Nova Chatuba

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

por Tuany Rocha Santos


O ponto de cultura Mundo Novo, em Mesquita, possui uma história bastante incomum em comparação com os outros pontos e pontinhos culturais de Nova Iguaçu. E o que o torna diferente é a trajetória de vida da sua criadora, Bianca Carvalho, que a fundou em 2003 aos dezesseis anos com a ajuda de sua família.

Mas tudo começou quando aos 13 anos, com o apoio de sua mãe, Bianca lançou o seu primeiro livro, “O Reino de Amor”, composto de histórias que ela já vinha escrevendo desde os cinco anos, quando aprendeu a ler e escrever. O lançamento de seu livro obrigou Bianca, que sempre foi moradora da Chatuba e nunca teve boas condições financeiras, a trabalhar duro para divulgar e vender seu trabalho. Foi por causa disso que começou seus projetos sociais.


O primeiro deles foi o “Brincando de ler”, com a encenação de uma peça teatral, inspirada no seu livro, para crianças de escolas públicas e particulares. "Com o sucesso dessa ação cultural, fundei a minha, que a principio funcionava na minha casa mesmo", conta a menina.

Após o projeto ter o auxilio do “Rio Voluntário”, Bianca mergulhou de cabeça no Terceiro Setor, no qual continua nadando de braçada. Atualmente, o Ponto Cultural funciona em uma casa alugada na Chatuba e acolhe os moradores da comunidade de diferentes faixas etárias.

A ONG tem cinco grandes projetos: “Artesanato”, voltado para as mães de crianças e adolescentes inseridos na ONG; “Educar para Transformar”, que funciona como complemento escolar para crianças e adolescentes; “Crianças Felizes”, uma creche e pré-escola para crianças; “Arte com Visão”, um profissionalizante cujo objetivo é preparar os jovens para o mercado de produções artísticas variadas; e o “EJA”, que alfabetiza jovens e adultos à noite.

Com uma trajetória de sete anos, a instituição vem se mantendo com doações que, além de sustentar o próprio ponto de cultura, ajuda as pessoas da comunidade envolvidas com a ONG. “Esse lugar mudou minha vida e das minhas filhas, me ajudou no momento que eu mais precisei”, conta Esmeralda, que entrou em depressão após a perda de um dos filhos e foi acolhida por Bianca. "Se não fossem as cestas básicas que recebemos daqui, as meninas e eu estaríamos em uma situação muito difícil", lembra ela. Hoje, uma das filhas de Esmeralda descobriu a vocação de bailarina no projeto e "a outra fica muito feliz quando leva um livro pra casa”.

Outro depoimento interessante é o de Cecília, uma jovem que estudou na ONG e agora integra a companhia de apresentação do projeto, com intervenções teatrais e musicais que já se apresentaram até mesmo em Santa Catarina. “Nunca pensei que fosse sair da Baixada”, diz ela, que pensava que o seu destino era ser faxineira. “Não desmereço esse tipo de trabalho, mas eu pensava que não tinha qualquer outra escolha e agora eu vejo as coisas de uma forma diferente, mudou tudo”.

Mudar tudo - esse é o objetivo principal de Bianca, com a certeza de que está dando uma nova perspectiva para as crianças e jovens da Chatuba e das comunidades adjacentes. “A gente quer contribuir no desenvolvimento, educar pra transformar, a gente quer mostrar que elas podem ser mais”.

Bianca já foi convidada pelo Domingão do Faustão para falar do seu projeto, do qual saiu com a doação de um terreno para construir a nova sede, que também será na Chatuba. "O espaço vai ser enorme, com três andares para comportar novos projetos e ainda um auditório/teatro para eventos culturais voltados para a comunidade", comemora ela, que deu início às obras em 16 de fevereiro de 2009.

Bianca agora está empenhada em levantar fundos para a colocação das telhas no terceiro pavimento da futura sede. “Estamos todos muito ansiosos para inaugurar a nova sede, pois assim vamos poder abrir novas frentes ”, diz Bianca, que debita o sucesso da ONG ao apoio que sempre recebeu da família. “Se não fosse por eles, nada disso teria acontecido”.

O sucesso do projeto não fez com que Bianca esquecesse sua veia literária. Um dos seus projetos editoriais é justaente contar a trajetória dos 10 anos do Novo Mundo. “Já tenho muitas coisas guardadas e estou só esperando a hora certa", conta a jovem gestora do Ponto de Cultura Mundo Novo.

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