Paraíso infernal

segunda-feira, 14 de março de 2011

por Dandara Guerra


A quantidade de indivíduos que saiu da Baixada Fluminense para passar o carnaval na Região dos Lagos, atrás das praias de Cabo Frio e Araruama, foi quase absurda. Para facilitar a ida, as pessoas, às vezes em grupos de 20, alugam pequenas casas na região.

Uma das pessoas que foi atrás de uma boa praia em Arraial do Cabo nessa época de folia foi Janayna Gomes, uma moradora do bairro de Botafogo de 46 anos. Para ela, valeu a pena o sacrifício de horas no engarrafamento para se instalar com um grande grupo de pessoas em um casa de 80 metros quadrados na Praia Grande, apesar de só dispor de quatro metros para si e de o sol não ter saído em todo o seu esplendor. “O sufoco é grande", conta ela, que enumera problemas como a escassez de comida, a bagunça na casa e a briga pelos banheiros. "Mas a gente se diverte."



Na Praia dos Anjos, o clima era outro para um grupo que além de menor era mais jovem. “Vim para Arraial com o intuito de me desligar da minha rotina", diz o estudante de física Felipe Fernandes, um morador de 19 anos de Nova Iguaçu, que todos os dias sai de casa às oito horas da manhã para as aulas na UFF, só retornando à meia-noite. "Aqui eu não quero saber de estudos."

Algumas pessoas que fazem loucuras para passar o carnaval na praia. Esse é o caso de Wesley da Silva, de 25 anos, que fez do mesmo carro com que enfrentou os engarrafamentos da Rio-Lagos para dormir com o amigo Thiago Freitas. O pouco dinheiro que levaram mal deu para comerem no quiosque da Tia Lurdes. ”Fizemos amizade com a proprietára, que, sensibilizada com nossa situação, ofereceu o banheiro para tomarmos banho e fazemos nossas necessidades”, conta o rapaz.

Nem todos encaram o feriado como uma data comemorativa. É o exemplo dos três amigos, todos eles moradores do Gramacho, que foram para Arraial do Cabo com o propósito de ganhar um dinheirinho. “Minha mãe é moradora do local e sempre que posso venho visitá-la", conta Leandro Melquides, que aproveitou a superlotação da cidade para fazer uns trocados vendendo bebida. "Achamos melhor não curtir o carnaval e montar uma barraca.”

É sempre assim. Entra ano, sai ano, os moradores da Baixada se mandam para a Região dos Lagos, a maioria pensando em se divertir, alguns pensando em ganhar uns trocados. O paraíso fica infernal.

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