Magia da infância

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Com direito a espetáculo extra, Bia Bedran encanta público de todas as idades na oitava edição do Encontrarte

Há quase duas semanas, comecei a fazer uma pesquisa sobre a vida e a obra de Bia Bedran. Meus amigos não falavam de outra coisa, mas mesmo com toda expectativa gerada em torno da apresentação que ela faria no Encontrarte, que acontece entre os dias 23/09 a 03/10, ainda há aqueles que nunca ouviram falar da professora-artista.

Bia ficou conhecida do público infantil quando participou do programa “Canta Conto”, da TV Educativa, na década de 90. Passando também pelo rádio e teatro, conquistou as crianças ao misturar música e contação de histórias. E neste espetáculo, chamado “Cabeça de vento”, Bia conseguiu se superar.

Não foi à toa que as crianças superlotaram o teatro do Sesc neste domingo ensolarado 27, obrigando-a a fazer mais de uma apresentação. O espetáculo foi batizado com o nome do livro que a autora lançou em 2003 pela Editora Nova Fronteira, um dos seus maiores sucessos editoriais, tendo sido adotado por diversas escolas desde então. Cada apresentação durou quarenta minutos, com casa cheia nas duas sessões. "Ver que tantas pessoas enfrentaram o sol que está lá fora só para ver o que eu tenho a passar é totalmente recompensador", disse Bia.


Muitas câmeras fotográficas, filmadoras e até mesmo celulares. O público presente estava munido para registrar aquele momento, que para muitos era "fabuloso", como disse com empolgação Ana Romero, que é professora no Instituto de Educação Rangel Pestana, e estava na plateia curtindo tanto quanto os jovens.

Acompanhada de três instrumentistas e um longo vestido vermelho estampado, Bia pulou, dançou, cantou, encantou e virou criança. Bastaram dois minutos para todos os presentes se verem tomados pelo ritmo aconchegante de suas músicas, que vêm cheias intenções, todas com mensagens de incentivo às crianças e aos adultos. A escritora, cantora e atriz é bem versátil, como deixou claro do primeiro improviso até o final do show.

SHOW, essa é a palavra que define a apresentação de Bia Bedran, que também tem uma performance fantástica com os fantoches. É a eles que a artista atribui boa parte do seu sucesso. "As crianças ficam fascinadas com a possibilidade de um boneco falante”, diz, satisfeita. “Essas experiências mexem com a vivência delas".

Sempre há algo diferente em seu espetáculo teatral e musical. "Eu estou sempre renovando o meu repertório, essa é a minha forma de trabalhar. Sempre ensinando e aprendendo, e a cada vez que eu conto uma história vejo que ela muda, em sua fala e em sua forma", diz uma encantadora e derretida Bia Bedran.

E pelo visto a contadora de histórias agrada a todos. Nos seus shows, já é característico haver uma diversificação no público, e dessa vez não foi diferente. A primeira fila, tomada por crianças entre 4 e 9 anos acompanhadas de seus pais, é, para Bia, superimportante, porque nessa idade o apoio dos pais é fundamental para a formação cultural, como aconteceu com ela. “Eu, desde criança, venho com essa vontade de cantar e compor. Meus pais tiveram o papel de não deixar isso morrer dentro de mim. Sempre me levavam aos programas de calouro. Lembro que a minha grande inspiração era a Nara Leão. Eu adorava imitá-la. Eu criança e ela uma jovem mulher".

Quando perguntada quem era Bia Bedran, afiada, ela respondeu. “Bia Bedran é uma mulher com alma de criança, que gosta de música, arte, vida, uma mulher-mãe, que como laboratório interno contava as histórias para as próprias filhas. Sou a menina do anel, como diz a canção". Ainda segundo Bia, ela é uma "arte-educadora". "Essa é a forma mais leve de ensinar, e todo mundo tem algo a passar. Eu quero sensibilizar e transformar!"
É também com essa paixão pelo que faz que ela consegue criar o ambiente encantador, remetendo-nos a um universo paralelo, cheio de magia, amor e vida. "Cabeça de vento" é recheado de momentos em que a plateia interage com a apresentação. Não somente através do canto, mas também do ritmo e brincadeiras de movimentação corporal.

Bia Bedran finalizou seu show com a música "Boneca de lata", que não estava incluída em seu repertório e só foi cantada porque Monique Rosa, que é professora primária do colégio Abaco, levou uma boneca de lata, confeccionada por ela, para Bia autografar. Segundo Monique, ela usa esse recurso para ensinar as partes do corpo humano para as crianças. “Fica muito mais fácil para elas assimilarem”, diz a professora. “Além de divertido, é claro.”

Como essa mulher é inspiradora! Cada gesto, cada sorriso, os movimentos corporais. Bia Bedran passa verdade naquilo que faz, é um sopro de vida e de alegria, é aquilo que precisamos para enfrentar um dia longo e estressante de trabalho. “O meu trabalho se presta a um prolongamento da magia da infância, devolvendo à criança a ingenuidade e, ao mesmo tempo, o seu lado moleque".

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI