por Hosana Souza
Nesta linda e ensolarada manhã de quinta-feira foi inaugurada a primeira Biblioteca Comunitária do bairro Ouro Preto; batizada por “Palavras do Bairro”, a pequena e aconchegante biblioteca está localizada na Escola Municipal José Ribeiro do Guimarães.
“Nunca imaginamos conseguir uma biblioteca com uma estrutura tão bonita para a escola e para a comunidade”, conta a alegre diretora da instituição, Luciene Alves, “A ideia surgiu com o projeto “Palavras do Bairro” lá em 2008”, explica.
O projeto “Palavras do Bairro” foi mais uma ideia oriunda da gestão de Marcus Vinicius Faustini na Secretaria Municipal de Cultura; com duração de um ano, o projeto propunha misturar as oficinas de incentivo à palavra com o resgate às origens do bairro.
“Foi um dos projetos que mais deu certo, conseguimos desenvolver o trabalho até com as crianças que não sabiam ler”, diz Marcio Santos, estagiário da SEMCTUR desde então. “Nós saíamos pelo bairro conversando com os moradores, desenvolvíamos atividades de incentivo à leitura com as professoras e estagiárias e, por fim, construímos uma teia de palavras pelos postes, calçadas e muros, da escola e do bairro”, explica Marcio que completa, que se depsede com “muita alegria” do projeto em dezembro, depois de três anos.
A partir das atividades das “Palavras do Bairro” surgiu a ideia, e a oportunidade, de construir uma biblioteca. Marcio e Luciene somaram forças e redigiram um projeto para concorrer ao Prêmio Ludicidade – Pontinhos de Cultura 2009, do Governo Federal. Além da visibilidade, a escola foi contemplada com a soma de R$ 12 mil. “Nossa diretora foi até Brasília receber o prêmio; além de estar bem escrito, o projeto já havia dado frutos, por isso que ganhamos mesmo concorrendo com todo o país”, explica Marcio.
O grande dia
“Hoje queremos agradecer a Deus e a todos os nossos parceiros: a equipe pedagógica, com quem sempre podemos contar; aos pais e alunos, aos estagiários, às secretarias de cultura e educação; a todos que realmente desejam ver a educação, a escola e o bairro crescerem”, diz a diretora Luciene Neves, iniciando a festa de inauguração da biblioteca.
A primeira biblioteca comunitária de Ouro Preto contou com ilustres e animados convidados em sua inauguração. Além dos pais e alunos – que não se incomodaram nem com o Sol forte –, marcaram presença nosso secretário de Cultura e Turismo Écio Salles; a coordenadora cultural do Bairro Escola, Sandra Mônica; a secretária de Educação, e representante da prefeita, Dilceia Quintella; a diretora da Biblioteca Municipal Prof. Cial Brito, Malena Xavier; o poeta iguaçuano Moduan Mattos, além de toda a equipe da SEMCTUR.
A secretária de Educação Dilceia Quintella está orgulhosa das mudanças já ocorridas no bairro graças à parceria Escola – Comunidade. “Eu lembro dos movimentos da Associação de Moradores que reivindicavam melhorias para a comunidade, como uma escola, obras de saneamento e asfalto. Hoje eu tenho o prazer de retornar a Ouro Preto e ver que muita coisa mudou para melhor, e ver essa escola tão bonita e tão bem-cuidada; a escola sendo parceira e cuidando do bairro”, disse a secretária, para em seguida lembrar que a partir da próxima semana os professores concursados começam a tomar "em Ouro Preto e muitos tantos outros sub-bairros iguaçuanos”.
Para animar a festa, os alunos do Programa Horário Integral, sob o comando da estagiária do incentivo à palavra Flavia Estanislau recitaram poesias e espalharam a magia da literatura nacional para os presentes. Os alunos Mateus Cabral, Lauane Santos e Jobson Rosa interpretaram o poema de Sergio Camparello “Esquisitice”, devidamente caracterizados, fazendo seus amigos sorrirem.
Ainda no clima das apresentações, a pequena Luallem Ribeiro, 10 anos, encarnou a tagarela boneca Emilia de Monteiro Lobato, dançando, pulando, encantando e agradecendo pela presença e apoio de todos. “Eu gostei muito de ser escolhida, sou como a Emilia, adoro pular e falar”, diz a menina, para quem a biblioteca vai ajudar nas pesquisas.
O poeta Moduan Mattos prestigiou o evento e também doou alguns exemplares de seus livros e de obras iguaçuanas para a pequena biblioteca. Para incentivar não apenas a leitura, mas também o trabalho do professores e estagiários, Moduan deixou seus lindos versos: “Não se pode prender o vento no tempo que não vai parar”.
Encerrando a manhã e abrindo as portas da biblioteca para as ansiosas crianças, nosso secretario Écio Salles descerrou a placa de inauguração e bateu um papo com os pequenos: “Se hoje eu sou secretário de cultura, se hoje eu tenho meu doutorado foi graças à pequena biblioteca da minha escola lá no Complexo do Alemão. Isso tudo é de vocês, cuidem com carinho e principalmente libertem seus pensamentos e livros. Tudo que fica parado cria mofo, leiam o livro e divulguem a biblioteca para que mais e mais amigos possam ler”, diz o secretário. “Vamos viver aventuras, vamos ler”.
Após o cerimonial as crianças puderam conhecer a biblioteca e receberam, ainda, uma pequena sacola com compilações de variados clássicos infantis.
Apenas o começo
Todo o esforço para a conclusão do projeto, toda a manhã dedicada à linda culminância e inauguração da Biblioteca Palavras do Bairro é a penas o começo de muito trabalho. Com quase 500 exemplares a biblioteca vem sendo organizada pelas estagiarias de cultura Shaydra Abranches e Tayla da Silva; ambas fazem parte do programa Cidade Universitária.
Trabalhando já há quatro meses Shaydra comenta como é difícil organizar uma biblioteca: “É muito complicado, parece que eu cataloguei uns mil livros já”, brinca. A jovem de 20 anos que cursa Relações Internacionais na UFRRJ diz que escolheu o trabalho por apreciar livros e crianças: “Nós não possuímos a formação necessária – biblioteconomia – mas fazemos isso com muita dedicação. Creio que a leitura vá acompanhar essas crianças e auxilia-las por toda a vida. Ler ajudar a ter base, senso critico, a formar novos e melhores cidadãos”, encerra.
Para auxiliar o crescimento da biblioteca Malena Xavier propôs um estagio de uma semana para as jovens, que conheceram a biblioteca Prof. Cial Brito não apenas como leitoras: “A partir de segunda-feira vocês passam lá e começam a conhecer o mundo dos livros que está por trás deles. Não são complicados os mecanismos, vocês só não sabem o caminho a percorrer, mas isso se resolverá”, explica Malena, a nova parceira do bairro.
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