por Josy Antunes
Para explicar o encontro – onde também estiveram presentes o produtor Raul Fernando e a primeira dama de Nova Iguaçu, Maria Antônia Goulart – farei, com a promessa de tentar ser breve, um passeio textual cujo início remonta ao dia 15 de abril do presente ano. Quando, às 18 horas, houve a seleção para mais uma das experimentações da direção da escola: a turma de Desenvolvimento de Projetos, que aconteceria em parceria com a UFRJ – a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao todo, dez pessoas seriam selecionadas e, divididas em duas turmas, receberiam orientações de Ilana Strozenberg e Fernanda Bruno, ambas doutoras em comunicação e importantes professoras da UFRJ.
Como já deixa explícito o nome da turma, elas auxiliariam na pesquisa que culminaria num projeto, locado em Nova Iguaçu, que integraria o programa “Da palavra à imagem”. A seleção dos alunos – que tinham como exigências mínimas já ter participado de algum curso na ELC e ter uma ideia na cabeça – aconteceu da seguinte forma: recebemos um lápis preto e uma folha de ofício, onde deveríamos descrever, em sete linhas, o tema de nosso possível projeto. No verso da folha - a parte onde deveríamos ter um bom domínio de persuasão - deveríamos, também em sete linhas, defender a importância de nosso projeto para a cidade.
Pega de surpresa, escrevi sobre inquietações pessoais do dia-a-dia: os porquês de certas convenções incorporadas no cotidiano. A ideia deveria ser defendida minutos depois, perante uma banca formada por três avaliadores. Entre eles estava o pesquisador Écio Salles, que representava o elo entre ELC e UFRJ.
As turmas selecionadas ficaram da seguinte forma: Wallace Santos, Cristiane Santos, Alan Santos - sim, é pura coincidência – Elaine Cristina e Ester Brandão que, como viríamos a saber, seriam orientados por Fernanda Bruno. Enquanto Ilana Strozemberg caminharia comigo, Kelly Cristina, Alexandre dos Santos, Andréa Souza e Shirleimare Freitas.
Depois da primeira reunião, de apresentação, passamos a ter encontros quinzenais, na sala de animação da ELC. Foi lá onde começamos a fazer os recortes e dar forma a nossas ideias. A minha, por exemplo, transformou-se numa pesquisa baseada na atemporalidade dos uniformes de normalistas, figuras comuns pelas ruas de nossa cidade. A de Kelly mostraria os artistas de rua. Alexandre decidiu por mergulhar no universo dos compositores iguaçuanos, escolhendo cinco personagens: dentre eles a jovem vencedora do festival de música do Instituto de Educação Rangel Pestana, o Repentista Miguel Bezerra e o rapper Nike, do Bloco 18. Andréa daria foco aos vendedores ambulantes, mais especificamente um grupo que fixa seu ponto de vendas na Via Light. Enquanto Shirlei, por fim, trataria da peculiar linguagem dos “pipeiros”.
Enquanto desenvolvíamos nossos projetos, também participamos do “Colisões”, uma iniciativa do PACC – Programa Avançado de Cultura Contemporânea – em conjunto com a Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu. Todas as quintas-feiras eram reservadas a esses encontros, que aconteciam na ECO – Escola de Comunicação – da UFRJ. O nome “Colisões” já dá indícios do que esses dias nos reservavam. Nós, alunos da ELC, juntamente com alunos de comunicação da UFRJ, éramos guiados, em nossos voos entre literatura, cores e imaginação, por Bianca Ramoneda e Dante Nogueira. Respectivamente: poeta da Zona Sul e grafiteiro de Nova Iguaçu. Sobre a mistura de experimentações que a dupla nos proporcionou, aliadas as visitas de mestres em autores como Clarice Lispector e Lima Barreto, poderia fazer um relato de estrondosa extensão. Mas opto por afirmar: Saía da ECO, a cada quinta-feira, em estado de êxtase.
Após meses buscando referências bibliográficas, fazendo entrevistas e pesquisas, formatamos nossos projetos, naquele clássico modelo de apresentação: contendo objetivos, justificativas, discussão teórica e tudo o mais. Projeta-se a culminância em nove produções audiovisuais e uma exposição fotográfica. E é nesse momento que retorno ao presente, ao início desse texto: a tal reunião decisiva. “Vocês aqui são um grupo experimental. A gente está testando como trazer o doutorado da UFRJ pra trabalhar com alunos que não são do doutorado, e muitos nem cursaram a universidade, e construir uma coisa que seja interessante tanto pra quem está aqui quanto pra quem está lá no Rio. E isso é inédito”, depõe Maria Antônia.
Nosso próximo passo será o envio de três vias de nossos projetos, para a Escola Livre de Cinema, até 30 de novembro. E então, um novo processo de seleção nos aguarda: defenderemos nossos projetos perante uma banca. Após a avaliação é provável que apenas um seja escolhido para ser posto em prática, com o apoio da ELC. O produto final, seja dos filmes ou exposição, será visto com prioridade pelo público do III Iguacine, que acontecerá ano que vem. “Dia 7 de novembro eu quero vocês arrebentando, deixando essa banca de quatro. Vai ter filósofo e artista plástico”, já anuncia Faustini, para nosso encorajamento ou temor.
A construção das pesquisas, feitas pela turma da Ilana, ficou registrada aqui: http://nosdoblog.blogspot.com/. Já a turma da Fernanda pode ser encontrada no http://dapalavraaimagem.blogspot.com/.
0 Comentários:
Postar um comentário