A melhor coisa dos últimos seis anos

sexta-feira, 9 de abril de 2010

por Carine Caitano

Tente imaginar a melhor coisa que lhe aconteceu nos últimos seis anos. Pode ser um namoro, uma viagem, aquele emprego tão desejado... São tantas opções que a maioria de nós demoraria um pouco para decidir. Agora imagine que você é prefeito e tem que cuidar de toda cidade. Com certeza você demoraria mais ainda se explicando, não é? Por isso, na solenidade de despedida de Lindinberg Farias, realizada no auditório da Universidade Estácio de Sá, em Nova Iguaçu, no último dia 31 de março, essa pergunta foi feita não ao ex-prefeito, e sim aos seus eleitores.



As respostas foram variadas, assim como o público do evento. Além dos funcionários de diversas secretarias, compareceram ex-prefeitos, políticos e – inesperadamente – alunas de escolas municipais. As últimas pesquisavam na biblioteca da faculdade e resolveram ficar. Quando fiz a pergunta “Qual foi a maior realização do Lindberg nos quatro anos de gestão?”, elas ficaram em dúvida. Ana França, aparentemente a mais tímida, respondeu: “Olha, eu não tenho certeza, mas lá onde eu estudo tem Bairro-Escola. Acho que ele fez isso.”

A estudande tem razão. Aliando educação, cultura e esporte, o horário integral contempla muitas das crianças e jovens da rede municipal da cidade, tanto no primeiro quanto no segundo segmento. Trazendo benefícios não só para os alunos – as mães ficam despreocupadas com seus filhos na escola, o aluno ganha em diversidade de conteúdo e métodos de ensino, os professores presenciam a melhora no cotidiano escolar –, o Bairro Escola foi citado por alguns dos entrevistados. Milene Abreu é professora e deu uma justificativa muito plausível: “Investir na educação é investir em todos os outros setores. Na saúde, quando imaginamos os nossos pequeninos virando médicos; no ambiente, quando imaginamos moradores que sabem e participam de uma coleta seletiva; na política, quando a visão de mundo os faz querer mudar e acrescentar em alguma coisa. E eu sou professora, né? Tenho que puxar sardinha pra educação”, brinca.

Pedidos a Sheila

Os outros entrevistados apontam as obras como maior realização de Lindberg. Aparentemente satisfeitos com a gestão, expõem como o trânsito ruim os prejudicava e atrasava pros diversos compromissos. Mas uma das presentes não está tão interessada nas obras, nem na educação. Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Iguaçu e Mesquita e há 30 anos funcionária da Secretaria de Saúde há 30 anos, Elzi de Oliveira Soares se dizia frustrada com o salário de R$ 427, abaixo do piso salarial. Justamente por isso ela não exita ao apontar o que deve ser a principal preocupação de Sheila Gama, agora prefeita de Nova Iguaçu. “Eu espero sinceramente que a Sheila faça alguma mudança com os salários e com a saúde”, diz. Eu entendo seu olhar: é de esperança.

O próximo a responder é o “Seu” Zé, cujo nome verdadeiro é Abelardo Siqueira. Ele explica: “O que é mais fácil de lembrar: Zé ou Abelardo¿”. É com esse bom humor que o aposentado nos responde, lembrando um pouco de sua própria história. “Eu trabalhei na prefeitura entre 69 e 83. Fiz muita coisa, mas era muito paradão. Tinha uns amigos intelectuais, que não concordavam com as políticas e eram mais ativos. Eu não... era mais ali, na minha, carimbando e assinando papéis o dia todo. Na época, a gente queria mais liberdade, mais direitos. Hoje, talvez por esses meus amigos, nós já temos tudo isso. Eu tenho mais de 70 anos e várias leis me protegem. É assim com as crianças, com os adolescentes. As leis estão aí. Mas, mesmo assim, eu chego no Hospital da Posse e não sou atendido. Mesmo assim tem criança longe da escola. Então pra Sheila e pra quem mais assumir depois dela, eu pediria uma atenção maior pra saúde e pra educação.

Sheila Gama nos garante que essa será uma de suas maiores preocupações. Além de ser pedagoga, a prefeita afirma que o foco do PDT, partido ao qual é filiada, é cultura, educação, arte e cinema. A promessas da prefeita anima os entrevistados: “Esperamos fortalecer ainda mais a educação”.

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