Sem contraindicação

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

por Hosana Souza

Manhã de segunda-feira: abandonar a cama é um ato complicado para várias pessoas, mas não para os dedicados mediadores de cultura do nosso municipio. Às nove da manhã todos já estavam no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, atentos a todas as palavras da dra. Betty Papelbaum.

Educadora há quarenta anos e psicóloga há quase trinta, a doutora carioca trouxe a proposta de um relaxamento profundo para os mediadores. “Eu imaginei uma porção de estagiários, que visitarão várias escolas e entrarão em contato com diversas crianças, submetidos a estresses e, ao mesmo tempo, com a responsabilidade de formar novos cidadãos”, conta, iniciando sua explicação. “Pensei, então, em um exercício que eles pudessem reproduzir com as crianças. Assim nós atingimos a fonte e ninguém vai precisar de terapia quando crescer”, diz em tom de brincadeira.

A psicóloga confessa que qualquer trabalho referente à educação não é fácil, e exige sempre um pouco mais. “O mundo é sempre muito rápido. Novas técnicas são estabelecidas. Às vezes, atualizar-se e desprender-se de coisas é duro e dolorido”, afirma. “Eu quero que eles entendam que pensamentos que não servem mais devem ser jogados no lixo e não guardados, formando um museu de ressentimentos. Pensamentos podem rodear nossas cabeças, mas nunca fazer ninho”, alega Betty, sempre lúdica.

O exercício proposto aos estágiarios da cultura foi o de respirar, causando espanto em muitos. “Respirar é a coisa mais importante da vida e nós esquecemos. Vocês têm que entender que a respiração é o que nos mantém no eixo. Ela nos traz de volta a possibilidade de reflexão, nos acalma, melhora o humor, ajuda o trabalho de nossos neurônios”, diz a doutora, que completa: “É de graça e não tem contraindicação”.

Com sua voz calma incentivando a respiração serena, Betty Papelbaum contou histórias, pediu que os presentes fechassem os olhos e fez com que todos relaxassem e viajassem. “Quando ela falou sobre o vento no alto da montanha, meu celular começou a vibrar na bolsa. ‘Vruum’, ‘vruum’. E eu nem percebi, pensei que era realmente o barulho do vento. Quase voei”, diz entre risos Thiago Costa, um dos participantes.

“Me levou a refletir, pensar várias coisas, eu adorei. A nossa calma é muito importante para as crianças. Essa foi minha segunda experiência com relaxamento. Na faculdade, a professora levou outra história e fez um exercício parecido. Vou tentar usar as dicas de Betty”, diz a estudante de pedagogia Carina Ribeiro, 19 anos.

A visita de Betty foi organizada pela secretária adjunta de cultura, Sandra Mônica, que entrou em contato com a doutora após descobrir os trabalhos que ela desenvolve junto ao UNICEF - o Fundo das Nações Unidas para a Infância. “Esse trabalho de interiorização é muito importante. Faz bem pra eles e, por extensão, fará às crianças. Nada impede esse exercício de ser levado às nossas escolas”, diz Sandra.

“Eu adoro o meu trabalho porque acredito que toda vez que eu ajudo uma pessoa, ela ajudará outra pessoa, que entrará em contato com outra e assim formamos uma rede, que contagia e ajuda”, declara a médica. “Eu trago experiências, estudos, novas possibilidades de viver melhor. Mas ao sair levo, também, muita coisa, o que me auxilia em novos trabalhos. Só tenho a agradecer a oportunidade e a todos vocês”, encerra.

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