por Larissa Leotério
Antes da metade da abertura do evento um rapaz sentado ao fundo pede a palavra. Em tom bastante agressivo, reclama que o evento foi mal divulgado, que quem realmente faz cultura, artistas e agentes culturais, não ficou sabendo. Na linguagem popular, um verdadeiro barraco. As reações se fizeram notar o tempo inteiro: uns se pouparam, alguns pediram calma... Outros gargalharam. E com razão. Foi apenas uma encenação do grupo de teatro ‘Os Descarados’, mostrando que os agentes de Mesquita estavam presentes.
Brincadeiras à parte, foi discutida com muita seriedade a cultura na Baixada Fluminense, um região geralmente lembrada por tragédias e sofrimento. Para Idelmar Cavalcante, da Secretaria Estadual de Cultura, o fórum é um sentimento de identificação do que a região pode fazer se houver articulação e unidade dos gestores. Sem esquecer da participação dos agentes. “É mostrar a Baixada como região que se organiza e capaz de criar uma agenda integrada”, explica Idelmar.
Renato Dantas continua o assunto acrescentando que as políticas culturais discutidas no fórum serão implantadas a longo prazo. Independentemente do governante. Como exemplo, ele usa o PADEC (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro), que é o resultado de uma provocação feita pela Baixada, que reclamava dos recursos concentrados na capital.
Mesmo com recursos ainda muito concentrados na cidade do Rio de Janeiro, os municípios da Baixada se destacam com a nova forma de pensar cultura, o desenvolvimento da discussão e a experimentação proposta pelos gestores públicos e pelos próprios artistas militantes. No atual momento da Baixada, os gestores são artistas e veem a necessidade da mudança exatamente por isso: quando deixarem de ser gestores, voltarão a ser artistas e a precisar das medidas públicas.
Faz a diferença
“A participação popular tem sido feita bairro a bairro e tem produzido significados. Isso é que faz a diferença”, declara o Secretário Municipal de Cultura e Turismo Marcus Vinícius Faustini. O secretário propõe repensar o espaço popular, já que a arte interfere na vida e mistura linguagem e vida.
Quem também marcou sua presença no evento foi Jandira Feghali, ex-secretária de Cultura do Município do Rio de Janeiro e coordenadora do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Cultura das Capitais. “A Baixada precisa ter acesso e voz nos fóruns nacionais, mas, para isso, o grito precisa ser uníssono”. Para Feghali, a solução desse problema passa pela institucionalização. "Políticas precisam ser de Estado, e não de governo", diz.
O fórum serviu para que as pessoas repensassem seus papéis como agentes culturais, como cidadãos. Acesso não é obtido só com discussão; precisa também de participação no processo de construção. E que em épocas de jogos olímpicos todos se lembrem que cultura e educação têm o mesmo peso que o esporte.
2 Comentários:
Excelente matéria. Parabéns!
Parabéns, alem de muito bela, a moça é boa reporter!
Leandro.
P.S. só uma ajudinha não é Ildemar e sim Delmar.
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