Lanchinho da Vila Cruzeiro

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

por Larissa Leotério

Quem leva a cultura dos livros para crianças e jovens no Complexo do Alemão e do Complexo da Penha é o jovem Otávio Jr. Sozinho, o rapaz de 26 anos montou uma biblioteca que atualmente conta com um acervo aproximado de quatro mil livros, distribuídos em associações de moradores, ONGs e 25 escolas das comunidades que atende.

A ideia surgiu quando Otávio Jr. começou a acompanhar as feiras de livros, bienais e se deu conta de que, na comunidade em que vive, não há cafés literários, encontros com autores e outros incentivos à leitura. Resolveu então promover um ‘Lanchinho Literário’ com as crianças da comunidade. Nesta iniciativa, houve contação de histórias e brincadeiras como ‘o que é o que é’. Ele explica que essas brincadeiras são importantes pra chamar a atenção das crianças e aguçar a curiosidade delas. “Assim, elas prestam a atenção e não se distraem com qualquer pipa que passe”, revela.

O pesquisador de temas infantis conta que criou o projeto ‘Ler é 10 na Favela’ porque não gostaria que as crianças de sua comunidade tivessem um primeiro contato com a literatura como o que ele teve, por acaso. O primeiro livro que Otávio leu foi ‘Don Gaton’, de um autor espanhol. Um livro encontrado no lixão que ele atravessava para ir jogar futebol. “Tive uma infância muito rica, apesar da pobreza. Joguei muita bola e jogava bolinha de gude com os meninos na rua”, conta.

A biblioteca de Otávio ganhou o prêmio ‘Faz a Diferença’ de 2009, mas, mesmo assim, ainda não uma sede. É por isso que leva suas estantes e pufes para os espaços que já existem, como associações, praças, escolas e ONGs. Ele conta que é um processo que democratiza a leitura na comunidade, porque mesmo que a biblioteca seja distante, em algum momento, a biblioteca chega. “Viabiliza o contato das crianças com a literatura, com o livro”, explica.

Mas os planos de Otávio não param em levar a literatura para as cerca de 6.500 crianças que já participaram do projeto, que em 2010 completará quatro anos. Ele também tem se articulado com autores infantis. “É uma coisa inédita, os autores indo no Complexo do Alemão, no Complexo da Penha”.

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