por Jéssica de Oliveira
Suas obras são resultado da captação dos recursos lançados a todo instante pelo ser humano, de forma a serem representados artisticamente em invenções que estimulem o pensamento e traduzam o que fica gravado no subconsciente. Ou seja, o que passa despercebido aos olhos distraídos de muitas pessoas, exceto aos dele.
É sentado num banco do metrô, ou concentrado frente a uma folha de papel, que surgem as grandes ideias do artista plástico e também mestre em linguagens visuais pela UFRJ. Na maioria das vezes, sua matéria-prima não passa de objetos simples e sem grande tecnologia. “O que importa nos momentos de criação é a intenção e a criatividade”, diz ele.
Entre seus inúmeros trabalhos, destaca-se a obra que melhor trata dos sons produzidos pelo homem em seu habitat natural urbano: a mochila sonora “Falante”. Premiada no Salão de Abril, Fortaleza, o “Falante” lançava a seguinte mensagem pelas ruas de São Paulo: “Não! Não! Não preste atenção!” Desnecessário dizer que todos que por lá passavam viravam seus rostos em direção ao homem de longos cabelos cacheados que levava consigo uma mochila falante. “As pessoas têm o hábito de não se prenderem ao som, ignorando-o várias vezes”, explica Romano. “Elas não param e prestam atenção no som ao seu redor como fazem com as imagens”, conclui.
Artista de sons
Segundo Romano, o som não é prioridade, não é medido adequadamente. “Se Nova Iguaçu tiver mais mil carros rodando, o governo pensará em como fazer para que haja espaço para tantos veículos, mas ninguém pensará no barulho causado pelos mil automóveis a mais nas ruas”, exemplifica. Romano se intitula um “artista de sons”, que produz rádios nômades de livre acesso em diversos lugares do Brasil.
Com 40 anos, Romano tem em seu currículo uma vasta gama de performances artísticas não só no Brasil, mas também em Nova Iorque (EUA), Barcelona (Espanha) e em Porto (Portugal). Ganhou também a Bolsa de Estímulo às Artes Visuais da Funarte (apesar de suas obras envolvendo sons, ele é um artista plástico), pelo projeto performático do Chapéu Panorâmico. “Minha intenção é, a partir de um chapéu fixado em um capoeirista, mostrar em tempo real através de um telão os pontos em que só o capoeirista pode ver”, explica ele. A performance será executada em cerca de três meses.
Criou também o S.W.O.L – Sample Way of Life –, desfile de moda fake, composto por peças adquiridas em camelódromos, realizado junto com uma apresentação ao vivo de rappers, recebendo o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea.
Agora, Romano se junta ao time da Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu, a convite do secretário de cultura e turismo Marcus Vinicius Faustini, ministrando oficinas aos coordenadores do Mais Educação e dividindo com eles um pouco de sua criatividade. O artista plástico possui uma página na Internet denominada “O Inusitado”, onde seu trabalho pode ser visto. Lá, você encontra vídeos, fotos e textos sobre suas obras.
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