por Hosana Souza
Era visível o espanto dos alunos da Escola Municipal Amazor Vieira Borges ao entrar no teatro do CIESP – Centro Integrado de Educação Especial – em Jardim Tropical na manhã de ontem. Convidados para assistir ao espetáculo “De Iguassú Velha à Nova Iguaçu”, não conseguiam se calar, uns por ser a primeira vez em que iam a um teatro, outros pelo susto de observar os atores jogados no chão e alguns com intermináveis perguntas para desespero dos professores. Depois de acomodados, ao perceber que a magia começaria, observavam atentos cada movimento, cada fala, cada jogo de cena.
A Cia Teatral Fios da Roca, responsável pelo show, contou a história do município de Nova Iguaçu. Iniciando pelas tribos da antiga Jacutinga, passando pelos engenhos e pela escravidão, contando dos antigos laranjais até a criação da cidade, da Câmara de Vereadores e da Nova Dutra. “O nosso grande sonho é levar a peça para todos os bairros, pois a maioria das pessoas da cidade não conhecem a história de Nova Iguaçu. Desejamos contar, principalmente para as crianças, quem sabe um dia não fazemos uma temporada, durante as férias, e contemplamos todas as escolas do município?”, diz a atriz e produtora cultural Claudina Oliveira.
Tudo começou em meados de 2006, depois que Claudina leu a história iguaçuana em um dos cordéis de Mestre Azulão. O desejo de transformá-lo em um grande espetáculo foi quase imediato. “Descobrimos o texto do Mestre Azulão. Ele é um cordelista maravilhoso, suas palavras têm magia. Fomos atrás dele e com a permissão concedida teve início o sonho. Nós chegamos a encenar, por quase dois anos, a peça baseada no texto dele. Contudo, o Mestre Azulão ficou muito magoado com algumas atitudes do atual governo no município e proibiu a divulgação do texto dele”, lamenta a atriz.
Professor Ney
Até hoje a Cia Teatral Fios da Roca está proibida de utilizar o texto de Mestre Azulão. Após conversar com o professor Ney Alberto de Barros, e contar-lhe o ocorrido, a companhia recebeu de presente o novo texto, escrito pelo historiador. “Embarcados no sonho e nas tentativas estamos aqui, no segundo ano de espetáculo”, comemora Claudina. Contemplados pelo último edital do Fundo Municipal de Cultura Escritor Antonio Fraga, “De Iguassú Velha à Nova Iguaçu” será encenado em quatro escolas do município: E.M. Barão de Tinguá, em Tinguá, E.M. Pêra Flor, no Km 34, E.M. Amazor Vieira Borges, em Jardim Tropical, e E.M. Irene, em Vila de Cava.
“Foi muito lindo conhecer a nossa história. E a presença do músico com um violino, foi maravilhoso. Foi a primeira vez que assisti a uma peça e eu adorei”, comenta Jéssica Figueira, 13 anos. Completando a fala da amiga, Thais da Costa, 13 anos, diz que não sabia que antigamente toda Baixada Fluminense pertencia a Nova Iguaçu. “Tinha muita coisa que eu não sabia, mas tem coisa, também, que eles não contaram, a Via Ligth por exemplo. Espero que o projeto se repita, foi muito bom”, encerra.
A Coordenadora Política Pedagógica da instituição, Francinete Lorenza, comemora: “Seria perfeito se isso ocorresse pelo menos uma vez por mês. Eles criariam o hábito de ir ao teatro e nós melhoraríamos nossa prática educativa. Agora mesmo, todas as professoras vão para a escola responder as dúvidas deles e posteriormente contar outros fatos de Nova Iguaçu, que que ficaram fora da peça. Esse tipo de atividade fixa e amplia os conhecimentos deles”.
Primeira temporada
Comemorando dez anos de criação, a Companhia Teatral Fios da Roca nasceu durante aulas de interpretação no Sesc de Nova Iguaçu. A companhia, que iniciou seus trabalhos com a performance lírica de rua “Poetradas” e depois com “Exceção à Regra”, orgulha-se de ter sido uma das únicas companhias a ter uma de suas montagens com uma temporada na cidade de Nova Iguaçu, “Sinfonia dos Amantes”. “Há muito tempo, mais de vinte anos, não havia temporadas de teatro aqui. Nós começamos isso antes de ser criado o teatro do Sesc. Montamos a peça no cinema do Iguaçu Center”, explica Claudina Oliveira.
A Cia Teatral Fios da Roca estreou o aclamado projeto "A Janela da Bela Arabela" - seleção de 20 poemas de Cecília Meireles, em comemoração ao centenário da autora em 2001. O espetáculo foi apresentado no SESC Nova Iguaçu, SESC Tijuca e o SESC Madureira, além do Teatro Municipal de Petrópolis, Espaço Cultural Sylvio Monteiro, entre outros. O espetáculo "A Janela da Bela Arabela" ganhou prêmio de melhor Cenário, Sonoplastia, e indicação para melhor Atriz e Iluminação, no X Festival de Teatro Infanto-Juvenil de Campos dos Goytacazes/RJ.
O grupo, que participa do Fórum Cultural da Baixada Fluminense desde dezembro de 2000, também é um dos idealizadores do EncontrArte – Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense – e afirma que ainda há muita história para contar: “Já estamos preparando um novo roteiro, com o professor Ney Alberto. Uma espécie de continuação, falando também sobre política. Outro desejo nosso é, também, poder levar esse espetáculo a festivais, mostras competitivas. As poucas vezes que tentamos os críticos de teatro alegaram que ele não tem muita dramaturgia, que é didático demais. Talvez por conta disso a peça passe por algumas adaptações para podermos levá-la a outros lugares”, encerra Claudina.
Veja mais fotos em: http://www.flickr.com/photos/culturani/
3 Comentários:
É isso ai FIOS DA ROCA nossa história se fas a cada dia e estarmos juntos é fazer tbm história e vivencialas no palco é uma alegria PLENA. BY Márcio Guedes
CulturaNI sempre produzindo coisa boa, é isso aí, pessoal!
A galera do CulturaNI sempre produzindo coisa boa, é isso aí pessoal!
Postar um comentário