Sensibilidade do gatinho

quarta-feira, 22 de junho de 2011

por Leandro Oliveira de Aguiar

As pessoas autistas possuem como característica serem mais introspectivas e de difícil comunicação. O que acarreta muitas dúvidas sobre a condição em que os próprios devem ser tratados perante a sociedade. As dúvidas geralmente são carregadas de preconceitos e informações mal divulgadas. O interesse sobre o tema para a população foi acalentada por muitos filmes que abordam o assunto, como Rain Man, do respeitado diretor Barry Levinson. “Percebi que meu filho tinha a síndrome quando aos sete anos ele não conseguia entender quando eu o chamava de gatinho”, conta a profissional de hotelaria Clarice Teixeira Braga, que percebeu que seu filho só conseguia ter um percepção concreta das palavras.

A adversidade começa com a árdua tarefa de conseguir o diagnóstico, pois a popularização da enfermidade é relativamente nova e não são todos os profissionais da saúde que compreendem o suficiente para dar um parecer final. Afinal, muitas vezes a palavra autismo pode ser usada jocosamente, generalizando muitos graus de algum empecilho intelectual.


As pessoas com a síndrome acabam demonstrando ansiedade e horror ao sair da rotina, por isso devem ser devidamente orientadas com uma base educacional diferenciada. Mas diferenciada não no conceito de exclusão e sim inclusão. “O médico disse que todos devem ser socializados. Independentemente do maior ou menos grau de sintomas. Conversei com a professora e ela ajudou e muito compreendendo os limites do meu filho”, conta a vendedora Rachel Wagner de Souza, que encontrou na escola uma forte aliada para o caso do seu filho.

Não conseguir olhar por muito tempo nos olhos de outras pessoas e começando a falar mais tarde são geralmente as primeiras características das crianças para que os pais notem algum distúrbio. Naturalmente as crianças enfrentam uma avalanche de preconceito na hora de tentar iniciar seu aprendizado, mas com o devido preparo profissional acaba sendo de tamanha importância para os mesmo. É o que o rebento de Rachel explica. ”No começo foi difícil, agora até que é divertido. Tenho meus amigos e eles me respeitam”, diz de forma lacônica João Pedro Souza de Oliveira.

O governo federal estima que existam cerca de 2 milhões de autistas no Brasil. Portanto é um direito de uma minoria poder lutar para ser tratada com respeito e igualdade. O esclarecimento sobre a forma em que devem ser conduzidos seus portadores é essencial. As maiores inverdades são quando se duvidam do potencial desses jovem, que, apesar de diferentes quanto ao comportamento, mostram que podem ser grandes cidadãos no futuro.

“Meu filho pode ser uma criança normal. Só precisa de um incentivo maior. Existiram muitos gênios que tinham características da síndrome, como Leonardo da Vinci e Andy Warhol”, conta emocionada a professora Vânia Alexandrina de Vargas.

A discussão sobre uma maior inclusão ganhou contornos nacionais com a Comissão de Diretos Humanos, que , na Legislação Participativa, discutiu a sugestão da Associação em Defesa do Autista na elaboração de projeto que visava instituir uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, em abril deste ano. Com uma frase emblemática, a senadora Ana Rita (PT-ES) definiu a nova política em relação aos mesmos. “O autista passará a ter todos os direitos que as pessoas com deficiência já conquistaram até hoje, em termos de políticas públicas”.

1 Comentários:

Pedro Felipe Araujo disse...

Muito bom, Leandro! Parabéns mesmo pelo texto e por ter a percepção de escrever sobre um assunto importante como este.

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