texto por Larissa Leotério e fotos por Tatiana Leal
A experiência, que a princípio seria apenas esportiva, surgiu em 2005, sob o comando de Eliel Júnior. Mas nada nunca foi institucionalizado e Eliel percebeu que daquela forma não daria certo. Resolveu, então, criar o GIA (Grupo Iguassuano de Acessibilidade) em 2008, a fim de andar com as próprias pernas. Assim, foi buscando um objetivo e algo que pudesse fazer a diferença: promover o acesso à cultura e à educação.
Apareceu a ideia do graffite, que lhe pareceu um excelente instrumento para promover um resgate histórico dessa região da Prata, que foi a primeira sede da cidade, como se pode depreender pela Igreja de Santo Antônio de Jacutinga, a matriz. É o patrimônio imaterial. “O graffite veio para que, num segundo momento, possamos retratar essas histórias nos muros do bairro e levar para o conhecimento da comunidade”, explica Eliel.
E o primeiro momento está sendo vivido agora: o domínio da técnica. Aliando-se a isso, vem o resgate familiar, quando a escola pode ter mais um contato com o estudante e saber da participação da família, dos responsáveis. “Essa é mais uma responsabilidade do projeto: contando com a contratação de um assistente social, vamos mudar mais campos na vida desses jovens”.
Todo mundo é igual
Outra mudança é ainda mais visível, até nos mínimos detalhes: a cultura muda a sensibilidade dos jovens. Ian Capucho, de 15 está na 8ª série, participa das oficinas desde outubro e conta que já desenhava antes, mas se empolgou mais quando a novidade do graffite chegou à E. M. Menino de Deus. “O relacionamento com as pessoas é melhor, porque todo mundo é igual e até os meninos de Austin têm o mesmo estilo que a gente.”, conta o rapaz, que adora desenhar paisagens.
Além do relacionamento, a autoestima dos jovens se mostra bem elevada, assim como a consciência. Jonathan Campos tem 14 anos, participa do projeto em Austin e faz capoeira há três meses. Ele acha bom para o corpo e se distrai: “A gente também fica mais forte e rápido, porque o reflexo é melhor”.
E não para por aí. Quem faz questão de cumprimentar é dona Rita Luzia Santos, mãe da Raíssa Santos. Dona Rita explica o apoio que dá à filha: "Essa oficina é ótima e pode ser um caminho pra quem tem o dom, ocupa a mente com as coisas certas. E essa não é a primeira oficina de Raíssa, que participou da oficina de tempo e espaço no cinema na E. M. Menino de Deus em 2008", comeora a mãe.
Mas quem não para mesmo são os meninos da E. M. Menino de Deus, que passam perguntando e fotografando o tempo todo. São os curiosos e pró-ativos Jovens Repórteres da Prata: Viviane dos Santos, 13; Carolina de Oliveira, 15; Bianca Samira, 13; Eliza Soares, 16; Maiara Monforte,13. Ao todo, são 26 estudantes que se dividem, geralmente, em grupos de seis. Os estudantes na faixa etária de 13 a 16 anos que fazem oficina de jornal do Mais Educação, liderados pela estudante de História Tayná Vianna de 19 anos.
A pedra é nossa
Tayná conta que as adesões são voluntárias e que o 9º ano é o que mais adere ao projeto do jornal quinzenal. “A escola oferece toda a estrutura, como a câmera que estão usando aqui, computador e apoio na rodagem”. Quem confirma a declaração de Tayná é Eliel. Ele conta que a escola, e principalmente a Coordenadora de Práticas Pedagógicas, está sempre disposta a discutir os problemas do projeto. “Se tem uma pedra no caminho, não é minha, nem delas. A pedra é nossa e vamos tirar juntos pra não tropeçarmos lá na frente”, diz Eliel.
Na oficina de Tayná, que se reúne terças, quintas e sextas, cada um dos 26 jovens quer participar mais que o outro. Mas esse não é o caso das oficinas de graffite e capoeira, que têm problemas com as faltas. Guilherme Pereira, um professor de capoira de 21 anos que está há seis meses nos dois núcleos do projeto, está preocupado com o problema da evasão. “Eles se inscrevem, aparecem nas primeiras aulas e somem”. Mas admite que há pelo menos um aspecto positivo nessa dificuldade de atrair estudantes para o núcleo da Prata. “Em comunidades mais carentes, há menos opções. Então, eles agarram mais a oportunidade”, conclui. Já na Prata chove projetos sociais.
Além disso, tem mais uma dificuldade: o preconceito. Algumas pessoas não entendem bem e acabam rotulando a capoeira como ‘macumba’ ou coisa de vagabundo, malandro. E a intenção é a desmistificação para essas pessoas. E, apesar de ter pais que proíbem a participação dos alunos, é bem maior o número de pais que apoiam e acompanham.
3 Comentários:
Como moro em N.I sou suspeito pra falar...
São projetos como este que oferecem cultura e muito mais a (tem crase?) população.
muito bacana!!!!
parabéns
ah! manda um beijo aí pra celle.
Larissa, parabéns pela fidedignidade das informações, mas gostaria de informar o contato da fotográfa Tatiana Leal, que é uma profissional de alta qualidade. 9137-7120. Mais uma vez parabéns!
Faltou o endereço do GIA.
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