Pacote básico

quarta-feira, 28 de julho de 2010

por Hosana Souza


A equipe da Secretaria Municipal de Cultura está a todo vapor, preparando oficinas culturais para a volta às aulas da garotada do Bairro Escola. O tema das oficinas culturais do segundo semestre será a Biodiversidade. Elas se iniciarão na próxima segunda-feira – 2 de agosto – e serão encerradas com uma culminância no dia 7 de setembro, em um grande desfile cívico pela cidade.



“O tema foi escolhido em parceria com as outras secretarias. As escolas já trabalham com iniciativas ambientais e outro ponto que pesou na escolha foi que o ano de 2010 é o ano da Biodiversidade”, nos explica Luciano Braga. “As escolas trabalharão as oficinas e as atividades, dentro e fora das salas de aula, e se dividirão em alas – como quem conta histórias em uma escola de samba – para o desfile cívico”.

As oficinas culturais esbanjam criatividade, trabalhando teatro, contação de histórias, reciclagem de objetos, produção textual e muito mais. Na semana que antecede o retorno às aulas, a SEMCTUR vem preparando seus estagiários para abordar bem o tema. “Na segunda e na terça – respectivamente 26 e 27 de julho – nós preparamos os estagiários novos na rede. São mais ou menos 50 novatos e que, em geral, não têm ainda nenhuma experiência com crianças”, conta Sandra Mônica, coordenadora cultural do Bairro-Escola. “Já amanhã, quinta-feira, nós passaremos o dia inteiro com os estagiários antigos, debatendo as próximas oficinas”.
O importante
A reunião para preparação dos estagiários se deu no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Na segunda-feira, 26 de julho, divididos em dois grupos, uma para o turno da manhã e um para o turno da tarde, os estagiários entraram no universo da contação de histórias, com Luciano Braga e Josédina Ribeiro.

“Não dá para montar uma superoficina de contação de histórias, pois isso levaria muito mais tempo do que possuímos. Mas nós também não podemos deixar que eles partam para as escolas assim, tão crus. Por isso montamos esse “pacote básico”, que levará dois dias”, conta Josédina, “Com essa pequena oficina de contação de histórias, eles já ficam menos inibidos e, principalmente, já têm uma noção do que terão de fazer com os pequenos”.

Já na terça-feira, completando o pacote básico, os estagiários comentaram as oficinas preparadas, experimentaram as brincadeiras e dinâmicas, cantaram e, também, sugeriram modificações. “Foram debatidos temas como o bullying e o trabalho com os portadores de necessidades educacionais especiais. E essa soma das experiências deles com o nosso trabalho é muito importante. Afinal, só eles para confirmar ou não se o que planejamos dá certo”, diz Luciano.

A estagiária Maria Rita, da Escola Municipal D. Adriano Hipólito, em Rosa dos Ventos, comenta a importância das oficinas e encontros com a equipe da SEMCTUR. “Estou aqui há mais de um ano e muitas vezes nós nos deparamos com uma realidade que não deveria ser a da criança; tem coisas que eu não posso e não sei como resolver, mas aí eu trago para as oficinas e reuniões e nós conseguimos modificar”, explica.

Uma vez, em uma de suas oficinas de contação de histórias e produção textual – como reforço à Língua Portuguesa –, Maria Rita se viu no meio de uma “violenta revolução”. Ao contar o clássico “João e Maria”, onde o pai abandona as crianças na floresta por falta de emprego, a estagiária ouviu de suas crianças que, para solucionar os problemas, todos deveriam matar os pais. “Na hora eu fiquei em choque, até propus outra atividade ou uma solução melhor, como dar um emprego para o pai. Mas a realidade delas é de violência”, comenta Maria Rita.

A coordenadora Sandra Mônica comenta que, para as crianças, matar muitas vezes não tem o mesmo significado que possui para nós. “Quando ela deseja matar o pai, na realidade ela não quer efetivamente atirar nele; na verdade, o que ela deseja é matar o amor que ela sente e não vê ser correspondido”, explica. “O diálogo secretaria e estagiários é extremamente importante para que possamos melhorar o trabalho e a vida dessas crianças, que hoje sentem, até mesmo, dificuldade de sonhar, de entrar no mundo da fantasia. O importante, bem mais do que desenvolver o conhecimento deles, é fazê-los feliz. Se eles enxergam na escola um lugar de felicidade compreender os conteúdos será o mais fácil”, encerra.

1 Comentários:

Carla Verônica disse...

Criatividade é palavra chave pessoal. Adorei a musiquinha da Josédina - A contadora de Histórias.

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