paschoalino. Melhor espetáculo, melhor atriz, melhor direção, melhor preparação corporal, melhor sonoplastia e iluminação foram os prêmios concedidos à Luminous. Os jurados ainda deram um prêmio especial dos jurados para Ivan de Oliveira, que também atua na peça.

Além de Ivan de Oliveira, também fazem parte do elenco Lucimar Sena, Rose Cardoso, Simone Leal, Tatiana Oliveiraz e Valério Bandeira. O espetáculo, que é dividido em três partes, gira em torno de Cotinha. Uma das falas da personagem sintetiza a dimensão dramática do espetáculo. “Em nossa família, todas as mulheres que amaram foram desgraçadas. Por isso, nunca amei homem nenhum... homem nenhum”.

A peça promete balançar com as estruturas do público ao revelar os segredos contidos nos dois quadros iniciais, com fortes doses de emoção. ““Homem Nenhum” possui uma dimensão trágica que permeia a vida de todas as mulheres da história, para contar como o desejo de amar pode tornar-se uma verdadeira maldição”, diz a descrição em uma página do grupo, na internet.

Além da qualidade das atrações, a entrada do Encontrarte é gratuita. Portanto compareça, divulgue e absorva ao máximo os próximos nove dias.

Enquanto o Zé não vem

Gabiru faz a primeira performance do Encontrarte

Primeiro dia do Encontrarte, 23 de setembro. Uma noite de quarta-feira com aspecto chuvoso. O que não importou às pessoas que já faziam fila antes das dezessete e trinta, para o evento previsto para as dezenove e trinta. Com isso, os portões foram abertos mais cedo, às dezenove, e não demorou nada para começar a performance musical do artista Robson Gabiru.

“A Volta da Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, abre a apresentação do cantor e compositor que passou cinco anos viajando de trem e anotando tudo que os ambulantes diziam. Assim foi criada uma de suas músicas de maior sucesso, “Quem Mais Querem”. Nesta, vende-se desde “minduim” a desentupidor de fogão a gás e “encicoprédia”, passando por picolés com caroço e bichinho.

Durante a apresentação, Gabiru fala da importância da participação e do comparecimento do público da cidade e da produção de pessoas da cidade. Além do orgulho por tocar na própria cidade e receber o reconhecimento.

Apesar de uma apresentação de poucas músicas, o público curtiu e queria um pouquinho mais no final. O músico iguaçuano anunciou, então, que no dia vinte e cinto, sexta-feira, vai acontecer seu espetáculo completo, o que inclui o sucesso da música do “Zé”. Quem ficou curioso, terá que ir ao SESC na sexta-feira para saber quem é o Zé.

A melhor maneira de aguardar a apresentação de Gabiru é fazendo o que o Zé enfim foi fazer.

EncontrArte agita os palcos de Nova Iguaçu com 16 apresentações teatrais

quarta-feira, 23 de setembro de 2009


A partir de hoje, inicia a oitava edição do Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense (EncontrArte). O evento, que reunirá apresentações de grupos teatrais de todo o Rio de janeiro, acontecerá entre os dias 24 de setembro e 03 de outubro. A maratona será realizada no SESC e no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, em Nova Iguaçu, e contará com 16 espetáculos gratuitos para o público infantil e adulto. O EncontrArte, que reuniu mais de 60 mil expectadores, em quase 100 eventos realizados nos últimos sete anos na Baixada Fluminense, apresentará oito espetáculos para maiores de 14 anos, que serão apresentados sempre às 20h, e oito espetáculos com censura livre apresentados em horários de 10h, 16h e 20h. Entre as peças do circuito estão “A Incrível Viagem da Família Aço”, “Histórias de Pássaros”, “A Turma do Chaves”, além de “Os Intrusos” e “Sete Cabeças.

Um dos cinco idealizadores do evento, o produtor e ator Everton Mesquita, explicou a importância deste evento para a Baixada. “É um movimento único que acontece todo ano sem interrupções. Ele se tornou um aglutinador de grupos culturais. Muitos deles estão sendo reconhecidos e fazendo mais trabalhos depois da participação do Encontro. A importância para a Baixada é muito grande, pois queremos mostrar o que tem acontecido de bom no teatro e formar plateia. Nossa intenção é fazer com que nunca deixem morrer esta arte”, contou. Ele explicou ainda que todo ano é aberto um edital para os grupos de teatros, no qual são selecionados alguns deles para a apresentação no encontro. Segundo Everton, os grupos ganham um cachê e mais importante que isso, a divulgação do trabalho.

Além das peças, o EncontrArte realizará ainda oficinas de atualização profissional e um seminário. Nesta edição, acontecem oficinas sobre “O Teatro e o seu valor artístico na estrutura de pesquisa de linguagem”, ministradas pelo ator, dramaturgo, diretor teatral e professor Ribamar Ribeiro, e “O Teatro Infantil e Texto Teatral na Escola” com o dramaturgo, diretor teatral e especialista em literatura infanto-juvenil, Carlos Augusto Nazareth. O seminário terá o tema “Teatro para Infância e Juventude: o que estamos fazendo”. No debate, terá a presença de profissionais de diversas áreas de atuação, como a atriz Ana Cândida Moura, o autor e diretor teatral Caique Botkav, o diretor teatral Eugênio Santos, a diretora teatral Lúcia Coelho, o diretor e escritor teatral Ribamar Ribeiro, o diretor teatral e cineasta Marcus Vinícius Faustini, o dramaturgo Carlos Augusto Nazareth e a ouvidora do Ministério da Cultura na região Suldeste, Lúcia Prado.

Será destaque este ano a apresentação da peça “Inveja dos anjos”, do Grupo Armazém, vencedor do Prêmio Shell de Teatro, com atores de São Paulo e Minas Gerais. Além da peça infantil “Cabeça de Vento”, com a escritora, cantora e atriz Bia Bedran. Também serão feitas muitas homenagens, entre elas, na categoria Baixada, para o ator iguaçuano, dramaturgo e produtor de novelas, Marcelo Borgui. Já na categoria nacional, será reverenciada no evento a atriz e maquiadora Rogéria. “Na verdade, serão as principais e verdadeiras estrelas do EncontrArte os grupos teatrais e o público”, finaliza Everton.
 
Confira mais informações ea programação completa do EncontrArte: Clicando aqui.

Discutindo relações

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Domingos de Oliveira faz o público delirar (no bom sentido) com "Todo mundo tem problemas sexuais" no terceiro dia do Iguacine. por Edson Borges Vicente O fechamento do sábado, dia 29, no II IGUACINE teve grandes surpresas. O diretor Domingos de Oliveira - produtor do longa "Todo mundo tem problemas sexuais" - viu lotar o teatro do Centro Cultural Silvio Monteiro. Entre risadas e gargalhadas, o público não se conteve com atuação brilhante de Pedro Cardoso, Cláudia Abreu, Priscilla Rozembaum , Orã Figueiredo e Paloma Riani que, numa mistura da peça teatral em cartaz já há dez anos com o a linguagem do cinema, arrancou toda a emoção possível do público. Procurando separar a sensualidade da vulgaridade em uma linha muito tênue, o filme foi, a que tudo indica, o mais polêmico do dia. A platéia só ficou quieta em poucas cenas com mais suspense mas que, ao final, sempre terminavam na mesma coisa: risadas. Terminada a exibição o cineasta bateu um longo papo com o público que muito interagiu com ele. Com certeza todos os presentes sairam dalí diferentes, ao menos com muita pergunta pelo ar. Esse terceiro dia do II Iguacine foi marcante e o encerramento vai ser, com certeza, muito emocionante. Interatividade: Você costuma se perguntar se tem problemas em sua relação amorosa?

Cinema cidadão

Cine Santa é um dos homenageados no II Iguacine por Robert Tavares O Cine Santa Teresa fez sua primeira exibição em Santa Teresa no dia 23 de junho de 2003, apresentando o sucesso nacional "Deus é Brasileiro". Nestes mais de seis anos de funcionamento o cinema ocupou, por mais de dois anos, todos os domingos, a Igreja Anglicana do bairro. Exibia filmes de arte para os cinéfilos e revertia parte da renda obtida com a venda de ingressos para as obras sociais.
Ultimamente o Cine vem sendo considerado um dos pontos mais influentes e visitados - em comparação aos outros cineclubes espalhados pela cidade - do Rio de Janeiro. "Os moradores de Santa Teresa são os cinéfilos que mais assistem e prestigiam o cinema nacional", diz Fernanda Oliveira, que fundou o cineclube junto a seu marido, Adil Tiscatti. Ele foi considerado o maior exibidor de cinema brasileiro 2008/2009. Pelo segundo ano consecutivo, o Cine Santa Teresa conquista o Prêmio Adicional de Renda da ANCINE (Agência Nacional do Cinema), como o maior exibidor de cinema brasileiro de todo o país. Tendo exibido 33 títulos nacionais, o Cine Santa ficou em primeiro lugar no ranking de exibidores. Mas não para por aí. Ontem, no último dia de II Iguacine, um dos homenageados da noite foi o Cine Santa, que foi aplaudidíssimo pelos presentes. "Eu acredito plenamente na arte, em viver de cultura, é difícil sair de uma sala de cinema sem ser transformado, fico completamente emocionada e grata em receber essa homenagem feita pelo Iguacine". Em seu discurso de agradecimento, o casal disse: "A Baixada sai ganhando, porque inaugurou a primeira escola de audiovisual, isso é um marco, investir é um ganho, aliás o Rio ganha mais, ou melhor, o Brasil! Nós somos um povo, é nossa essa conquista", comemora Adil Tiscatti. "Eu fundei na minha cabeça, e no meu coração", diz Fernanda, que há muito tinha vontade de criar a primeira sala de cinema de Santa Teresa. Desde o início, Fernanda e Adil foram totalmente apoiados pelos amigos do bairro onde moram. "Eles abraçaram a ideia. Não foi surpresa, eu já sabia que todos necessitavam de um cinema, eu e os moradores começamos a batalhar por espaço, horários, filmes". Em dezembro de 2005, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro convidou o cinema para ocupar uma das salas do prédio da XXlll RA e assim poder funcionar todos os dias, como desejavam os moradores. Este convite viabilizou um dos maiores objetivos: ampliar o número de frequentadores. Com várias sessões diárias, o cinema pode ampliar seus programas e desenvolver métodos sócios-culturais-educacionais voltados para todas as classes sociais do bairro. Essa evolução pode ser observada apenas pelo atual espaço onde acontecem as exibições. "Hoje em dia somos cinema, oficialmente falando", conclui Fernanda. Aos interessados, eis o endereço de um dos cineclubes mais badalados da cidade: Cine Santa Teresa - Largo do Guimarães, 136 Interatividade: Você já andou no bondinho de Santa Teresa?

 
 
 
 
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