Barbas em quadrinhos

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

por Yasmin Thayná






"Sempre tive barba e me vesti mal. Adoro usar bota. Não tenho tênis, apenas botas e essa preferência não advém dos estilos musicais. Sempre gostei do rock ao samba."

Nascido em Porto Alegre, criado no interior de São Paulo, publicitário e morador do bairro da Glória, Lobo sócio fundador da editora Barba negra, largou o mundo da propaganda devido às marcas que o ritual de ir à banca de jornal de manhã aos domingos, com seu pai e irmão, deixaram em sua vida. 
Dentre as coisas que comprava, um gibi para ele e o irmão era certo. "O quadrinho do Zé Carioca desenhado de um jeito muito estranho e esquisito, me chamou atenção. Eu adorei aquilo porque era diferente do que a Disney costumava fazer", disse Lobo na saída do Apalpe do último sábado, onde deu uma entrevista no programa de auditório comando por Marcus Vinícius Faustini.
Leitor de quadrinhos a vida inteira, antes mesmo de saber ler, conta que as revistas infantis foram tão importantes e decisivas em sua vida a ponto de determinar o que ele seria aos 40 anos: "Eu me alfabetizei lendo quadrinhos, o que facilitou a minha vida no começo da escola. Hoje eu sou roteirista de quadrinhos adultos e trabalho na editora Barba Negra."
Lobo cita seu pai: o homem que deu de presente o seu futuro
Ronaldo Gomes Ferreira, administrador empresarial, é pai de Lobo. Ele escreve num blog cujo assunto é a reforma política. "Não é porque ele é administrador de empresas que ele é um chefe ruim. Uma pessoa ganaciosa. Ele entendia que as famílias que trabalhavam com ele dependiam daquele emprego para sobreviver. Com isso, ele aprendeu o que é governar e como lidar com pessoas. O negócio é um jeito das pessoas se manterem vivas. "
Surgem as coleções
A partir dos domingos em Porto Alegre, Lobo começou a guardar numa caixa de sapatos os gibis que ganhava. Anos após a prática, descobriu que quem desenhava era um brasileiro chamado Renato Canini, que mora no Rio Grande do Sul há tempos.
Estudou publicidade na Facha, já no Rio de Janeiro. Trabalhou alguns anos no ramo. Em 2003 desistiu da profissão para fazer quadrinhos. O primeiro que lançou foi pela editora independente Mosh! "Mosh! Só Quadrinhos Roquenrou" em 1993. Já passou de 100 lançamentos. 
Ex-editor da Desiderata, lançou, por ela, "Copacabana", que conta a história de uma prostituta que trabalha na Avenida Atlântica. "É uma das engrenagens do turismo sexual que tem lá."
A sua relação com Copacabana é de infância. Sua avó morou a vida inteira lá e suas férias eram garantidas no apartamento. Atualmente mora na Glória e trabalha na editora Barba Negra, que criou há oito meses com o objetivo de editar quadrinhos adultos e livros de cultura pop. 
A Editora Leia tem tudo a ver com essa história: "É uma editora portuguesa interessada em explorar o mercado de quadrinhos no Brasil que se associou à Barba Negra, cujos sócios são os designers Cristiano Menezes e Chico de Assis."
Lobo também é do Humor Barato que aceita qualquer linguagem: cartoon, texto, quadrinho e outros que sejam engraçados.
                                      Lobo
"Realização de um sonho." Definiu Lobo sobre o que é trabalhar com quadrinhos e ainda narrou novamente a trajetória revelando o que não havia dito: "Passei a minha vida inteira querendo trabalhar com isso e decidi que teria de pagar o preço. Saí do meu emprego e me dediquei mais aos quadrinhos. Não tinha mercado. Ninguém ia me ligar para dar emprego. Não tinha possibilidade de emprego. Tive que criar meus próprios projetos, minhas próprias histórias."

4 Comentários:

Unknown disse...

Já tinha ouvido falar sobre o trabalho do Lobo, acho que tinha visto algo num blog chamado Copacabana Comics, algo assim. Gostei da matéria. Parabéns Yasmin ;)

Julio Ludemir disse...

suas reportagens estão ficando cada vez melhores e os textos, mais redondos. parabéns, querida.

Nanda Miranda disse...

Vale a ressalva de que o Lobo não só trabalha na editora Barba Negra como é um dos sócios-fundadores, além de ser o editor de todos os albúns lançados pelo selo.

Egeu Laus disse...

Um abraço Yasmin!

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