Carnaval da pesada

domingo, 13 de março de 2011

por Juliana Portella


Durante a festa do Rei Momo, enquanto carros alegóricos e fantasias alegravam a folia, enquanto a maioria das pessoas estavam em suas casas de veraneio nas regiões praieiras, brincando o carnaval nos blocos de rua do Centro do Rio ou curtindo um carnaval bairrista em sua Cidade, empilhadeiras, braços e pedreiros trabalhavam simultaneamente.

Ninguém pode negar que durante o carnaval tudo para. Repartições públicas e instituições de ensino, por exemplo, entram em recesso. Até comércios e serviços de bancos e casas lotéricas só voltam a funcionar a partir do meio dia da Quarta-feira de Cinzas. Carnaval é o período que todo mundo quer uma folguinha. Com exceção da Segurança Pública que garante a ordem do carnaval na rua, dos trabalhadores envolvidos na realização do desfile na Sapucaí e em festas de rua pelos bairros a fora e os vendedores ambulantes de bebida que abastecem os foliões, geralmente o restante dos brasileiros não trabalha. Com muita ênfase no "geralmente" porque, pelo Centro de Nova Iguaçu, mais precisamente nas obras da costrução dos novos edifícios que a cidade ganha, pude observar que as construções funcionam a todo vapor. Foram poucas as obras que pararam durante os quatro dias de folia.



Os prazos de entrega de imóveis precedidos de vendas que crescem a todo vapor aceleram o trabalho nos canteiros de obras. Durante a festa momesca muitos trabalhadores saiam no trio do carnaval da pesada. Bloco para essa galera só aquele de cimento.

O prazo da entrega da obra do Apart Hotel Sanmarino, localizada a avenida Dr. Mario Guimarães, próximo ao viaduto Padre João Mush, no Centro de Nova Iguaçu que está com data de entrega prevista para o final do mês de março anda a todo vapor.

Do engenheiro ao servente, ninguém parou. A construtora Novanil, responsável pela obra, não abriu mão de pagar dobrado o dia de cada funcionário. Muitos trabalhadores preferem trabalhar quando é feriado e fim de semana, exatamente pela compensação salarial. Afinal, a construtora paga o dobro. “Sábado e feriado vale o dobro da diária”, afirma o servente Devaldo (28 anos), que não abriu mão de trabalhar nos três dias de folia.  Segundo ele, sua diária corresponde ao valor de 40 reais, R$ 4,40 por hora trabalhada. Durante o sábado e a terça-feira de carnaval, o dobro. “São nove horas de trabalho. Agora que a obra está sendo concluída eu removo entulho, corto piso e viro massa de gesso para o arremate. São nove horas diárias de trabalho braçal.” Ainda bem que a obra já está avançada, porque no início o trabalho é muito mais cansativo para Devaldo afirma que no início de uma obra, seu trabalho é muito mais cansativo. “Quando pego uma obra na fundação (fase inicial), faço escavação de sapatas manual. Viro concreto, faço carregamento de material e outras coisas mais”, conclui o servente enquanto peneira a areia.

Não foi somente a peãozada que trabalhou nos dias de folia. O engenheiro responsável pela obra, Luciano Lucas dividiu o expediente de sábado com sua estagiária. “Tem que ter alguém no controle das funções, marcando horário de entrega e fazendo cobranças para a obra andar”, explicou Lucas, que passou a arde do sábado de carnaval na obra para finalizar dois andares.


A construção civil tem é um dos carros-chefe do boom de Nova Iguaçu, principalmente no Centro. Essa sede imobiliária traz consigo o combate ao desemprego. São muitos os Devaldos que não estão mais brincando carnaval no bloco dos desempregados. É evidente que o salário não está lá essas coisas, mas pior que passar o carnaval trabalhando é ficar durante a folia sem um tostão no bolso.

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