por Wanderson Duque
O mesmo se pode dizer dessa remake, que é um roteiro novo, inspirado naquele personagem que agora ganha nome (Terence McDonagh), mas continua um grande mau caráter e que agora vive em Nova Orleans, justamente na época do grande furacão e catástrofe (na primeira sequência, num ímpeto, ele salva um prisioneiro que está morrendo afogado numa prisão).
A novidade é que esta nova versão é feita pelo diretor alemão – agora radicado nos EUA – Werner Herzog (aquele mesmo que andou muito pelo Brasil, onde fez Fitzcarraldo, na Amazônia, e até andou dirigindo ópera por lá).
Invenção dos produtores
Ele afirma que nunca viu o original, e o título parece ter sido invenção dos produtores. Mas, de qualquer forma, os dois contam e acompanham as aventuras de um policial corrupto, drogado e violento, que tem seus encontros de sexo e crime.
Nesta atual onda de premiações, o filme levou um secundário do Festival de Veneza e sua fotografia foi indicada no Independent Spirit. Nicolas Cage, que anda envolvido em escândalos com processos e dívidas estourando por dever ao Imposto de Renda americano e ter gastado demais comprando mansões e ilhas, tem uma de suas melhores interpretações num personagem que não tem nada de simpático.
Já descrito como um film noir anárquico e enlouquecido, como se fosse por uma febre tropical, foge realmente dos clichês do gênero nos últimos anos. A aparente demência de Cage (um crítico disse que lhe faltavam adjetivos para classificá-lo) ocorre porque ele é um compêndio de defeitos: ele joga, rouba, ameaça estudantes e agarra suas namoradas, tem uma garota (Eva Mendes), que é uma espécie de prostituta, mas cuida de um cachorro e, de certa forma, de uma iguana.
Por salvar o prisioneiro, Terence machuca suas costas e fica com uma dor permanente. É promovido, mas continua consumindo drogas e é investigado pela Corregedoria. Tem um pai alcoólatra, que tem uma mulher de quem ele não gosta.
Val Kilmer, que perdeu o estrelato, contenta-se em fazer o parceiro apagado de Cage, enquanto Fairuza é uma colega com quem transa de vez em quando. Mas a trama básica é sobre o assassinato de uma família de cinco pessoas, emigrantes ilegais, que traficavam drogas para Big Fate, um chefão local.
Realizado com um clima de paranoia, de decadência, de tragédia, que não se pode evitar, é o tipo do filme que eu evitei mergulhar, mas que fui obrigado a aceitar e até mesmo admirar. Tem força, tem luzes e sombras, vudu e crocodilos, exotismo e excessos numa mistura ao mesmo repulsiva e fascinante.
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