Frutos da goiabeira

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

por Tuany Rocha Santos

No fim de 2005, cansados das mesmas reuniões de sempre nos bares da cidade, Moduan, sua mulher Sil decidiram criar algo para incrementar as noites ao lado dos amigos. Surgia então o que hoje eles nomeiam como “Encontos”.

Os “Encontos” são rodas literárias que acontecem de três em três semanas na casa de Moduan Mattos e Sil, onde o grupo escolhe um tema como base para cada um escrever o conto que será lido na reunião seguinte. “Advogado, médico, artista plástico, músico, há pessoas das mais variadas áreas que participam dos encontos”, conta Moduan Mattus.



Todos os encontos são acompanhados por um caldo, preparado pelo próprio Moduan, que ficou famoso entre os que frequentam ou já frequentaram as rodas. “Tento sempre preparar alguma coisa leve e a cerveja deixo por conta do pessoal”, diz Moduan enquanto prepara o aperitivo da noite.

Mas nem sempre as reuniões foram feitas no aconchego familiar da casa de Moduan e Sil. “A principio as reuniões eram feitas em bares, onde costumávamos ler contos de autores consagrados”, explica o poeta. Foi em uma dessas reuniões etílicas que surgiu a idéia de cada um escrever seus próprios contos.

O grupo começou a sentir falta de um lugar tranquilo e transferiu as reuniões dos bares para a casa de Moduan e Sil, sempre em dias calmos, como segundas ou terças. Inicialmente, os encontos eram feitos uma vez por semana, mas com o passar do tempo a rotina agitada dos integrantes os obrigou a aumentar o intervalo entre as reuniões. “É sempre uma correria, mas a gente nunca deixa de fazer os encontos.”

Durante toda a trajetória dos “Encontos”, muitos nomes passaram pelo bairro dos Bandeirantes em Nova Iguaçu e se sentaram ao redor das duas mesas montadas sob a goiabeira no enorme e arborizado quintal de Moduan e Sil: Ivone Landin, Cesar Ray, Marcelo Peregrino, Willian Sertório, Heitor Neguinho, Lirian Tabosa e Luiz Moura, entre outros. “Tem gente que está nas rodas desde o início, outras vem às vezes e outros vieram uma vez e nunca mais voltarão, mas os seus contos estão guardados”, conta Moduan.

Atualmente os frequentadores mais assíduos das rodas são Sertório, Lafayette, Gelson e Mauro, cujo livro "25 contos" começou a ser produzido nos “Encontos” - além disso, a produção gráfica e a digitação ficaram por conta de Sil. Toda essa movimentação literária serve de incentivo para a filha do casal anfitrião, Marília. “No lançamento de um dos livros do pai, ela disse: 'Também vou lançar meu caderninho'", conta Sil, orgulhosa enquanto ajuda a filha com o dever de casa.

O primeiro a chegar para a reunião é Lafayette (médico e artista plástico). “Participo dos encontos há anos e pra mim é fantástico poder exercitar minha criatividade em meio a uma sociedade de ideias prontas”, diz ele, que por causa de problemas de agenda recentemente pediu para que as reuniões fossem transferidas para as quintas. “Ainda que fosse por intermédio de emails, eu e meus contos estariam presentes nas rodas.”

Moduan e Sil pretendem lançar mais um livro com os contos escritos ao longo dos Encontos. “Já temos um acervo separado e estamos fazendo o orçamento para produzir o próximo livro”.

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