Festa das folhas

quarta-feira, 26 de maio de 2010

por Jefferson Loyola

Quinta-feira, 20 de maio de 2010. Cheguei ao Espaço Cultural Sylvio Monteiro às 16h, duas horas antes de o evento iniciar. Minha chegada cedo era para acompanhar a movimentação das pessoas para organizar o evento. Vários artesões estavam montando suas tendas para expor seus trabalhos de colares provenientes de cultura africana. Outros estavam com lindas roupas usadas dentro de toques de candomblé. Logo que vi uma barraquinha com um fogão, achei que seria vendido acarajé. Meus olhos brilhavam, porém logo em seguida, descobri que não era acarajé e sim doce de leite.

Pessoas conhecidas dentro do universo afro-brasileiro aqui no Rio de Janeiro passeavam pelo pátio do local à espera do início do evento. Um deles era o Babalawo Ivanir dos Santos, presidente do CEAP e organizador da comissão de intolerância religiosa, que deu inicio à caminhada de intolerância religiosa, que chega a sua 3º edição este ano, na orla de Copacabana. Todos estavam ali para prestigiar a aula inaugural do processo de introdução à história da África e línguas: Kimbundo e Yorubá.

Organizado pelo CISIN, Centro de Integração Social Inzo Ria Nzambi, o quarto kizomba Ria Nsaba (Festa das folhas) premiou personalidades que contribuíram de forma relevante no desenvolvimento e difusão das tradições de matrizes africanas. Mãe Arlene de Katendê, presidente do CISIN, foi agraciada pelo Fundo Municipal de Cultura Escritor Antônio Fraga para colocar seu projeto em prática. “Mãe Arlene é a única que trabalha, desde a primeira edição do Fundo em 2008, com esta cultura imaterial, disseminada dentro de uma população”, disse Raul Fernando, secretário adjunto de Cultura de Nova Iguaçu, que participou da primeira mesa de palestrantes.

Além de Raul Fernando, a primeira mesa de palestrante foi composta por: Claudia Oliveira Perluxo, educadora ambiental e produtora cultural, Silvia Regina Andrade, atriz, produtora cultural e subsecretária de cultura de Nova Iguaçu, e o Vereador Carlos Ferreira. Todos falaram em prol da cultura afro-brasileira e contaram seus contatos, lutas para afirmar esta cultura que é muito forte dentro da Baixada Fluminense. “Sempre estive junta de muitos grupos da Baixada que levam à frente esta cultura, a musicalidade e o dialeto para as escolas”, contou Claudia Perluxo. Sem mais delongas, após a primeira mesa, foram chamados para compor a mesa de palestras os três seguintes professores: Tat’etu Eduardo de Adjiberu - “Fala Griots”, Walter de Nkosi - “Introdução da língua Kimbundo (Bantu) e Yorubá”, Roque Queiroz Coutinho – “Introdução ao estudo da história da África e de nossos ancestrais”.

Palco da geografia 

O Tat’etu Eduardo de Adjiberu explicou a cultura cabocla e a manifestação dessas entidades nos terreiros. Walter de Nkosi fez uma breve introdução da língua Kimbundo e Yorubá e mostrou palavras usadas em nosso dia-a-dia de origem Bantu. “Nesses três dias de oficina darei um breve resumo sobre o dialeto dessas línguas, pois não tem como aprender em tão pouco tempo”, disse Walter. Roque Queiroz Coutinho, especialista em direitos humanos e pós-graduado em História da África, participou da mesa para falar sobre a introdução do estudo da história da África. “A História é uma peça do teatro encenada em um palco, e este palco é chamado geografia. Para entender a história da África, tem que se entender primeiro a geografia deste lugar”, afirmou.

“É sempre importante homenagear nossos irmãos e amigos”, disse Mãe Arlene de Katendê. Os homenageados receberam uma estatueta, réplica do inkice Katendê (Orixá Ossaim), feita de resina por Marcos Apulso. Confira abaixo os homenageados com a estatueta e os que receberam um certificado.

Homenageados com certificado: Silvia Regina Andrade, Claudia Oliveira Perluxo, Raul Fernando, Vereador Carlos Ferreira, Tatá Luademir Roberto Braga, Jupi - dançarina afro, Ogan Cotoquinho, Yango de Obaluaiê – Babalorixá, Neide de oxalá – Yalorixá, Tat’etu Eduardo de adjiberu, Walter de Nkosi, Janice Cléia Perreira, Marcelo Fritz – Jornal ICAPRA e Pai Renato de Obaluaiê – IRMAFRO.

Homenageados com a estatueta, réplica de Katendê: Roque Queiroz Coutinho, Toja de Nkosi, Cambondo Talauanje, Isabel de oyá – Yalorixá, Marcelo de Obaluaiê, Quito Melodia, Ivone Landim – Poeta, professora e presidente do conselho municipal de cultura de Nova Iguaçu, Mestre Gringo, Mam’etu Aluandeji, Sérgio Cara Preta, Cambondo Talameji, Babalorixá Linaldo de Ogum, Maria José, Mariana Reno, Babalawo Ivanir dos Santos, Tata Ungoma Unconcolande e Pesquisadora Marise.

Após as homenagens e a primeira aula inaugural, o grupo Afoxé Maxambomba, fundado por Mãe Arlene de Katendê, encerrou o evento levando as pessoas em um “arrastão” para o pátio do Sylvio Monteiro. Onde não poderia faltar uma apresentação cultural do Grupo Siré. Como em todas as casas de santo, após as festividades, é servido um jantarzinho ou algo do tipo para as pessoas presentes, o que também teve neste grande evento. O jantarzinho afro feito por Roberto Braga arrancou suspiros de muitos que pediam para repetir. Confira abaixo a programação das oficinas regulares em Junho:

Todas as oficinas acontecerão de 19 às 21 horas no Espaço Cultural Sylvio Monteiro.
  
Dias - 01, 02 e 08 - Oficinas de introdução a língua Kimbundo.
(Professor Walter Nkosi)
Dias - 09 e 11 - Introdução à história da África e dos nossos ancestrais.
(Professor Roque Coutinho)
Dias - 10 e 15 - Introdução a língua Yorubá.
(Professor Cícero Mauricio)

Dia 16 - Palestra 'a língua que vem de lá e a musicalidade' e atividade de encerramento e entrega de certificados dos alunos.
(Palestrante Claudia Oliveira Perluxo)

2 Comentários:

Dona Arlene sua benção e meus Parabéns ,até esse momento tem sido muito boa as politicas em Culturais em Nova Íguaçu espero que continue mesmo com a tróca de governo , quanto as aulas foi Ótimas espero que tenha mas curços sobre a lingua banto o Sr. Professor Walter esta de parabéns pelo seu trabalho, a mensagem é a mesma < Cultura para Todos e Tolerancia Zéro para Preconceitos > Mestre Gringo Presidente da Federação Cobras

Em nome de todos do CISIN, agradeço ao apoio da prefeitura nas políticas públicas direcionadas à cultura. Agradeço ao Jefferson Loyola pela cobertura do evento.

Arlene de Katendê

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