Versatilidade a preço popular

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

por Mayara Freire e Dariana Nogueira


Neste mês de novembro, o Centro Cultural do Banco do Brasil, do Rio de Janeiro é palco da mostra cinematográfica “A Elegância de Woody Allen”. Estão sendo exibidos a preços populares, de R$ 6 reais, e para estudantes a R$3, sua filmografia com produções de 1965 até 2009. No espaço, quarenta filmes em película do cineasta serão exibidos, inclusive o ainda inédito no Brasil “Tudo pode dar certo”. Filmes em que ele trabalhou como roteirista e ator, alguns filmes que o influenciaram, além de uma média-metragem sobre a vida dele dirigida por Godard também fazem parte da mostra. O evento teve início no dia 03 e permanecerá até o dia 29 de novembro. O centro cultural também preparou debates e cursos ministrados por especialistas para complementar a mostra.

Seus últimos filmes de sucesso foram quando Allen decidiu reatar com o drama. Primeiro veio a aproximação com o gênero, com o “Melinda e Melinda”, seguido de “Match Point”, que foi o primeiro drama do cineasta, em 16 anos, provocando extasiados elogios da crítica. Isso rendeu quatro indicações ao Globo de Ouro, inclusive para Melhor Filme – Drama, e uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. “Match Point” marca ainda por ser o primeiro filme de Allen passado em Londres e também o primeiro com a nova queridinha do diretor, a atriz Scarlett Johansson. Mas, os fãs das comédias de Woody também não têm o que reclamar. O diretor retornou à comédia em seu projeto seguinte, “Scoop”, também com Scarlett.

Em 2008 lançou o filme “Cassandra's Dream” (O Sonho de Cassandra), um filme sobre dois irmãos com problemas de dinheiro, que são contratados pelo seu tio milionário para assassinarem um inimigo dele. Foi um filme muito mal recebido pela crítica e considerado um dos piores de Woody Allen. O realizador não entra neste filme. Entretanto, apesar de receber críticas em diversas fases de sua carreira, em 2008 arrebatou grande repercussão entre o público, com a realização do filme “Vicky Cristina Barcelona”.

O Cultura NI procurou quem entende do assunto, para conversar sobre o diretor e sobre a mostra: o repórter e crítico de cinema Rodrigo Fonseca. O jornalista, que é colaborador do “Blog do Bonequinho” d’O Globo, já entrevistou Woody Allen três vezes e o considera um grande representante histórico do cinema.
Cultura NI: Fale-nos um pouco sobre o processo e a experiência de entrevistar o Woody Allen.
Rodrigo Fonseca: Eu falei com o Allen por três vezes: a primeira foi em 2006, por telefone. Depois em 2008 e novamente em 2008, agora pessoalmente, quando apresentou “Vicky Cristina Barcelona” no Festival de Cannes. Foi uma grande experiência, Allen é basicamente o que vemos nos filmes, aquele sujeito dinâmico, elétrico. Ele não é caloroso, mas é muito atencioso. Foi uma grande realização profissional, porque foi algo que consegui com muito esforço. Mas, sobretudo, uma realização pessoal, pois me interesso muito pelo cinema dos anos 70 e acho que ele representa bem essa fase. Foi uma verdadeira aula.

Cultura NI: Quais suas impressões, de forma geral, sobre o trabalho dele?
Rodrigo Fonseca: Ele é muito mais rico, do que as pessoas pensam. Allen cria um cinema novo a cada filme, esse é o diferencial dele. Enxergamos muito o comediante, mas, para além da comédia, quando ele se aproxima do drama, por exemplo, faz um cinema excepcional. Além de tudo, é um ator maravilhoso. Nesse sentido, algo que gostaria de destacar é o trabalho do dublador brasileiro dele, Elcio Romar, que também faz um trabalho incrível.

Cultura NI: O que você achou da declaração de Caetano Veloso, ao jornal paraibano “A União”, sobre Woody Allen, dizendo que ele é careta, reacionário, muito hétero, além de ter uma visão estreita e que é um cineasta pequeno?
Rodrigo Fonseca: Há algo que uma historiadora, que gosto muito, costuma dizer, e acredito que se enquadra bem nessa questão: “Certas coisas não se falam em público”.

Cultura NI: Sobre Allen filmar no Brasil, em sua opinião, o que isto significa para o país, no âmbito cinematográfico?
Rodrigo Fonseca: Pra mim é uma vitória. É uma possibilidade de mostrar o Rio fora, sob a ótica de um profissional de peso. Criaremos um núcleo cinematográfico para recebê-lo, o que não deixa de ser bom para nós, além do diálogo que estaremos propiciando.

Cultura NI: Já conferiu a mostra no CCBB, o que achou?
Rodrigo Fonseca: Sim, já fui. O Ângelo Defanti que é o curador da mostra, selecionou filmes que não temos mais oportunidade de assistir na telona, é uma seleção muito cuidadosa que, dentre outros aspectos, desconstroem o Woody Allen como o “diretor da palavra”, como muitos dizem. O filme “Alice”, por exemplo, é um grande exemplo disso.

A programação do evento pode ser encontrada no site: http://www.woodyallen.com.br/  Para saber mais sobre o trabalho de Rodrigo Fonseca, acesse: http://oglobo.globo.com/blogs/cinema

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