Militante da educação

terça-feira, 1 de junho de 2010

por Jefferson Loyola


Quando criança tinha ideologia de mudar o mundo através da educação. Optou em fazer o ensino superior em pedagogia, mas depois de um ano cursando percebeu que era uma coisa muito teórica, lidando mais com adultos. Então resolveu mudar para a antiga opção: Letras Português/Literatura. “Quando estudava no ensino fundamental me veio algo na idéia, por pura intuição, que sem a escola eu não teria salvação”, brincou Ivone Landim, poeta, professora de literatura, coordenadora pedagógica e presidente do Conselho Municipal de Cultura de Nova Iguaçu.

Atuante dentro da educação como professora há 26 anos, Ivone antes de entrar para uma universidade de ensino superior, somente com o curso normal (Formação de professor), já dava aulas como professora voluntária de Campo Alegre, primeira posse de terra desapropriada por Brizola aqui em Nova Iguaçu. “Eu e mais duas amigas fomos treinadas por pedagogos ligados ao PDT e tudo era guiado por Paulo Freire”, contou. Através de concursos após sua formação em 1992 na UNIG (Universidade Iguaçu), na época ainda SESNI (Sociedade de Ensino Superior de Nova Iguaçu), se tornou professora da rede publica de ensino em Belford Roxo, Heliópolis, e no João Luiz Nascimento da rede FAETEC, aqui em Nova Iguaçu.

Neste ano dentro do João Luiz Nascimento passou a compor a diretoria da escola como coordenadora pedagógica, após já ter feito pós-graduação em educação. “Fiz a pós para poder fechar aquela gaveta de quando queria mudar o mundo em pedagogia”, disse. Neste ano completa 11 anos de um projeto, hoje desenvolvido na rede FAETEC, mas que se iniciou de um desdobramento de um projeto maior que ela criou chamado de Centro Cultural Republica, onde o Entre Linhas era apenas um deles. “Tinha além do Entre Linhas os projetos: A voz do estudante, debate aberto à voz do estudante, Leitura e Imagética, prestigiando filmes nacionais, e Conscientização ecológica, caminhadas ecológicas para a conscientização feita em torno do Cetefe”, explicou.

O Centro cultural republica acampava todos os projetos dos alunos. Ocorria amostra de artes plásticas de professores, incentivava o teatro, além de varias outras coisas. “Com o centro cultural a intenção era trabalhar sempre com os alunos para ajudá-los a criar projetos para dentro da escola”, disse. O Entre Linhas, com circulação dentro da FAETEC, mudou um pouco de acordo com o tempo e não é o mesmo de sua fundação. Antes era somente um editor e mesmo ele terminando seu ensino médio no colégio continuaria até onde quisesse e só havia um editor. Hoje, são três a quatro editores dentro do colégio e sempre vão formando novos editores para quando ocorrer a sua saída.

O Entre Linhas trabalha muito com os dias temáticos que não são comemorados dentro da escola como o dia de Santa Sara e entre outros. Ele é uma publicação bimestral de poesias e poemas dos alunos, e algumas vezes de professores, dentro da FAETEC, onde os temas são escolhidos pela própria professora Ivone Landim ou pelos alunos e que geralmente já foram trabalhados dentro de sala de aula. “Quando eu escolho, em sua maioria, são Entre Linhas especiais como o da Lei: 10.639, que teve em sua edição poesia só de negros”, contou.

Todo o editor tem liberdade de escolher os poemas que chega até ele e em toda a publicação do Entre Linhas é colocado o local onde cada editor pode ser encontrado dentro do colégio, para que os alunos que queiram suas poesias publicadas no Entre Linhas os procurem. “Os editores mais experientes, não tem necessidade de eu intervir, mas quando um aluno vem entregar uma poesia até mim, eu leio e vejo se aquele texto pode ser colocado dentro da escola, porque a escola é muito retrógrada, ultrapassada.”, afirmou. “A qualquer momento param o projeto, e sempre buscaram uma maneira de acabar o Entre Linhas, mas eu nunca dei esse mole, sempre deixei nas entre linhas”, brincou.

Mesmo sendo de publicação bimestral, como são três ou mais editores, sempre poderá ocorrer a publicação de mais de um no bimestre. “Respeito sempre o tempo do aluno, às vezes podemos ter bimestres com três publicações, ou às vezes mal temos uma”, disse. Dentro do projeto existe um processo de transformação de um novo editor. Um editor do terceiro ano começa a procurar alguém do segundo ou primeiro ano e o prepara para poder, após sua saída, coordenar a edição do projeto.

A continuidade deste projeto dentro da FAETEC é devida sua postura de educadora ser muito aberta e diversificada. Ativista cultural desde os seus 17 anos, começou como poeta. Hoje tem formado um grupo de poetas em Nova Iguaçu que completará dois anos em julho. Militante do PT, mas durante um tempo foi militante dentro da educação. “Professor qualquer um pode ser, educador é aquele que vê muito além da sua disciplina e como ela pode estar melhorando a sua educação, o seu destino, a sua escola e o seu país”, afirmou. Além de todas essas coisas, conta também em seu currículo, duas especializações na Candido Mendes, uma pós-graduação em arte terapia e um curso de extensão em história da áfrica.

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