Amor entre amigas

sábado, 4 de setembro de 2010

por Jefferson Loyola


O Espaço Cultural Sylvio Monteiro sediou quarta-feira, 01 de setembro, o primeiro dia com apresentação de espetáculo teatral da primeira semana da diversidade em Nova Iguaçu. Realizado pelo Grupo 28 de junho, a semana da diversidade tem como finalidade incentivar a cultura LGBT dentro do município de Nova Iguaçu e mostrar que as pessoas homossexuais não vivem apenas de paradas gays. O espetáculo iniciou às 19 horas, e mesmo com pouco movimento e publico, pode-se considerar um grande avanço para a cultura de Nova Iguaçu. “Infelizmente a comunidade LGBT ainda não sabe que podemos modificar o preconceito através da cultura, mas mesmo assim, mesmo não lotando, é um trabalho de formiguinha que irá crescendo a cada ano”, afirmou Paullo Vieira, diretor de comunicação e cultura do grupo organizador do evento.

A peça é apresentada pela Cia. de Teatro Andréia Furtado. Fundada há sete anos, desde a sua primeira apresentação em 2003, ela vem solidificando seu trabalho teatral em Nova Iguaçu a partir de quase 200 espetáculos já apresentados, nestes anos de caminhada. “Lábios de Preconceito”, espetáculo que foi apresentado no dia, é escrito e dirigido por Pedro Hernesto, além de ele também ser um dos atores da peça. “Este é o primeiro espetáculo adulto nosso", disse Pedro Hernesto, diretor, roteirista e ator de dois personagens na peça. A peça se passa toda dentro de um apartamento, o que limita um pouco a história, mas os atores conseguem desenvolver bem o tema e a questão proposta apenas em um cômodo.

Peça "Lábios do preconceito" sendo apresentada em
Curitiba, com as antigas atrizes.
A peça retrata a vida de quatro pessoas. Nana, uma cantora e atriz que já é assumida sexualmente e teve muitas decepções na vida, após elas, acaba indo morar com sua amiga de longo tempo, Tereza, que por sua vez é casada com João. O marido preconceituoso não aceita a amiga da esposa na sua casa, e inclusive não suporta Quinho, amigo de Tereza que frequenta a casa, e é ativista homossexual. “A peça retrata a realidade, pois eu e Andréia Furtado, fomos a boates para observar as histórias e comportamentos homossexuais, para utilizar na peça”, revelou Pedro.
Por trás deste homem homofóbico, que é o marido de Tereza, existe uma pessoa que trabalha como gogoboy em casas noturnas GLS, sem que a esposa saiba, apenas desconfie. “Deixamos uma dúvida no ar, será que o marido dela já teve alguma relação com outro homem?”, afirmou ele. O inicio já é retratado pelo desejo de Tereza em experimentar uma relação lesbiana, na curiosidade que uma mulher pode sentir em saber como é ao ver sua amiga se masturbando na cama, após isso é quando ocorre todo o desenrolar das histórias. “Pegamos quatro histórias e costuramos para transformar em um único espetáculo”.

O Quinho é um personagem engraçado e ele faz que a pessoa se conscientize que cada um tem seu espaço, um personagem que sofre de homofobia constantemente pelo seu jeito extravagante de ser. “Com o personagem Quinho eu mostro o lado de uma pessoa normal, um ser humano, que tem uma opção sexual, porém com umas pimentinhas para dar um lado engraçado”, contou. Pedro Hernesto interpreta os dois personagens masculinos na peça: João e Quinho. “Para mim foi complicado fazer os gestos e interpretar o personagem Quinho, devido ser heterossexual”.

Este mesmo espetáculo foi estreado na casa de cultura de Nova Iguaçu há quatro anos e foi para um festival de teatro de Curitiba duas vezes. No momento, Pedro está à procura de novas atrizes para a interpretação dos personagens, e até mesmo no caso de uma atriz principal passar mal, ter uma reserva. “Uma peça com formas de obter lacunas para o debate do preconceito, de expor as paradas gays, as leis que favorecem os homossexuais, e dentre outras coisas, é difícil conseguir demonstrar isso sem nenhuma atriz”, contou, mostrando imensa chateação. “Já fiz seleção com mais de 100 pessoas. Tinha bissexuais, lésbicas, tudo o que possa imaginar, e devido as cenas fortes, muitos correram, ou seja, o preconceito às vezes parte deles mesmo, uma peça é apenas um trabalho, difere de sexualidade”.

Neste mesmo dia, antes do espetáculo, seria feito dois debates, um às 10h e outro às 15h. Porém pela falta de público eles, e dos dias 03 e 04 de setembro, foram cancelados. “O cancelamento das palestras dentro da semana da diversidade ocorreu devido ao pouco público. Tivemos uns problemas na divulgação e até mesmo na organização do evento em si, mas é normal, devido ser o nosso primeiro evento, e como primeiro, é nosso evento piloto”, contou Paullo Vieira, lamentando o cancelamento dos mesmos. “Mas na verdade as palestras ocorrerão em outros dias, porém dentro de escolas, por causa de um grupo de alunas terem vindo nos procurar para fazer as palestras dentro do colégio, devido ter que manter uma carga horária”.

As palestras foram canceladas, mas Dona Elizabeth Souza, 70 anos e mãe do grupo 28 de junho, começou no dia uma exposição e venda de chocolate e artesanato. “Estou inovando com o artesanato e o chocolate para a cultura LGBT”, disse, com vários chocolates em forma de pênis, buque de flores de chocolate – onde o meio das flores é em formato de pênis – sungas de chocolates recheadas e dentre outras coisas, tudo sendo vendido no local. “Ensino crianças a fazer artesanato, então me juntei com mais quatro senhoras e a convite do Paulinho, viemos expor e vendê-los aqui”.

A semana da diversidada encerra seu ultimo dia de ação na cidade hoje, com o Cineclube Buraco do Getúlio temática gay, no Espaço de Cultura Sylvio Monteiro - Nova Iguaçu - às 19h.

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