Conflito de visuais

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

por Tuany Santos

A relação dos jovens com pessoas mais velhas sempre deu o que falar por causa de seus conflitos. A diferença de pensamentos, experiências e atitudes faz com que as gerações batam de frente para defender suas opiniões e escolhas.

A juventude atual, como nas gerações anteriores, tem a necessidade de viver intensamente e de buscar uma identidade através do estilo. A imagem diferente que alguns jovens assumem é uma das principais causas para o desentendimento entre as gerações. Por isso, jovens alegam sofrer preconceito nas ruas e de serem mal compreendidos pela família. “Se um headbanger, thrasher, punk ou afim, tatuados e pessoas com piersing acender um cigarro, já reparam pra ver se não é um baseado”, diz Rafael da Mata, de 19 anos.



Tatuagens, piercings, cabelos compridos, coloridos, moicanos e dreads são muito presentes nos jovens de hoje, esses traços são uma projeção de como o sujeito se percebe e deseja ser percebido, existem para caracterizar o estilo especifico de um grupo ou simplesmente porque o jovem se sente melhor dessa maneira e quer ser alguém que se diferencia na multidão. “Acho que o jovem desde cedo procura uma identidade. É um fenômeno moderno, o fato de querer ser um individuo único e não mais um no meio do mundo”, diz a estudante de jornalismo Mayara Freire, de 22 anos

Tentando impedir tais mudanças, os pais tomam atitudes cada vez mais drásticas. Para defender a escolha de mudar sua imagem, jovens tendem a ir contra os padrões sociais e os “mandamentos” familiares, das quais ganham o rótulo de “filhos rebeldes” e “jovens revoltados”. “Aos 14 anos, resolvi pintar meu cabelo de laranja. Cheguei em casa e apanhei muito do meu pai. Ele não aceitou. Fui recriminada por toda a família. No dia seguinte, tive que ir ao salão e deixar o meu cabelo em um tom mais aceitável”, lembra Mayara Freire.

Saia dessa vida

A religiosidade também influencia muito no julgamento dos mais velhos em relação ao estilo do jovem: para os evangélicos, roupas pretas e maquiagens pesadas formam uma aparência considerada “do mal”. Rafael da Mata já foi parado muitas vezes na rua por conselheiros. “Você precisa se converter pra se curar, sair dessa vida, eu vejo que você não tá bem", lembra o estudante.

A aceitação social dos filhos é uma das coisas que mais preocupam a família, já que há algum tempo a boa aparência era pré-requisito para se conseguir boas oportunidades na vida. A defesa de um futuro alvissareiro é a justificativa mais usada pelos pais na guerra em defesa de uma aparência convencional. “Já pintei meu cabelo de diversas cores, cortei, coloquei piercings, fiz tatuagens e meu pai acha que eu não vou conseguir emprego e nem ser aceita pela sociedade”, conta Mayara Freire.

Os conflitos gerados por causa de estilo não é algo tão atual: alguns pais mais conservadores já foram considerados filhos rebeldes e lutaram para que suas decisões fossem respeitadas. Talvez por terem sentido na pele a necessidade de se encaixar no molde social é que os os pais tentam fazer o mesmo com os filhos. “Meu pai usou calças bem rasgadas e cabelo grande em plenos anos 80, quando ainda havia uma repressão militar nas ruas. Mas hoje, quando ouço uma música mais agressiva ou me visto de uma forma que vai contra a ‘imagem da sociedade’, ele diz que é coisa de maluco”, lembra Rafael da Mata.

A questão é que os tempos mudaram a cultura que é passada de geração em geração e as adaptações ao mundo novo fizeram com que os antecessores não compreendam algumas atitudes. Isso não torna eles monstros, mas jovens que tiveram que mudar seus conceitos, deixar suas ideologias e calças rasgadas para assumir responsabilidades impostas pela sociedade e pela vida.

1 Comentários:

Hosana Souza disse...

Será, então que daqui a alguns anos nós estaremos abandonando a atual imagem e entrenado na forma?

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