por Lívia Pereira
O tempo e espaço da maioria dos adolescentes, a escola, foi o palco da entrevista com Joyce da Costa, autora dos quadrinhos “Electron tenn”, “ Nizz” e outros.
Em meio à confusão de gritos, fila de cantina, brincadeiras e correria na hora do intervalo, um recanto de tranquilidade e sensatez se alicerçava a cada palavra dessa jovem escritora e desenhista.
Aos seus quatorze anos, já sabe o que quer da vida, e da esperança de trabalhar com desenho vem a vontade de ser arquiteta. Dedicada a tudo que faz, vê-se a sutileza de suas fronteiras entre a escola e o mundo, entre as altas notas que tira e os desenhos descontraídos que faz.
“Eu sempre observava o meu primo quando ele desenhava, até consegui imita-lo, mas eu não fiquei satisfeita. Eu queria ter meu estilo próprio...”
Nunca visitou uma escola de desenho, mas assume nos traços de seus personagens a firmeza de quem evolui em seu talento. Seu primo, que hoje não vive mais tão próximo dela, quando a encontra, dá algumas dicas que são suficientes para que ela inicie por si mesma seus novos modelos de aprendizado. A determinação é seu mestre.
Tendo o desenho como passatempo, ela conta que só reproduzia personagens de anime, mas daí em diante foram surgindo ideias que, despejadas no branco do papel, ganharam forma geométrica e um tanto artística: o quadrinho.
Esses quadrinhos se tornaram suas pequenas janelas, de transposição do que seus olhos viam e de exposição ao que os outros olhos podiam ver.
Com temática adolescente e influência na linguagem da internet, seus quadrinhos falam sobre lan houses, matérias escolares, namoro, super-heróis e são povoados de “ñ”, “vc”, “q”, etc. Uma de suas histórias trata de questão amplamente discutida por educadores: alunos dispersos em sala de aula por conta da excessiva atenção a jogos de computador. Dormem tarde, fogem das aulas para ficarem o máximo de tempo conectados à internet e “desconectados” da escola.
Através de sua própria realidade, ela cria seus textos e desenhos. Antenada ao que está ao redor, acaba influenciando, mesmo sem querer, aos colegas que leem seus quadrinhos sempre aguardando o próximo número. “A divulgação é feita através dos amigos mesmo. Alguns até pedem que eu desenhe pra eles.”
Joyce conta que não conhece os grandes nomes da pintura ou grandes nomes dos quadrinhos como Laerte, Gustavo Duarte, Kurt Busiek, mas nos mostrou que já conhece o que sabe fazer. E saber é porta de entrada pra muito mais saber e pra muitas outras portas.
2 Comentários:
Belo texto =]
thanks...
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