por Carine Caitano No penúltimo dia do EncontrArte, o Espaço Cultural Sylvio Monteiro, em Nova Iguaçu, foi palco de um debate sobre teatro infantil. A conversa, capitaneada pelo Secretário de Cultura do município, Marcus Vinícius Faustini, provocou um turbilhão de emoções no público que acompanhava a uma discussão que oscilou do preconceito à meia entrada, passando pelo modo de produção e pela essência teatral. Com falas emocionadas e reivindicativas – o que mostra a vontade de mudanças naqueles que consomem teatro - o evento causou agitação na plateia, mas isso tudo bem conduzido pela mediadora da noite e representante do Ministério da Cultura, Minc, Lucia pardo. Levantando questões sobre o que causou a saída de cena dos jovens dos assentos do teatro, Antonio Carlos Barnardes, representante do CBTIJ - Centro Brasileiro Teatral para a Infância e Juventude – acredita que as novas tecnologias podem ter contribuído para que o interesse da nova geração pela cultura teatral diminuísse. "Hoje, em virtude da tv, controle remoto e games, muitas crianças não têm mais paciência para assistir espetáculos". Lúcia Coelho, escritora, diretora e atriz, trabalha com teatro há 40 anos e já atuou em mais de 50 espetáculos. Com tantas histórias para contar, falou para todos que estavam presentes, em tom de confissão, sobre sua primeira contação de histórias. Foi nela que, segundo Lúcia, brotou o desejo de interpretar, despertar gargalhadas ou choro, causados por emoções verdadeiras. Hoje, a artista está construindo a peça 'O milagre do santinho desconfiado' sobre abolição da escravatura e declara publicamente: "Eu faço teatro para ser feliz. É minha saída pra enfrentar as diferenças. Se eu ganhar dinheiro, bem. Se não ganhar, bem também. Já paguei muito para conseguir realizar minhas obras”, enfatiza a múltipla artista. O secretário de cultura de Nova Iguaçu, que, antes de assumir o cargo, trabalhava com grupos teatrais, acredita que o teatro é um caminho para a formação e transformação da sociedade. Em seu discurso durante o encontro, falou da não valoriozação do artista que se envolve com teatro infantil e que é preciso mudanças na maneira como o teatro voltado para esse público é produzida hoje em dia. “Devemos levar o teatro para a igreja, para a escola. Aproximar esse mundo do mundo deles. O moleque tem dificuldade para falar na escola. Não sabe falar Hamlet, mas quando sobe no palco fala Claudinho e Bucheha e funciona” explica o secretario. Ribamar Ribeiro, diretor de peças como “Meu nome é M”, apresentada durante o EncontrArte, fala da mudança que o contato da criança com a arte pode ter na vida dela. "A gente pode se tornar o ponto de virada de alguém."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
1 Comentários:
Trabalho com teatro ha 17 anos e nos últimos 8 venho me dedicando ao teatro infantil. Mais que alguém para apenas nos representar, é ótimo ver o assunto sendo discutido e repensado de maneira séria.
Postar um comentário