Miguel Couto no mundo

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

por Marcelle Abreu e Yasmin Thayná



O espaço Municipal de Nova Iguaçu na Quinta feira, foi o lugar mais instigante e festivo da cidade mesmo com o calor que fazia.

A primeira apresentação do segundo dia de festa realizada pela Prefeita Sheila Gama, foi o grupo de dança "RuArte," que estão juntos há 1 ano e os meninos e meninas do Projovem que estão há 4 meses acompanhando as aulas de dança da Casa do Menor, em Miguel Couto. O grupo resistente há mais tempo já já se apresentou na europa e em Alagoas. Com três meses de ensaio, o grupo de moradores de Nova Iguaçu apresentou em forma de dança a música "não é sério," do Charlie Brown Junior, que fala da juventude em forma de protesto.
Criativos, dançaram em dupla sendo um deles o manipulador que conduzia a marionete feita de elástico presa nas mãos do manipulado. "A gente retrata isso usando marionetes, que mostra que o jovem na sociedade não faz o que tem vontade, eles são sempre guiados," disse tikin
A outra que teve duração de 1 mês de ensaio, "Pérola negra" da Daniela Mercury, que fala da beleza dos negros, fala do povo brasileiro e a aproximação cultural.
A história deles começou como "lambabreack," que era lambaeróbica com hip hop. "era um sucesso," afirma tikin completando "a gente começou a buscar novas coisas, um pouco do jazz, do contemporâneo, do balé moderno, e tudo isso ligando a características dos alunos. Jazz era jazz de rua e assim por diante."
grupo "RuArte"que se encontra todos os sábados na Casa do Menor, em Miguel Couto, começou com o André Alves cujo reconhecimento geral é "tikin," em 2006. Tikin, dançava nos bailes e na laje de sua casa desde os 13 anos de idade. Morador de Nova Iguaçu, resolveu estudar na escola da vida, se tornar um professor de dança e mudar a realidade, através disso, dele a da vida de outros. "Eu sempre gostei de dançar e uma vez um amigo me chamou para dançar. Eu sempre fui meio louco e fazia parte de um grupo que eu fazia saltos mortais. Eu entrei para o grupo, mas 2 semanas depois me tiraram, pois não ia dar certo e isso só me instigou. Criei meu grupo com uns amigos no quintal e encontrei umas pessoas maiores que começaram a me ajudar e por ironia, cinco meses depois eu me tornei coreógrafo do grupo que estava nos ajudando e depois comecei a fazer coreografia para os grupos de onde eu morava."
Tikin, apesar de sua juventude 25 (anos), é responsável por coreografar os grupos das outras unidades da Casa do Menor espalhadas pelo mundo e pelo Brasil como Alagoas, Fortaleza, São Paulo, Aracaju e também no continente europeu, que vai a cada 2 anos.
A ideia de dançar o protesto de Charlie Brown explícito na música, foi do Tikin Idéia que viu o tratamento que os meios de comunicação lidam com os jovens dentro da sociedade. “A TV só mostra o que quer, só dão espaço para coisas ruins. Se a escola tem um projeto maravilhoso, como algumas onde eu trabalho, ele não mostram, mas se um professor dá um beijo no aluno no rosto, isso já vira noticia,” disse indignado.
Já a "Pérola negra," partiu de uma realidade dentro do grupo de dança onde uma das aulas sofreu preconceito racial. O professor mesclou todos os tons de peles no grupo e transmitiu com sucesso essa mensagem através do corpo, da música para os meninos e também tornou amplo esse reflexo no ouvido das pessoas que os viram. "há pouco tempo, uma aluna nossa sofreu de racismo e a gente quis dar uma ênfase nesse assunto. A gente vai tentar mostrar a coesão que tem entre os negros, brancos, sejam esses louros, morenos, não importa. Todos vão dançar e prol de uma única causa, que é a questão cultural, a dança, a união familiar que muitos aqui têm."
Tikin já fez coreografia para a Mc Sabrina, Os Ousados, Os prostitutos, que são grupos de funk da furacão 2000. Também para pessoas de fora do estado como Nós de Rua que é um grupo de SP, hip hop fashion SP, Halleluya fortaleza (evento da igreja católica, para 350 mil pessoas). "Há um tempo eu era meio que responsável por toda parte cultural de lá, hoje cada atividade tem seu instrutor. Dança, capoeira, teatro, mas isso agora, tanto que em 2007 no ultimo espetáculo na Europa foi eu que criei tudo, e esse agora já tem outros comigo."
O intuito deles é passar sempre uma mensagem para o publico através da arte. "e é legal mostrar a realidade desses jovens. O foco não é formar profissionais, eu não sou formado profissionalmente. O foco é formar cidadãos, pois ali há meninos que foram criados com pais surdos, meninos de rua, meninos que eram da noite, que cheiravam, e também há aqueles que têm uma boa renda e que por participar do projeto a mãe é revoltada. Tem uns que são internos, que moram na casa do menor. É um grupo em que conseguimos criar uma família que vale muito mais que subir ali e fazer uma apresentação perfeita. Por trás daquilo ali (palco) tem muito mais."
O professor acredita no sucesso dos meninos que estão com ele todos os sábados pelo prazer e pela vontade de mudar aproveitando a juventude com protesto e formando um senso crítico dentro da periferia. "Já fiquei 5 minutos teóricos e passando no lugar que cada um ia ficar e o que iria fazer, porque um grupo vê o ensaio do outro, então fica mais tranqüilo. Eu confio neles e sei que eles sempre vão me surpreender. Eu espero uma coisa, mas sei que eles vão além. A gente que é professor sabe como é e as vezes o improvisado sai melhor que o que é planejado meses antes. Eles me perguntam como fazer e tudo mais, e eu falo: vai lá e faz que eu confio em vocês,” revelou.
Além disso, é professor assíduo para qualquer que seja o grupo: percussão, dança e capoeira. "Se o professor faltar, eu não deixo os alunos sem aula."
Depois de muito tempo dançando, hoje, Tikin optou por ser apenas um observador e um divulgador de conhecimento. "Eu dançava e hoje não danço mais, pois o meu prazer até então era de montar e coreografar. Eu dançava também, só que chega um ponto que você dançando não consegue observar o seu trabalho. Tem duas questões, antes o meu prazer era dançar, me expor, dar tudo de mim dançando. Hoje o meu prazer é ver o meu trabalho, ver as dificuldades de cada um no palco. Se eu estiver com eles não tem como eu ver. Por mais que eu filme, não é a mesma coisa de eu ver a reação de cada um na hora. Eu escolhi ensinar e ver até onde eu poderia ir."
Jefferson Gomes de 22 anos também é dançarino e trabalha na Casa do Menor há cinco anos e 6 meses no grupo de dança. "gosta de dançar desde pequeno. Meus pais sempre me barraram, mas isso nunca me impediu de fazer. Hoje estou me formando em professor agora e o pessoal da minha família já tem mais orgulho disso."
Em janeiro, eles estarão em Fortaleza. Alagoas em abril e depois São Paulo. Tikin fará uma avaliação dos alunos em cada polo para trazer os grupos para o Rio com o intuito de montar um futuro o espetáculo tanto na dança, como capoeira, teatro, percussão.
Para os interessados nas aulas de dança, eles se reunem na Casa do Menor às terça, quintas e sextas com o Projovem de 9h ao 12:00h e 14h as 17h.

E também aos sábados de 9h ao 12h "É gratuito. Não há distinção social, apenas compromisso de cada um."

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