por Camilla Medeiros
“Estudante de História tem que ser meio de esquerda”.
Foi uma de muitas frases que ouvi quando entrei na faculdade. Não sabia disso. Por ignorância mesmo, não sabia que dentro dos meios acadêmicos de ciências sociais existia isso. Mas existe.
Fiquei surpresa ao perceber que o curso de história tem uma 'cara' ao visitar outras universidades com os cursos como o que estou concluindo agora, na Rural. Eis uma descrição de um típico estudante de história do IFCS – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, a mais importante na área: os cabelos são compridos, sejam eles cacheados ou não; a barba, sempre por fazer, mas de preferência grande. Os óculos vintage, acompanhados de uma camisa de algodão de estampa xadrez, também são peças obrigatórias desse uniforme. O charme desses estudantes é completado com um cigarro no canto da boca.
Esse não é o caso da minha turma, onde os caras que fazem aquele ar meio-intelectual meio de esquerda são uma minoria. Somos os normais.com. A única coisa que nos identifica os tradicionais estudantes de história é o gosto pelo passado.
Para grande parte da geração que participou dos movimentos dos anos 60 e 70, o pensamento crítico é praticamente sinônimo de pensamento marxista; para outra parte dessa geração, o pensamento crítico é sinônimo de desmascaramento do marxismo.
Gosto muito de debates políticos, e às vezes me decepciona saber que em alguns meios – entre os universitários mesmo – ser diferente, ou ter concepção política diferente da maioria ainda resulte em ‘xingamentos’ como conservadora.
Engraçado, como as coisas mudam.
Há um tempo comunistas comiam ‘criancinhas’. Hoje, um jovem ser mais conservador, ou não se identificar com a luta de classes, destoa, principalmente se ele vem de uma classe dita ‘trabalhadora’.
Pois é, eis uma juventude perdida! Que não tem o Manifesto Comunista como bíblia, e conhece Che Guevara apenas por seu rostinho bonito estampado em todo o tipo de mercadoria enriquecendo capitalistas – ele deve estar se revirando no caixão!
Mudam-se os tempos, mudam-se as prioridades.
Essa é a geração saúde, que defende o verde, que se preocupa com o planeta, e com questões ambientais. Talvez não conhecer os clássicos políticos alemães, russos e etc. não seja mais prioridade de uma geração que vê seu mundo se deteriorar.
Não defendo a superficialidade, nem a alienação. Pelo contrário, pensamento crítico ainda se faz necessário, e mudar o mundo ainda é possível.
É preciso repensar estratégias apenas.
A cara da história
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Marcadores: Camilla Medeiros, Moda
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2 Comentários:
Concordo com você em gênero, número e grau!
Excelente visão!
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