República bestial

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

por Camilla Medeiros

A conquista de direitos civis, políticos e sociais sempre esteve ligada à luta da sociedade, à conquista popular. Foi assim na maioria dos países democráticos. Não no Brasil, porém.

No próximo dia 15 de novembro, nosso país comemora 120 anos de República. E o episódio, que para muitas pessoas representa a conquista pela democracia, na verdade esconde algumas peculiaridades do processo democrático brasileiro.

O termo usado por alguns historiadores, para descrever a política do Estado Novo, serve para descrever a cultura política brasileira de uma forma mais ampla: “modernização conservadora”.

Enquanto no momento da proclamação da República, seus maiores defensores estavam quase ausentes no processo, uma análise mais recente do evento demonstra que Deodoro da Fonseca talvez nem pensasse na possibilidade da instauração da república no Brasil até então.

Tirado das mãos de D.Pedro II, o governo brasileiro não foi entregue ao povo. Este último mal entendeu o que era aquela movimentação de militares no Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Nas palavras de Aristides Lobo, jornalista da época, o povo assistiu a tudo bestializado.

Esse mesmo povo em sua maioria se colocava ao lado da figura de D. Pedro, pois foi em seu regime que os escravos foram libertos, entre outros benefícios concedidos.

Mais tarde, a República se revelou um péssimo negócio para a maioria da população, que se viu durante longos anos refém de oligarcas e coronéis, que só pensavam em como se manter no poder, ou alcançá-lo. Dessa forma, direitos civis, sociais e políticos eram regulados e limitados pelo Estado, e sob forma de concessão muitos deles foram alcançados.

A história revela então mais uma peculiaridade brasileira: longe de ser a demonstração da força popular, a Proclamação da República significou apenas mais uma intervenção 'do alto' na vida do povo.

No dia 15 de novembro de 1889, o Brasil entrou para o grupo dos países 'avançados', que não possuía mais a arcaica estrutura monárquica, e em como muitas outras ocasiões, importamos o modelo político mais moderno, mas não deixamos de dar o famoso 'jeitinho brasileiro', dando a esse modelo, uma cara mais brasileira.

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