A cultura do passinho

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

por Joyce Pessanha





     Dobre a perna, se apoie nos joelhos, vá até o chão e se erga sem cair. Levante a camisa, mostre a barriga e a trema ou a mecha em ondas como uma dança do ventre. Gire, bata os pés e tenha ritmo. Se você conseguir todos esses movimentos você está apto a participar da disputa que vem fervendo as comunidades pacificadas do Rio de Janeiro. 
     
     Moleques da periferia do Rio de Janeiro não precisam de preparo. Como algo genético, os meninos já nascem sendo Expert em misturar frevo e funk em passos incríveis que caíram na rede e podem ser vistos no canal do Youtube. A cultura emergente conquistou a atenção de Julio Ludemir e Rafael Nike que oportunizaram a disputa de modo institucional para eleger o melhor passinho das comunidades.
    
     O concurso se deu em etapas eliminatórias que aconteceram no Borel, no Andaraí e no Salgueiro e selecionaram os melhores dos melhores para disputarem o título na grande final que acontecerá no Sesc Tijuca às 15h. O vencedor levará o prêmio e se apresentará no programa da Xuxa, da rede Globo. "Domingo a final no SESC Tijuca da Batalha do Passinho vai fazer a galera 'tremer na base", diz Rafael Nike. 


     Toda a imprensa está ligada nesse evento que terá seu desfecho no próximo domingo, e você vai ficar parado?

Cidade Cidadã

por Pedro Felipe Araújo



Em 1822, mais precisamente no dia sete de setembro, D. Pedro I anunciou a liberdade do Brasil as Margens do Rio Ipiranga. Na verdade o momento foi totalmente simbólico, uma vez que os colonos tiveram de pagar uma quantia à metrópole, Portugal, para que o Estado se tornasse independente. No entanto, para todos os efeitos, aquela data ficou marcada como o dia da independência do Brasil.
Há quem questione os modos como se deu a independência, mas não proponho aqui uma discussão histórica sobre um fato épico, mas sim a tradição que envolve essa data. Estamos no mês da Pátria e logo no 1º dia de setembro algumas das escolas de Nova Iguaçu já fizeram a tradicional “marcha” simbólica, em homenagem a um dos episódios mais importantes da história do nosso País.
No dia primeiro, vinte escolas do bairro de Miguel Couto foram à rua para exercer o ato cívico de patriotismo. O desfile estava marcado para começar às duas horas da tarde, mas ainda era uma e meia quando as ruas começaram a encher. Embora o tempo estivesse nublado, o clima não esfriou os ânimos de uma multidão que já ocupava as calçadas da esquina da Rua Professora Marli Pereira de Carvalho com a Constantino da Silva, duas das principais vias de Miguel Couto, onde os estudantes se concentram para entrar na avenida principal e dar início ao desfile.
Para que o evento acontecesse com máxima segurança para os observadores e estudantes, a prefeitura disponibilizou carros da defesa civil, ambulâncias do SAMU e viaturas da polícia, estrategicamente distribuídos por todas as vias de acesso à rua principal.
Por volta das duas e meia o desfile começou com um pequeno atraso de meia hora e, como sempre, as pessoas se agrupavam aos montes para contemplar a beleza das escolas que é um espetáculo à parte. Alguns dos civis mais antigos, que trazem em sua trajetória de vida também a tradição de acompanhar a passagem dos alunos, desenvolvem também uma afeição especial por determinadas escolas, como a dona Helena Augusta Silveira, de 62 anos. Com muita empolgação, Dona Helena sempre aguarda ansiosa pelo desfile do Colégio Estadual Vicentina Goulart. “O Vicentina é a escola mais bonita. As meninas de fitinha sempre dão mais empolgação”, diz ela, sorridente.
No entanto, o destaque do dia foi para a Escola Municipal Janir Clementino, que trouxe um verdadeiro pelotão, abordando um tema polêmico e atual. As faixas pediam pelo fim da descriminação de gêneros e no centro, cinco alunos vestidos com penachos, como fantasias de carnaval, sambaram e dançaram em prol da igualdade. Os alunos se tornaram os astros e foram os mais marcantes de todo o desfile. 
Por volta das seis e meia da tarde o Colégio Estadual Vicentina Goulart entrou na avenida para fazer a última das passagens dos alunos desse ano. Para a alegria de Dona Helena, que sentiu o coração pulsar às retumbantes batidas da banda.E independente da data ser utópica ou não foi um momento de entretenimento e respeito a favor da pátria.


 
 
 
 
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