por Carine Caitano
As respostas foram variadas, assim como o público do evento. Além dos funcionários de diversas secretarias, compareceram ex-prefeitos, políticos e – inesperadamente – alunas de escolas municipais. As últimas pesquisavam na biblioteca da faculdade e resolveram ficar. Quando fiz a pergunta “Qual foi a maior realização do Lindberg nos quatro anos de gestão?”, elas ficaram em dúvida. Ana França, aparentemente a mais tímida, respondeu: “Olha, eu não tenho certeza, mas lá onde eu estudo tem Bairro-Escola. Acho que ele fez isso.”
A estudande tem razão. Aliando educação, cultura e esporte, o horário integral contempla muitas das crianças e jovens da rede municipal da cidade, tanto no primeiro quanto no segundo segmento. Trazendo benefícios não só para os alunos – as mães ficam despreocupadas com seus filhos na escola, o aluno ganha em diversidade de conteúdo e métodos de ensino, os professores presenciam a melhora no cotidiano escolar –, o Bairro Escola foi citado por alguns dos entrevistados. Milene Abreu é professora e deu uma justificativa muito plausível: “Investir na educação é investir em todos os outros setores. Na saúde, quando imaginamos os nossos pequeninos virando médicos; no ambiente, quando imaginamos moradores que sabem e participam de uma coleta seletiva; na política, quando a visão de mundo os faz querer mudar e acrescentar em alguma coisa. E eu sou professora, né? Tenho que puxar sardinha pra educação”, brinca.
Pedidos a Sheila
Os outros entrevistados apontam as obras como maior realização de Lindberg. Aparentemente satisfeitos com a gestão, expõem como o trânsito ruim os prejudicava e atrasava pros diversos compromissos. Mas uma das presentes não está tão interessada nas obras, nem na educação. Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Iguaçu e Mesquita e há 30 anos funcionária da Secretaria de Saúde há 30 anos, Elzi de Oliveira Soares se dizia frustrada com o salário de R$ 427, abaixo do piso salarial. Justamente por isso ela não exita ao apontar o que deve ser a principal preocupação de Sheila Gama, agora prefeita de Nova Iguaçu. “Eu espero sinceramente que a Sheila faça alguma mudança com os salários e com a saúde”, diz. Eu entendo seu olhar: é de esperança.
O próximo a responder é o “Seu” Zé, cujo nome verdadeiro é Abelardo Siqueira. Ele explica: “O que é mais fácil de lembrar: Zé ou Abelardo¿”. É com esse bom humor que o aposentado nos responde, lembrando um pouco de sua própria história. “Eu trabalhei na prefeitura entre 69 e 83. Fiz muita coisa, mas era muito paradão. Tinha uns amigos intelectuais, que não concordavam com as políticas e eram mais ativos. Eu não... era mais ali, na minha, carimbando e assinando papéis o dia todo. Na época, a gente queria mais liberdade, mais direitos. Hoje, talvez por esses meus amigos, nós já temos tudo isso. Eu tenho mais de 70 anos e várias leis me protegem. É assim com as crianças, com os adolescentes. As leis estão aí. Mas, mesmo assim, eu chego no Hospital da Posse e não sou atendido. Mesmo assim tem criança longe da escola. Então pra Sheila e pra quem mais assumir depois dela, eu pediria uma atenção maior pra saúde e pra educação.
Sheila Gama nos garante que essa será uma de suas maiores preocupações. Além de ser pedagoga, a prefeita afirma que o foco do PDT, partido ao qual é filiada, é cultura, educação, arte e cinema. A promessas da prefeita anima os entrevistados: “Esperamos fortalecer ainda mais a educação”.
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