Cidade maravilhosa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

por Luciana Baroni

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa... maravilhosa? O que pode ter de tão maravilhoso nestas favelas, nestas crianças que deveriam estar estudando e estão se matando, se drogando, se prostituindo? Achar o Rio uma cidade maravilhosa no meio deste caos seria covardia. Os traficantes fazem o que querem, pois a “cidade maravilhosa” é dentro de um país onde só há impunidade. Estudar, fazer uma faculdade, de repente virou fora de moda e hoje em dia, quem não se droga, como eu, é careta! Pois sou careta sim! Esse mundo de hoje é e sempre será o mundo dos fracos e ignorantes, que preferem usar a total ignorância como desculpa para não ir á luta e serem pessoas de bem. Enquanto houver políticos corruptos, gente sem o menor escrúpulo no poder, que nós colocamos, nós votamos, haverá violência, impunidade, drogas e corrupção.


Os bandidos na cadeia fazem a faculdade deles em pilantragem e maldade e saem de lá formados e pós-graduados, piores do que quando entraram, ainda mais revoltados com as pessoas que estão na rua trabalhando para se sustentar e sustentar a família. Quantos mais precisarão morrer e ficar na impunidade? Eu tive um tio que morreu brutalmente no trabalho com vários tiros, trancado em um frigorífico, pois ele tinha um depósito de gelo, simplesmente porque os caras não conseguiram levar o carro cuja chave ele entregou sem reagir. Devo ter pena porque o bandido era “di menor”? Uma ova! Ele acabou com a vida da minha família por nada e com certeza está solto por aí matando e destruindo mais famílias de pessoas inocentes como a minha, pois essa gente, se é que se pode dizer que são gente, não tem nada a perder. Nós é que temos muito á perder por não sermos bandidos como eles e por conta disso, vivemos com medo de sair de casa para trabalhar pois a gente nunca sabe se vai voltar.

Isso é vida? Eu não estou presa em uma cadeia, estou presa dentro da minha própria casa, onde nem assim me sinto segura. Fazer compras de Natal? Só se for pra me arriscar a tomar um tiro! Prefiro escrever uma carta para Papai Noel e esperar ele entregar os presentes, quem sabe acreditando no bom velhinho, eu passe a acreditar que essa cidade um dia vai voltar a ser “maravilhosa”.

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