Depois da grande revolução feminina, com a inovadora estilista Coco Chanel, que nos anos 20 introduziu peças masculinas ao vestuário das mulheres de todo o mundo, as ultimas tendências de moda estão mais democráticas do que nunca. Homens têm mais opções em variar seu guarda-roupa, enquanto as mulheres continuam com uma diversidade de possibilidades. Os estilos estão cada vez mais próximos. Ambos os sexos têm a possibilidade de dividir coletes de alfaiataria, calças, camisetas, lenços, chapéus e mais uma infinidade de peças. Nas grandes revistas de moda, os editoriais andróginos estão em alta. Já nas passarelas, grifes masculinas apostam em novidades como estampas e modelagens diferentes, que julgam perder um pouco a masculinidade conhecida até o século XX.
Para os consumidores que gostam de arriscar, as modelagens masculinas estão mais justas, enquanto as das mulheres estão mais largas. As famosas calças boyfriends, termo usado para brincar que a moça está usando a calça do namorado, já é uma grande referência de moda e, depois de serem adotadas pelas estrelas do mundo, já chegou às lojas de departamento. Camisas largas, blâzeres e chapéus panamá, até mesmo os sapatos, que começaram pelo modelo Oxford, são as influências mais fortes do mundo masculino para as mulheres.
A consultora de estilo, criadora e diretora de conteúdo do site Modices Carla Lemos diz que a moda está se tornando unissex. Ela ainda cita os exemplos dos grandes estilistas que revolucionaram o mundo fashion: “A Chanel foi a primeira a usar elementos masculinos, Christian Dior resgatou a feminilidade perdida na guerra, Mary Quant acabou com pudores com a minissaia, Yves Saint Laurent ousou com seu smoking para mulheres. A maior revolução do armário feminino é a liberdade para ousar”, afirma. Para a estilista, todos estes elementos refletiram de alguma forma na moda atual. “Agora a moda propõe as mulheres a não adaptar e fazer suas versões de peças masculinas, usando de forma feminina. Vide a calça boyfriend, os sapatos oxford, t-shirts”, conta.
Não muito diferente, no setor masculino calças skinny e saruel já são compartilhados por homens e mulheres. Alguns deles já compram calças femininas e vice-versa. O estudante Danilo Heringer, de 17 anos, já é adepto desta nova tendência e disse que isso não interfere na sua masculinidade. De acordo com ele, as roupas justas para os homens são as melhores. “Prefiro calças de cós baixo, por ser mais confortável e um pouco mais apertada na perna, pelo fato de ser mais bonito. Essas roupas deixam o corpo mais definido. E assim acontece com as camisas, por serem mais apertadas as meninas acabam olhando mais”, disse. O web designer e técnico de informática Júnior Lousada, 22, caracteriza este estilo como influência dos anos 70 e 80, onde os astros do rock usavam roupas com esta modelagem mais ajustada, na qual ele se inspira. Em seu guarda-roupa, não faltam camisas com golas mais decotadas e apertadas e calças. “A moda de hoje tem influências também para esta época, mas no século XXI foi renovado. Podemos ver, por exemplo, com os óculos rayban, corte de cabelo e as roupas apertadinhas. A moda não vive de um futuro sem passado”, destacou. Ele não se sente menos homem no jeito de vestir. “Eu me sinto muito bem me vestindo assim, acho que não me vejo com outro estilo. Sei que os homossexuais também usam esses tipos de roupas, mas ser considerado menos homem no jeito de se vestir é hipocrisia e preconceito. Os gays são mais exagerados e dá para identificar quem é e quem não é. Não me importo com essas coisas”, disse.
Metrossexualidade
Sobre este fenonemo no setor masculino, Carla Lemos avalia: “Os homens estão se permitindo ousar mais e estão também menos preconceituosos para aceitar inovações na hora de se vestir. Até em um ambiente super machista como o futebol, os homens se mostram cada dia mais vaidosos”, diz. Ela dá as referências: “Começou com David Beckham e sua metrossexualidade. Homens do mundo inteiro viram que ser vaidoso e cuidar da sua aparência não significa abrir mão da "masculinidade". Isto se reflete tanto na indústria da beleza, que coloca no mercado a cada dia mais produtos voltados para o público masculino, quanto na moda, onde características do armário feminino estão sendo permitidas como a modelagem mais próxima do corpo, além de maior liberdade para usar cores, estampas e texturas”.
Mesmo quem não se rende à moda não consegue resistir a algumas das novidades fashion. A estudante Lívia Britto, 22, prefere usar camisetas largas e já comprou algumas masculinas, mas incluiu o seu toque final. “Acho supercool camisetas para mulheres, pois sempre caem muito bem, além de ser confortáveis. Também tenho admirações por coletes, que vieram do vestuário masculino. Mas para ficar do meu jeito, mais feminina, sempre faço uma customização com recortes. Acho que a moda está bastante democrática”, contou.
Para a consultora de modas Carla Lemos, essa nova tendência condiz com a nova posição do homem e da mulher na sociedade atual, “dividindo as contas e as responsabilidades, sem grandes diferenciações.” “A moda não é nada mais que um reflexo da sociedade. Se homens e mulheres já não tem "funções" distintas, por que a "moda" de um ou de outro gênero teria?”, pergunta a consultora de moda.
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http://www.youtube.com/watch?v=8I2S_29IbuM
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