A guerra urbana acabou?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

por Jefferson Loyola


As favelas no Complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro foram pacificadas. Ainda não foi feita a implementação da UPP, porém até que seja feita, os policiais irão permanecer no local, deixando os moradores mais tranquilos. Mas a população ainda se pergunta: “Será que acabou?”. Ontem, 30 de novembro, ao voltar para casa, o pânico tomou conta de mim. Trabalho em Nilópolis, e na volta pego o ônibus da empresa “Nilopolitana” para Comendador Soares. O que sempre foi rotineiro acabou tornando-se medo. Talvez fosse desnecessário, porém, com os últimos acontecimentos, é mais que normal ficar atento.

Ao entrar no ônibus, meio cheio, sentei no último assento do lado esquerdo, próximo da janela. No ponto seguinte, entrou um rapaz, aparentando ter uns 20 anos, e sentou nesta última fileira com cinco assentos, mas do lado direito, também na janela. Até este exato momento tudo normal, mas um minuto depois de o rapaz ter sentado, ouço um barulho de isqueiro. Quem em plena e absoluta sanidade mental fumaria dentro de um ônibus? Sim, eu já fumei. Enfim, isso não vem ao caso. O rapaz estava brincando de acender a janela do ônibus.


Duas paradas depois, especificadamente em frente ao supermercado Cristal de Edson Passos, entra outro rapaz com uma mochila pesada e senta no meio de nós dois, o cumprimentando. Eles pareciam se conhecer. Comum, já cansei de encontrar conhecidos ou amigos dentro de ônibus, mas por que ainda permanecer brincando de acender a janela com o isqueiro? Não sei. Eu, assustado, fiquei observando. Eles perceberam e ficaram olhando para mim. “Agora que vou ser assaltado ou irão queimar esse ônibus!”, pensei.

Essa tensão durou 20 minutos; eu olhava e imaginava duas garrafas de gasolina na mochila de um e o outro acendendo com o isqueiro. Tenho imaginação fértil! Quando já pensava em descer do ônibus e pegar outro, entrou um policial. Ele sentou-se um pouco à frente de onde estávamos, e reparei que os rapazes ficaram ligados. Depois que o policial entrou, o menino que brincava com o isqueiro parou. O que entrou em segundo, desceu no ponto após a entrada do policial. Só restava o rapaz do isqueiro, que desceu após o amigo que o cumprimentou.

Não posso afirmar que eles eram bandidos e que iam queimar o ônibus, e nem posso dizer que não eram. Ficaram apreensivos com o policial e desceram em seguida. O que fez com que minha volta para casa se tranquilizasse. A população, mesmo que não haja perigo, está muita tensa e com medo de qualquer coisa suspeita. O derrame causado nestes dias de terror no Rio de Janeiro deixou sequelas. Onde pegar um ônibus na ida, ou volta do trabalho, acaba sendo traumatizante.

Cheguei em casa bem. Liguei a televisão e no noticiário dizia: “Bandidos fugiram por redes de esgoto”. Se ao menos os bandidos, principalmente os “chefões”, tivessem sido detidos e presos, estaria tudo bem. Porém, o receio de novos ataques ainda permanecem. Eu não sou hipocondríaco, mas eu fico temeroso, nervoso com a situação do Rio de Janeiro. Definitivamente, nunca odiei tanto um isqueiro.  

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