Mentes aberta

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

por Fernando Fonseca


Textos literários, professoras da rede municipal de Ensino de Nova Iguaçu, um compositor e um doutor no campo da educação. Esses foram os ingredientes para a criação do projeto ministrado pelo secretário de cultura de Nova Iguaçu, Marcus Vinícius Faustini, com o secretário adjunto de cultura, Écio Salles, que visam à utilização de adaptações literárias para o cotidiano dos alunos como ferramenta de ensino nas salas de aula.

A ideia inicial do projeto era adaptar o poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, para o teatro, mas a participação na campanha Funk é Cultura, durante a qual o deputado estadual Marcelo Freixo atraiu as melhores cabeças do Rio de Janeiro para a ALERJ, fez com que tanto Faustini quanto Salles pensassem numa parceria com o MC Leonardo, criador de alguns dos maiores clássicos do gênero e um dos expoentes da luta pela legalização dos bailes. “Agora nossa ideia é transformar o I-Juca Pirama em um funk”, conta Écio Salles.

Os dois se reuniram com cerca de 50 professoras da rede pública na Escola Livre de Cinema, em Miguel Couto, nos três últimos sábados com pelo menos três objetivos: valorizar a literatura, legitimar o funk como um movimento de caráter cultural presente no dia a dia dos estudantes e reavaliar os conceitos educacionais que as professoras possuem ao classificar este ou aquele conteúdo como certo ou errado, como por exemplo a sexualidade na juventude.

Adriana Guerra Medeiros, professora de língua portuguesa na Escola Municipal Venina Correa Torres, conta que há algumas semanas todos seus alunos apareceram com várias pulseiras coloridas, cujo significado ela desconhecia. “Tomei a liberdade de perguntar aos alunos o porquê de todos estarem usando tais pulseiras. O resultado? Sexo na grande totalidade das respostas!” Surgia aí o mote a ser usado na adaptação da tragédia protagonizada pelo índio timbira, que, na obra de Gonçalves Dias, é comido pela tribo inimiga.

Depois de várias discussões, o grupo de professores chegou a uma história em que uma estudante se vê diante do seguinte dilema: adolescente se nega a fazer sexo com 15 meninos de um popular grupo da sua escola, condição que eles impuseram para aceitá-la. Para saber o que acontecerá com a menina, aguarde o funk que o MC Leonardo está compondo, em parceria com Écio Salles, que, além de secretário adjunto, é escritor e pesquisador do hip hop. “A intenção da história não é classificar a sexualidade como certo ou errado”, explica o secretário adjunto. “Não podemos julgar as ações alheias, mas sim abrirmos nossas mentes para outras possibilidades.”

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