Ostrower na pista

domingo, 20 de junho de 2010

por Josy Antunes

Concretizou-se na tarde de ontem um processo de criação que há meses absorvia as mentes de 7 grafiteiros do Rio de Janeiro: a releitura da obra da artista plástica Fayga Ostrower. O projeto – oriundo do Núcleo de Referência Duque de Caxias, do SESC Rio - consistia na ocupação dos arcos que compõem a parte externa do número 47 da rua General Argolo, no chamado “Espaço Vivo”, que periodicamente expõe diferentes formas de expressões visuais. Desta vez, a proposta faz parte das homenagens aos 90 anos que Fayga completaria se estivesse viva. E, aderindo ao pensamento da própria de que “a arte é acessível a todos e, como tal, deve ser popularizada”, a arte do grafite foi somada pelas mãos de Airá, Boni, Combone, Davi, Kajaman, Márcio Bunys e Scrau, artistas atuantes e reconhecidos pelos espaços urbanos do Rio de Janeiro.

“Eu fiz uma reprodução de ‘Duas crianças’ da Fayga. Eu ganhei um ímã de geladeira que tinha essa obra, me interessei bastante por ela e tentei reproduzi-la no meu estilo, que é o estilo do realismo”, contou Bobi, autor de “Dois Meninos”, fazendo referência ao pequeno objeto com que todos foram presenteados por Noni Ostrower – filha de Fayga – durante o primeiro encontro, realizado no dia 20 de junho de 2009, para tratar do projeto e principiar o aprofundamento no trajeto da artista.

O acompanhamento de Noni proporcionou o acesso dos 7 a obras e lembranças que contribuíram para a paixão com que o projeto passou a ser tratado. Vídeos, livros, obras originais e materiais artísticos pessoais de Ostrower, acabaram por traze-la ao convívio com os grafiteiros. “Quando eu fui no Instituto e pude observar as serigrafias e as gravuras dela, tive um impacto muito grande pelo jeito que ela se relacionava com o dourado, que é uma cor diferente dentro das paletas de arte: Muitos consideram como ‘não-cor’. Eu quis colocar alguma coisa disso no meu trabalho, misturado com o que eu já fazia, que é buscar a relação contemporânea com o desenho”, relata Davi, que reproduziu um retrato de Fayga no primeiro dos painéis do “Espaço Vivo”. “A ficha até demora a cair que de um lado está um trabalho nosso e de outro está um original da Fayga, pra todo mundo ver e comparar”, admira o também estudante de artes plásticas da Escola de Belas-Artes da UFRJ.


Juntamente com a inauguração das releituras, uma exposição composta por peças do acervo do Instituto Fayga Ostrower foi aberta ao público e estará em funcionamento até o dia 28 de agosto, de 10 às 17 horas. O lançamento, que foi acompanhado por um coquetel e bate-papo com os artistas, distribui um catálogo com releases e imagens dos grafiteiros, do processo criativo e a história e cronologia de Fayga. Nas páginas, recheadas de singelas informações, a vida da polonesa naturalizada brasileira pôde ser rememorada através das palavras de sua filha. “Do tempo em que morou em Nilópolis, Fayga falava de uma vida extremamente dura: falta de água, de saneamento, mosquitos. Seus dias começavam às cinco horas da manhã para pegar o trem das seis horas e dez minutos. Só chegava de volta às nove da noite, extremamente cansada”, detalhou Noni, curadora da exposição, entre outras informações.

Conheça mais sobre Fayga Ostrower e sua obra: http://www.faygaostrower.org.br/
Para conferir o trabalho de alguns dos grafiteros envolvidos na releitura, acesse: http://www.espacorabisco.com/
A organização da exposição disponibiliza visitas monitoradas para grupos através do telefone: 3659-8377

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