por Ana Carolina e Luciana Moreira
O nome da rua é Rua José Luiz, mas é possível que nem mesmo seus moradores saibam disso.
Qualquer jovem que tenha entrado na puberdade em Mesquita sabe muito bem a razão para o incômodo de dona Ana Clara Correia com a rua na qual mora há mais de 30 anos: o poste em frente da sua casa vive com a lâmpada quebrada permanentemente. Escura e deserta, a Rua do Pecado é um paraíso para os freqüentadores dos eventos promovidos na Praça da Telemar, como por exemplo os pagodes dominicais. “Ontem mesmo tinha três grupos aí na rua e nem adiantou eu fechar minha porta, pois os barulhos eram insuportáveis”, queixa-se a dona de casa.
Dona Ana Clara pediu para que o casal que resolveu fazer amor em frente ao seu portão fosse transar em outro lugar, mas meia hora depois ela estava se perguntando se não havia aberto um motel. “Quando abro o portão de manhã, eu encontro de tudo na calçada: camisinha, bebidas, camisinha feminina, gel para aquecer o corpo, até absorvente eu já vi aí”, conta ela, que se diz cansada de chamar a Light para consertar o poste em frente a sua casa e ver a lâmpada ser alvo de vandalismo dos freqüentadores do seu motel.
Patrícia Alves às vezes trabalha até tarde em uma confecção na Rua do Pecado, cujo nome para ela caiu como uma luva. Não são poucas as noites em que vê pessoas fazendo sexo na rua, mas o mais normal é encontrar casais dentro de carros. “Tem dias que eu saio ás 20h45 e já tem gente namorando dentro do carro, mas os dias mais animados são os que têm pagode aí na praça. “, conta Patrícia Alves. Para seu espanto, nessas noites já viu casais namorando até dentro do Ciep existente na rua. “É tanta gente nessa rua, que tem casais namorando até do lado de fora dos carros, encostados pelas paredes, fazendo besteira pelos matos”.
Muitas mulheres têm lembranças definitivas de uma rua cujos “moradores já estão tão acostumados com o que vêem, que quase nem ligam mais para a festa que os jovens sem dinheiro para pagar um motel fazem ali”.
“Não tem como ninguém ver dentro de um carro com os vidros escuros, só balançando, o som do carro um pouco alto para ninguém ouvir”, relata Thamires Ribeiro, cujo filho foi gerado dentro de um carro na Rua do Pecado. “Estava tão bêbada que quase não me lembro com quem fiz sexo”. Thamires acha que todas as meninas da cidade já fizeram sexo bêbadas na Rua do Pecado.
A Rua do Pecado é tão frequentada que situações constrangedoras como a que recentemente Cristian da Silva enfrentou são corriqueiras. “Minha primeira vez na Rua do Pecado foi com uma menina que eu tinha acabado de conhecer numa festa na praça de Mesquita”, lembra o estudante, que só depois percebeu que o casal que fazia sexo na outra esquina era composto nada menos que o irmão dela e seu namorado. “Ainda bem que eles não nos viram ali, mas depois que acabamos e saímos da rua começamos a rir.”
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