por Lucas Xavier
Seis garotos estão sentados no tapete da sala de estar. No chão, muitos papéis, dados com número variado de faces, livros, lápis e borracha. Uma sessão de RPG está prestes a começar. Um dos rapazes está sentado um pouco deslocado do resto do grupo, em um lugar onde todos possam o ver facilmente. Ele é o mestre, e sua função é criar um mundo. Um mundo que os outros cinco garotos vão habitar, desbravar e conhecer.
O RPG (Do inglês Role Playing Game) funciona de uma forma completamente diferente dos outros jogos. Não é uma competição entre os jogadores. Pelo contrário, todos os personagens do jogo fazem parte de um grupo de aventureiros que, juntos, irão batalhar e enfrentar hordas de inimigos. O mundo imaginário do Role Playing é criado por um dos jogadores, que é chamado de “mestre”. Ele não possui um personagem, mas cria o cenário e a história em que os outros jogadores viverão.
“Ser mestre é brincar de ser Deus”, afirma Leonardo Alottoni, 18 anos, rindo. “Se o mestre disser que está chovendo, é porque está chovendo. Não importa se o céu estava limpo ou não”, pontua. “Eu sou mestre de RPG desde meus 15 anos e não pretendo parar. Para ser mestre, é preciso ter vontade de entreter as pessoas, é necessário ter uma boa capacidade de improvisação e, principalmente, uma imaginação fértil”.
O RPG é um mundo livre. Por mais que o mestre esteja programando uma aventura para os jogadores, estes últimos podem simplesmente não querer participar. E daí vem a capacidade de improvisação do mestre. Ele precisa criar um mundo onde a imaginação é o limite.
A sessão de RPG começa. Os jogadores se preparam. No mundo do Role Playing, o estudante de Direito, Gabriel Alottoni, vira A’zzmir, Cavaleiro do Cálice. Marcos Vinícius, de 19 anos, vira Ulfgar, um anão bêbado e renegado. Samir Maia vira Soveliss Amastacia, Elfo guardião da floresta.
“Eu entro na caverna, de espada em punho. Olho para os lados tentando encontrar algum inimigo escondido enquanto caminho bem cautelosamente.” Essa é a ação exercida por Gabriel Alottoni, que já está na pele de A’zzmir. O jogo procede. O mestre fala: “Você alcançou o fundo da caverna. Aqui já não se vê muita coisa, por conta da escuridão, mas você vê, mesmo assim, um corpo de mulher no chão; morto.”
O jogo continua enquanto A’zzmir tenta verificar os motivos da morte da mulher da caverna. Ele rola alguns dados para descobrir se conseguiu averiguar a causa da morte, mas falha. Assim como na vida real, nem tudo o que se faz tem cem por cento de chances de dar certo.
“Os jogadores têm que rolar dados para realizar ações que tenham chances de falha. Como, por exemplo, escalar uma corda, ou atacar um inimigo. Mas quanto maior for a perícia do personagem para tal ação, mais chances ele terá de obter sucesso nela.” Explica Marcos Vinícius.
O RPG é um jogo livre de regras impostas. Existem livros, que auxiliam na condução de uma sessão de jogo, mas eles não impõem regras. Tudo pode ser feito, desde que o personagem esteja disposto a arcar com as conseqüências de sua ação.
“Você não pode matar um rei e esperar que tudo fique por isso mesmo. No mínimo, você será perseguido até a morte pela Guarda Real! Assim como na vida real, as regras não estão fora do mundo, mas dentro dele”, discursa Gabriel Alottoni.
A sessão termina. Ao final da aventura, os jogadores conseguiram vencer um mago maligno poderoso, salvar a princesa Irulen e vencer uma tropa de Orcs (monstros grandes, verdes e grotescos) amaldiçoados. Os jogadores riram, se divertiram e agora guardam os papéis e os dados, fecham os livros e despedem-se. Começa a ânsia pela próxima sessão, pela próxima aventura épica. Quem sabe o que farão da próxima vez? Afinal, no mundo imaginário do Role Playing, tudo é possível.
3 Comentários:
Gostei de como vc montou seu texto e principalmente da maneira como vc o fechou.
Ler sua matéria deu uma sensação de nostalgia, da época em que eu jogava,mas que não preciso ficar contando aqui.Que seja, seu texto está legal,parabéns!
saudade das sessões de RPg regadas a guaraná e biscoito Maizena.
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