por Raize Souza
“Uma amiga minha fez uma promessa", disse Maria Pereira na ação social promovida pela Secretaria Municipal de Nova Iguaçu neste último sábado, na Escola Municipal Monteiro Lobato, no Centro. "Se aprendesse a escrever, ela ia a pé de Nova Iguaçu para Morro Aagudo". Ela aprendeu e foi. Maria Pereira e a amiga são alunas do Brasil Alfabetizado, um programa do MEC em parceria com as prefeituras cujo objetivo é erradicar o analfabetismo entre jovens (a partir dos 15 anos), adultos e idosos. A ação social estava comemorando a alfabetização de 20 mil alunos desde 2006.
O programa representa a possibilidade de cidadania para a massa de pessoas que atende, dando-lhes uma nova vida, uma perspectiva inteiramente diferente. A própria Maria Pereira, uma senhora de 58 anos, usou o exemplo da amiga para demonstrar a “força de vontade que as pessoas têm de aprender". "Quando as coisas são fáceis, a gente não dá valor e lá a gente brinca, aprende, se alegra, se ajuda, faz amigos, damos risadas”, revela a estudante, que gostou tanto do projeto que continuou como ouvinte.
Além da amiga, Maria Pereira levou o marido Raimundo Pereira, um senhor se 88 anos que entrou no projeto há uns cinco anos com o objetivo de um dia ler a bíblia. “Aprendi, melhorei e espero melhorar mais”, diz Raimundo, que era filho de um casal pobre, e não teve muitas oportunidades para estudar. Sua história é digna de um livro, que começou como vaqueiro no Ceará, a convocação para a 2º guerra mundial, a migração para o Rio de Janeiro. Sua última aventura foi a de se alfabetizar.
A história de Aline Gomes é um rosário de desgraças, que se tornaram mais dramáticas depois da morte do pai, quando ela tinha apenas sete anos. Agora com 21, ela foi obrigada a abandonar a escola aos 12 anos, para ajudar a mãe a criar seus 12 irmãos. Aline Gomes, que está no projeto desde agosto de 2010, entrou com o objetivo de concluir o ensino básico para depois fazer um curso de informática e tentar um emprego na área de comunicação. Hoje, Aline tem um filho de três anos e garante: “Vou fazer de tudo para ele ter o que não tive.Quero que ele tenha um futuro melhor que o meu”.
O programa também abre as portas para as pessoas especiais, como o estudante Julio Cesar, de 19 anos, que tem um distúrbio mental. Ele, que está no programa há dois anos, está em avançado processo de alfabetização e já consegue se comunicar melhor com as pessoas. "Fiz novos amigos", diz ele. Sua professora Nadja de Carvalho garante que ele não perde aula e quer estudar até quando não tem aula. A professora tem mais três casos especiais na sala. A educadora, que está no projeto há nove anos, relata que aprendeu muito no projeto. Não é a toa que apesar das aulas oficialmente só durarem oito meses, ela continua até dezembro sem receber a bolsa do governo. A recompensa vem de Deus."
Também alfabetizadora do projeto, Regina Borges, 41 anos, diz que os alunos “saem um pouco da rotina e abrem mais a cabeça para o que acontece no mundo e eles aprendem comigo e eu com eles”
Maria foi ao evento para tirar a segunda via de documentos e aproveitar o dia, como já fizera na ação social anterior a essa, onde se divertiu a um ponto tal que só deu conta da passagem do tempo às quatro da tarde. "Um evento desse é muito rico e alegre e gostaria que tivesse todo final de semana." Por sua vez, Julio revelou que ia fazer um tratamento de pele para conseguir a namorada com que pretende se casar.
Uma nova ação social só ocorrerá novamente daqui a oito meses, pois, segundo a coordenadora do programa, Jaqueline Ramos, o evento contemplou também o interessado com documentação pendente.
1 Comentários:
Que bom que existem programas de inclusão social com este, que conseguem fazer estas pessoas felizes. Parabéns pela matéria, Raíze!!!!!
Postar um comentário