Fogo no cinema

quinta-feira, 3 de março de 2011

por Felipe Branco

Uma das grandes queixas de quem mora na periferia é a falta de salas de cinema. Desde a década de 1980 que Queimados não tem uma sala de exibição, e o mais perto é o cinema blockbuster do Top Shopping e os cineclubes de Nova Iguaçu. Em 2007, surgiu em Queimados um espaço cultural, o Queimados Encena, idealizado pelo ator e produtor cultural Leandro Santanna, de 32 anos. O cineclube, inaugurado no dia 17 de fevereiro, foi agraciado pelo edital do MinC Cine Mais Cultura, sendo o 8º dos 54 projetos do Rio.

O Espaço Queimados Encena, que abriga oficinas de teatro, violão e artesanato e agora o Cine Marapicu, fica na rua Mustafá 116, mas é mais fácil achá-lo pelas suas paredes verdes, que se destacam no centro de Queimados. No dia da inauguração, havia cerca de 30 pessoas, que entraram por um tapete vermelho, digno das melhores estreias. O filme exibido foi Preto no Branco, de Ronaldo German, filme em que Leandro atuou.



Há sempre uma sessão especial às quintas-feiras. A primeira quinta-feira do mês é dia de Sessão Vera Cruz, uma alusão ao primeiro nome do Brasil e a uma famosa produtora da década de 1950. "Esta sessão é para matar a saudade das antológicas películas nacionais criadas até os anos 90", conta o produtor. Sessão Mundinho, com clássicos da filmografia mundial, Sessão Contemporâneos, com filmes nacionais posteriores à retomada, e Sessão Hollywood, com os mais famosos filmes da grande indústria cinematográfica. As exibições são sempre às 19 horas e são gratuitas. Os internautas também poderão voltar nos filmes a serem exibidos em determinada sessão.

O Cine Marapicu já fez parcerias com os consulados da Alemanha e da França e busca outros consulados para ter acesso a filmes de qualidade, além de ter feito parcerias com cineastas e a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu. Como parte do projeto, o MinC disponibilizou mais de 100 filmes para exibição. O cineclube também pretende levar convidados para debater o filme exibido.

Um cineclube em Queimados é um passo importante para mudar a imagem de “cidade dormitório”, um processo iniciado com a política cultural colocada em prática no Governo Lula. “Nossa vitória nesse edital foi menos por mérito do projeto, ou da companhia, e mais pelo momento mágico do país", explica o produtor, empolgando-se.

O nome do cineclube é uma homenagem à região da Baixada que mais tarde viria a ser Queimados. Mesmo com o espaço bancado “na marra”, com o dinheiro dos próprios participantes, não falta disposição pra recuperar o tempo perdido.


2 Comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa - e pela matéria muito bem escrita!
Não conheço o Leandro pessoalmente, mas acompanho seu trabalho, com satisfação.
Gol.

'té+
heraldo hb /.

Bion disse...

Bom²= Matéria do Felipe e programação do cineclube!

Postar um comentário

 
 
 
 
Direitos Reservados © Cultura NI