por Pedro Felipe Araújo
No dia 21 de maio de 2011, aconteceu no Colégio Estadual Monteiro Lobato, no centro de Nova Iguaçu, um evento idealizado pela secretaria de Educação para promover confraternização entre alunos e professores do programa Brasil Alfabetizado. Este projeto já letrou mais de vinte mil pessoas de todas as idades em Nova Iguaçu.
A festa foi aberta ao público e promoveu uma série de ações sociais, tais como retirada de documentos e cadastro em projetos como o Bolsa Família. Além disso, reuniu diversas personalidades iguaçuanas.
Uma das ilustres figuras presentes foi Maria Gomes Barbosa, uma moradora de Monte Castelo de 60 anos. Dona Maria é professora do projeto Brasil Alfabetizado, onde ensina a ler e a escrever pessoas de meia idade que não tiveram oportunidade de frequentar uma escola durante a infância. Para ela, alfabetizar suas turmas é um processo de evolução mútua, onde tanto ela quanto seus alunos aprendem juntos. “Temos que contribuir para o crescimento do próximo porque é assim que também crescemos”, diz.
Maria leciona no projeto há mais de três anos e já conhece todos os segredos para ir conquistando com o tempo os seus alunos que, segundo ela, muitas vezes têm vergonha de admitir no primeiro momento que não sabem ler. Com o tempo, a professora aprendeu a se adaptar às dificuldades deles e criou até uma metodologia própria de alfabetização.
Para ela, estar em um projeto como este faz parte de uma missão muito mais profunda. Ela entende a realidade dos seus alunos porque já passou pelas mesmas situações e dificuldades. Baiana, veio de Vitória com seus patrões quando tinha apenas 15 anos para poder trabalhar e tentar a vida no Rio de Janeiro. Trabalhou desde muito cedo e não teve, assim como seus alunos, oportunidade de ingressar na
escola.
Maria enfrentou muitas dificuldades. Eram tempos turbulentos de ditadura militar, ali pela década de setenta, mas mesmo assim trabalhou e superou todos os obstáculos. Casou-se e, por escolha, teve um casal de filhos gêmeos: Claudio e Claudia. “E foi uma época muito difícil. Tive que fazer sacrifícios para realizar o sonho de ser mãe. Comecei a vender pão e cosméticos para pagar os estudos dos meus filhos”.
Com trinta e cinco anos, Maria resolveu mudar o curso de sua vida. Decidiu estudar e foi à escola pela primeira vez na vida. Alfabetizou-se no CES (supletivo de Nova Iguaçu) e tomou gosto pelos estudos. Empenhou-se na sua formação acadêmica e depois de realizar o sonho de se formar no ensino médio ela voltou para a ação social, desta vez como voluntária. Começou a lecionar na ONG Alfalite Brasil, onde descobriu que amava ser professora. Dentre muitos alunos que a fizeram descobrir esta paixão pelo ofício, destaca-se Sheila, a aluna que lhe foi mais marcante. “Ela era inteligente e esforçada e queria muito ser veterinária, foi a aluna que mais me marcou”, disse dona Maria.
A professora foi indicada ao programa Brasil Alfabetizado por um amigo e abraçou o projeto, mergulhando mais profundamente na causa. Hoje ela leva o nome do projeto a todos os lugares por onde passa e vez ou outra encontra ainda pessoas não alfabetizadas para participar.
E o trabalho voluntário de Maria não para por aí. Além de ensinar neste programa, ela é voluntária na ONG Ação Social e faz exposições todos os fins de semana sobre o meio ambiente na porta de sua casa, onde ensina vizinhos e pessoas que passam pelo local a importância de preservar a natureza. Maria também presta serviços comunitários na ONG Natal Sem Fome dos Sonhos, cuja campanha este ano começa em agosto. Dona Maria estará lá, fazendo jus ao apelido que ganhou em todos esses anos de ação social: Maria da ação.
Maria da ação
terça-feira, 24 de maio de 2011
Marcadores: Bairro Escola, Pedro Felipe Araújo
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