Lindas e falidas

domingo, 10 de abril de 2011

por Hosana Souza


“Por que as mulheres compram? Por que somos loucas desvairadas, essa é a verdade”, diz entre risos a publicitaria e moradora de Comendador Soares Glayciellen Gomes. Para algumas mulheres, a palavra comprar é praticamente sinônimo de existir. Ainda mais quando envolvidas pela lógica capitalista e suas ‘meigas e conhecidas facilidades’, como cartão de crédito.

Algumas, mais controladas, compram apenas por necessidade. Outras não resistem às tentações e no meio da matemática feminina - que envolve as palavras liquidação e seis vezes sem juros - terminam lindas e falidas. “Eu não sei explicar, meus olhos simplesmente brilham quando vejo uma roupa nova, ou algum acessório”, explica Glayciellen. “E não poder comprar é um suplício, uma frustração. Passei na C&A essa semana – que está com coleção nova – e tive que subir para pagar o cartão olhando apenas para o piso. Do contrário não resistiria”, completa Jéssica Oliveira, nossa companheira de redação.

A vaidade feminina não tem limites ou precedentes. Por mais apertado que esteja o orçamento, uma boa parte dele sempre é direcionado para a estética. Os gastos passam por unha, cabelo, depilação, academia, dermatologista, maquiagem, perfume, roupas e acessórios e tantos outros itens que as leitoras de plantão estão nesse momento imaginando. “Eu não somo tudo, pra não ter um treco! É muita grana que a gente gasta. E não é nem pra ficar bonita não, é pra ficar apresentável! Pra ficar bonita-bonita, precisava o dobro!”, diz a dona do Blog Salada Mista, Elise Machado, que completa, entre risos: “Estou pensando em virar monja no Tibet... aí vai ser só o gasto no roupão”.
Joanna e Jéssica

Com o orçamento já pra lá da cor vermelha, a publicitária Joanna Moura resolveu passar um ano de jejum. “Tudo começou num belo dia de chuva em São Paulo. Eu, prestes a ser despejada e sem um tostão no banco”, conta ela, que pela necessidade de uma verdadeira mudança de hábitos pensou: “Está na hora de uma mocinha de 27 anos começar a investir em coisas mais importantes do que roupas. Chega de dívidas parceladas no cartão de crédito! Viva as pessoas que têm caderneta de poupança!”. E nasceu junto com a vontade de superar as dividas o blog UM ANO SEM ZARA, onde ela se propõe a usar por 365 dias apenas o que tem no próprio armário.

Algumas de nós nem percebem o quanto gastam (ou investem) em roupas e assessórios. Mas no geral a quantia é sempre elevada e a “paixão por compras” começa ainda cedo. “Sempre curti moda. Desde pequena eu gostava de me fantasiar em casa, olhar as vitrines no shopping, experimentar coisas novas, combinações novas”, diz Joanna, que completa: “Sempre fui vaidosa. Acho que é genético mesmo. A minha mãe é supervaidosa, feminina, meu exemplo de elegância”.

Glayciellen, com 19 anos e desempregada, ainda deve ao banco duzentos reais “Eu despertei meu lado consumista aos 15 anos, eu queria tudo. Mas como o dinheiro era da minha mãe era mais controlado”, conta Glayciellen. “Quando comecei a trabalhar as coisas ferraram de vez. Eu aproveitei que meu pai pagava minha faculdade e gastava todo o dinheiro com compras. Já cheguei a ficar sem dinheiro de passagem, tendo que atacar o bolso do meu pobre pai”, completa ela que ganhando R$600 e usando e abusando dos cartões de crédito, dava até R$300 em uma única peça ou bolsa. “Comprar parcelado é a pior coisa de todos os tempos, você não consegue liquidar a dívida. Ao mesmo tempo falar em compras me dá vontade de correr pro shopping atrás de pelo menos uma pecinha nova, mesmo no cartão”, diz entre risos.

“Se eu estiver chateada comprar é uma maneira de distrair. Mesmo que assim que termine adquirindo novos problemas”, conta Glayciellen. Além das dívidas outras unanimidades entre as entrevistadas foram as liquidações e o fator ‘escape’ das compras. “É bom sair da loja cheia de sacolas e com a ilusão de que economizou uma grana”, comenta Jéssica. “Hoje foi o dia mais difícil pra mim porque estava de TPM. E quando a gente tá de TPM acha tudo o que tem no armário péssimo. Mas eu sobrevivi”, completa Joanna, que já esta no 38° dia de abstinência.

Mayara e Glayciellen

A jornalista Mayara Freire é praticamente uma pecadora redimida. A linda e fashion dona do BRECHOQUE hoje só compra roupas quando tem dinheiro sobrando. “Claro que já abusei, porque quanto mais exclusivo e diferente, é mais caro. Mas da ultima vez que me endividei mesmo foi porque achava peças que eram interessantes. E as usava como estudo de tecidos e cortes, pois criava algumas peças para vender. Eu procurava pesquisar coisas novas, logo, caras!”, conta ela. “Acredito que comprar excessivamente para ficar linda é ser superficial. Hoje, compro somente o que preciso. Acho que chega uma hora na vida que você quer se livrar de excessos e se renovar. Infelizmente impulsos acontecem e devemos condicionar nossa mente para não gastar dinheiro com coisas que não são importantes”, encerra.

3 Comentários:

Muito boa matéria. Só odiei a minha foto velha e feia do lado da Johana, toda linda.
Valeu mesmo, Sannah!
rs

Vinicius Tomas disse...

homem tb passa por isso. uma passadinha no ebay e pronto. zerou o cartão.

Marcelle Abreu disse...

Amei a matéria. Muito bom fazer compras, o difícil é depois quando a fatura do cartão chega. rs
mas sou bem controlada! =D

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