Respeito pelas diferenças

quinta-feira, 18 de março de 2010

por Tuany da Rocha

Década de 1970: o mundo vivia em plena guerra fria e a Europa estava em um momento pós-guerra de constantes transformações. Eis que surge na Inglaterra um dos movimentos contraculturais mais marcantes da história: os punks. Seu ideal é nunca calar, é sempre retrucar e argumentar diante da desigualdade, é colocar abaixo o fascismo, o nazismo e o racismo usando como arma suas ideias, voz, música e visual que traduzem seus objetivos anarquistas.

O movimento se espalhou pelo mundo através da sua música simples e direta e dos fanzines (jornais alternativos). Ao chegar ao Brasil, no início da década de 80, ganhou força principalmente junto à juventude pobre da periferia. Logo surgiram bandas como Cólera, Ratos de Porão e Olho Seco, que com suas letras contundentes plantaram no asfalto dos cenários urbanos a semente da contestação.


O punk reciclou o rock com poucos acordes, voltando ao estilo básico. Bastavam uma guitarra, um baixo, uma bateria um vocal desafinado e principalmente amplificadores baratos para colocar o “dedo na ferida” do sistema, criticando governos e políticos e falando de assuntos da realidade como miséria, desemprego, violência, fome. Embora essas características tivessem pretensões mais revolucionário do que comerciais, as bandas desse movimento se tornaram altamente populares.

Outra maneira de mostrar revolta é através do estilo, usando calças apertadas, roupas velhas/surradas e jaquetas com frases de indignação para deixar claro o quanto são opostos aos estereótipos de beleza, ao consumismo e ao modismo.

Essa forma chocante de expor seus pensamentos fez com que o olhar convencional da sociedade alimentasse um forte preconceito contra os punks, que são tachados de sujos, delinquentes e drogados, até mesmo como monstros. Esse foi o caso do punk Rafael, um jovem de 19 anos que há pouco tempo recusou o panfleto oferecido por um evangélico diante de uma igreja. "Você é um monstro e vai para o inferno", disse o evangélico. Rafael se sentiu desrespeitado em sua opção religiosa, mas preferiu restringir seu protesto a algumas gargalhadas.

Além de enfrentar a descriminação por conta do estilo, jovens punks são perseguidos por outro grupo: os “skinheads”, também conhecidos como “carecas”. Frequentemente os dois grupos resolvem suas diferenças no braço. “São pessoas que não possuem uma ideologia de vida", diz o punk Diogo, de 23 anos. "O que importa é que eles são contra e saem nas ruas praticando esse tipo de violência em quem eles acham que são inferiores a eles.”

Apesar de continuarem passando por situações como essas, eles continuam tentando fazer as pessoas entenderem que não se trata de moda, mas sim de um diferente modo de enxergar o mundo e a forma como ele caminha, defendendo o respeito pela liberdade. “É como se fosse uma educação onde se aprendem muitas coisas!", diz Jeff, de 18 anos, para quem a lição mais importante foi "ter respeito por todas as pessoas, entender que cada um faz o que quer da vida. É ter consciência e não pensar como um animal”.

O verdadeiro punk não se identifica apenas pelo visual e sim por sua postura ideológica e principalmente "suas atitudes", portanto, apesar de ser perseguido e mal julgado pela maioria.

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